“Para as florestas alagadas, futuramente, vamos ter mais áreas de inundação e, provavelmente, essas áreas vão ficar inundadas por períodos maiores”, pontuou Jefferson Ferreira-Ferreira, pesquisador do Instituto Mamirauá, e um dos participantes da mesa de abertura do evento. “Eventos de secas extremas e de cheias extremas vão ocorrer com maior frequência”.Junto com ele, estiveram o pesquisador Claudio Anholetto, do Instituto Mamirauá, e o professor da Universidade de São Paulo, Edson Vidal.
Os especialistas ressaltaram a necessidade de intensificar os estudos de sobre as florestas alagadas, também conhecidas como várzeas, ecossistemas de importância para a Amazônia.Conservação na AmazôniaDurante os dois dias do Seminário BioREC, foram dez apresentações das pesquisas e atividades de manejo realizadas pelo projeto, que é desenvolvido pelo Instituto Mamirauá e conta com recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Entre os trabalhos apresentados, estiveram a avaliação do potencial de sobrevivência de espécies arbóreas para a recomposição de áreas degradadas; o monitoramento da produção de sementes de andiroba em ambiente de várzea; e as possibilidades e desafios para o manejo agroecológico de gado em uma área de reserva.
Todas as atividades de manejo e pesquisa são realizadas nas Reservas Mamirauá e Amanã, duas das maiores de unidades de conservação do planeta.
Casa de Polpa
Um dos projetos apresentados foi a instalação da “Casa de Polpa de Frutas”, que iniciou atividades em maio na comunidade Boa Esperança na Reserva Amanã. Com a Casa de Polpas, os moradores da comunidade estão realizando o beneficiamento de polpas de frutas da região, com o uso de energia solar, captação de água de chuva e de poço.
“Estamos na fase final de implantação, acompanhando os comunitários da Boa Esperança com assessoria técnica para o uso e manutenção das máquinas para fazer as polpas de frutas”, afirmou Fernanda Viana, coordenadora do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá.
O Seminário BioREC foi acompanhado por representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco é o gestor do Fundo Amazônia, que financia as ações do projeto.
“A Casa de Polpa de Frutas é um exemplo de projeto ideal que o Fundo Amazônia busca financiar, porque além da conservação da biodiversidade e redução do desmatamento, é uma ação que busca também sua sustentabilidade econômica, mirando para além do período do financiamento”, afirmou a economista Fernanda Garavini, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
BioREC
Bio de biodiversidade e REC de redução das emissões de carbono. BioREC é como vem sendo chamado o projeto “Mamirauá – Conservação e Uso da Biodiversidade em Unidades de Conservação”, realizado desde 2013 pelo Instituto Mamirauá.
Entre as ações está a realização de inventário e monitoramento de espécies florestais, recomposição de áreas degradadas com espécies nativas e o apoio na capacitação de moradores das reservas Mamirauá e Amanã em agentes ambientais voluntários, para a proteção ambiental dessas áreas. Segundo estimativas do projeto, mais de 13 mil pessoas são beneficiadas, direta ou indiretamente pelo BioREC.
Simpósio
O Instituto Mamirauá também realiza nessa semana o 14º Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia (Simcon). Entre 5 e 7 de julho, os participantes assistirão às exposições de resultados de pesquisas científicas sobre temas diversos, desenvolvidas no bioma. Serão 80 trabalhos, sendo 27 apresentações orais e 53 em pôster, além de minicursos, palestras e debates.
Na manhã de hoje (5), aconteceu a palestra do o Dr. Michel André, da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), na Espanha, que apresentou resultados do monitoramento acústico de botos na Reserva Mamirauá. Michel já foi vencedor do Prêmio Rolex, por pesquisas sobre bioacústica nos oceanos.
O diretor Técnico-Científico do Instituto palestra sobre a discussão sobre a caça no Brasil, no dia 6. Além de outras palestras, o evento também conta com os minicursos “Qualidade da Água”, “Biodiversidade e Taxonomia de Peixes Amazônicos” e “Mapeamentos Participativos aplicados à Pesquisa e Extensão”, que antecedem o evento, e foram realizados na terça-feira, dia 4.