A terceira edição do evento USP Pensa Brasil 2024, de 12 a 16 de agosto, teve como tema ‘COP 30: Desafios para o Brasil‘. O primeiro dia foi marcado pelo encontro entre universidades, apresentação de livro e dados do Sensor USP de Sustentabilidade. O professor Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, do Instituto Amazônia 4.0 e interlocutor no primeiro dia do evento, falou sobre a importância dos temas abordados.
“A Universidade São Paulo e demais universidades têm uma responsabilidade muito grande nessa situação. Nem se previa que nós iríamos atingir esse aquecimento global que estamos vivenciando nestes anos recentes. Isso gera um desafio que posiciona a COP 30 como talvez a mais importante. Então, a ciência e a USP têm que participar do debate sobre por que o planeta se aqueceu tanto nos últimos anos. Isso traz um grande desafio, que é uma reformulação das metas da COP 26 e COP 21, pois estamos em situações mais graves agora”, explicou.
O professor comentou sobre as responsabilidades do Brasil nessa questão global. “Em 2022, o Brasil foi o quinto maior emissor de gás carbônico no mundo, com 4% das emissões. No Brasil, a maior parte das emissões vem do setor agropecuário e do desmatamento. O objetivo brasileiro deve ser o de zerar essas emissões. O nosso país pode ser o primeiro grande emissor de gás carbônico a zerar suas emissões. Só de cessar as emissões por desmatamento, já resolve 50% da questão das nossas emissões até 2030. Outra medida é buscar a transição energética para fontes renováveis, já que somos um dos países que têm o maior porcentual da fonte de oferta de energia limpa, como eólica e solar, que vêm crescendo nos últimos anos. Começamos também a construir a primeira fábrica de hidrogênio verde. O Brasil é um país com um grande potencial de zerar suas emissões primeiro que os demais”, destacou.
Carlos Nobre afirma que é preciso ligar o alerta e que já estamos em situações complicadas.
“É necessário trazer a urgência não só de reduzir as emissões em todo o planeta e no Brasil, que deve liderar a redução das emissões dos grandes poluidores, mas nós também trazemos a seriedade que é o fato de que, chegando a 1,5° de aumento, que é a situação atual, já houve um aumento exponencial dos eventos climáticos extremos. Ondas de calor, chuvas excessivas e prolongadas, secas batendo recordes, incêndios de vegetação. Então tudo isso está acontecendo em todo o mundo e também no Brasil. A COP 30 tem que ser muito mais rigorosa e ambiciosa na redução das emissões após 2030. Ela deve ser a COP mais importante na busca da adaptação transformativa, que precisa ser muito rápida e muito urgente”, finalizou.
*Com informações do Jornal da USP