Diversidade da fauna de milhões de anos atrás no Acre é maior do que se pensava

Nesse período, provavelmente conviveram aves aquáticas semelhantes às biguatingas (Anhinga anhinga) e marsupiais parecidos com os gambás (Didelphis sp.).

Dentes e ossos encontrados em margens de rios mostram que a diversidade da fauna no atual Estado do Acre entre 5 milhões e 15 milhões de anos atrás é maior do que se pensava. Por ali, nesse período, provavelmente conviveram aves aquáticas semelhantes às biguatingas (Anhinga anhinga) e marsupiais parecidos com os gambás (Didelphis sp.). 

Uma das aves era uma biguatinga gigante, do gênero Macranhinga, com peso estimado em 9 quilogramas (kg), e a outra uma Anhinga minuta com 1 kg, o que faz dela a menor espécie de biguatinga, já que as atuais pesam em média 1,5 kg.

Biguatinga atual, maior que as do oeste da Amazônia, e dentes de novas espécies de marsupiais. Imagens: Gareth Rasberry/ Wikimedia Commons e Guilherme, E. et al. The Anatomical Record. 2023

Ao examinarem fragmentos de cinturas pélvicas, fêmures e vértebras encontrados no rio Acre, pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) concluíram que, entre 5 milhões e 11 milhões de anos atrás, as duas espécies coexistiram com outra, Anhinga fraileyi, descrita em 1996. Os dados indicam que as biguatingas eram mais diversas no passado – hoje existem apenas quatro espécies em todo o mundo.

Outro estudo, também da Ufac, a partir de dentes desenterrados das margens dos rios Juruá e Envira, identificou seis pequenos marsupiais, com porte entre o de pequenos esquilos e o de gatos domésticos, que teriam vivido na região entre 11 milhões e 15 milhões de anos atrás.

Dois deles pertenciam às famílias Palaeothentidae e Abderitidae, que ainda não haviam sido descritas na Amazônia brasileira (Acta Palaeontologica Polonica e The Anatomical Record, setembro de 2023).

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Revista Pesquisa Fapesp 

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