Dinâmica da floresta amazônica em áreas alagáveis é avaliada em pesquisa

Ao longo do ano, a floresta amazônica passa por diferentes mudanças. No sobe e desce dos rios, quanto de matéria orgânica é retida em madeira na floresta? Para responder esta e outras questões, pesquisadores do Instituto Mamirauá estão monitorando duas áreas de uma unidade de conservação no Amazonas, com o objetivo de avaliar a dinâmica florestal em ambientes com diferentes níveis de alagação. Em parceria, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) estão testando e validando os dados de um sensor de georreferenciamento para estimar a biomassa da floresta.

Os dois projetos de pesquisa contam com o financiamento do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). “Com o monitoramento das parcelas permanentes, comparamos os ambientes de várzea alta e baixa para verificar se há diferenças na dinâmica e composição da estrutura florestal desses dois ambientes. Buscamos, também, entender quanto de carbono a floresta estoca, se ela estoca ou não e o quanto de biomassa lenhosa ela está produzindo”, comenta Tamara Felipim, do Grupo de Pesquisa de Ecologia Florestal do Instituto Mamirauá – que atua como uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação. 

Foto: Wheriton Fernando da Silva
De acordo com Tamara, a partir dos dados coletados em campo, é feito um cálculo com base em modelos estatísticos para estimar estocagem de carbono pela floresta naquela área. “A quantificação da biomassa e do carbono da Amazônia é objeto de estudos de diversos pesquisadores que, a partir de diferentes metodologias e dados, buscam entender a dinâmica da vegetação da região”, completou Aline Jacon, pesquisadora no Inpe. Ela destaca que os mapas desenvolvidos a partir desses estudos podem servir como subsídio para a criação de políticas públicas sobre emissões de gás carbônico, assim como sobre estimativas de balanço de carbono.

A pesquisa é realizada na Reserva de Desenvolvimento Mamirauá. São 12 parcelas – áreas demarcadas, que funcionam como amostras florestais para a pesquisa – instaladas em dois setores administrativos da Reserva, em áreas com diferentes níveis de inundação: várzea alta e várzea baixa. Cada parcela mede 50 por 200 metros. Dentro da área, são registrados e identificados todos os indivíduos que possuem mais de 10cm de diâmetro. A proposta do projeto é que estas parcelas sejam monitoradas anualmente e serão avaliadas e comparadas as diferenças da dinâmica florestal nestes dois ambientes.

“A floresta é um sistema dinâmico, todo ano tem mudanças, com as remedições anuais, a gente vai conseguir responder algumas questões, por exemplo, ao avaliar a dinâmica florestal, o incremento de biomassa, a estrutura florestal, a diversidade de espécies e a influência da água nesta dinâmica, teremos subsídios para responder quão significativas foram essas mudanças”, enfatizou Tamara.

Uma parte das parcelas foi instalada em 2015, em uma área contemplada pelo manejo florestal comunitário. A proposta, como explica a pesquisadora do Instituto Mamirauá, é avaliar os impactos do manejo na dinâmica florestal. A ação, desenvolvida pelo Instituto Mamirauá, também conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq) para o pagamento de bolsas de estudo.

Tecnologia e conhecimento científico

Na mesma área monitorada pelo Instituto Mamirauá, uma equipe de técnicos e pesquisadores do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Inpe está testando metodologias para otimizar os cálculos de estimativa de biomassa da floresta amazônica. “O projeto Monitoramento Ambiental por Satélite no Bioma Amazônia tem como objetivo propor melhorias para as estimativas de biomassa e para os modelos que estimam as emissões oriundas por mudança do uso da terra na Amazônia, por meio de dados LiDAR aerotransportado (ALS – Airborne Laser Scanning)”, explica Aline Jacon.

De acordo com Aline, o Lidar é um sistema de sensoriamento remoto, que coleta informações por meio da emissão de luz laser, e que possibilita extrair métricas sobre a estrutura e altura do dossel florestal da área contemplada pelo sobrevoo. Em fevereiro deste ano, a equipe esteve em campo para georreferenciar as parcelas do setor Jarauá, a fim de validar os dados de biomassa obtidos a partir de um sobrevoo já realizado com a tecnologia na mesma região em 2016.

A pesquisadora esclarece que, para calibrar o modelo que estima a biomassa florestal, a partir dos dados do Lidar, “é necessário que a biomassa das árvores seja medida em campo, dentro de cada parcela, seja conhecida e localizada”.

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