Duas características saltam aos olhos de quem observa o curioso besouro arlequim-da-mata (Acrocinus longimanus). A primeira é a carapaça com padrões em vermelho, laranja e preto, que muito lembram os trajes alegres e multicoloridos dos carnavalescos arlequins – daí a referência do nome popular da espécie.
Também são diferenciais as pernas dianteiras bastante longas. Capazes de atingir mais de 15 centímetros, muitas vezes os membros superam o dobro do tamanho do corpo do inseto. É por isso que parte do seu nome científico é “longimanus“, que em latim significa algo como “que tem mãos longas”.
Com dois pares de asas, sendo as externas mais durinhas para proteção das internas – essas, de aspecto membranoso –, o arlequim-da-mata faz parte da ordem Coleoptera (do grego koleos = estojo e pteron = asas). O grupo reúne mais de 350 mil espécies e representa cerca de 40% dos insetos e 30% de todos os animais do planeta.
Encontrado nas florestas neotropicais (uma das seis grandes áreas no planeta com similaridade de fauna e de flora) do sul do México ao norte da Argentina, também integra a família dos Cerambicídeos, que são aqueles besouros conhecidos popularmente como serra-pau. Como uma broca, esses insetos têm a capacidade de perfurar a madeira das árvores.
No Brasil possui uma ampla distribuição geográfica, a espécie habita tanto áreas de matas quanto em áreas urbanas, pomares, jardins, figueiras e jaqueiras, camuflando-se entre as manchas de líquen e os fungos dos troncos.
Tudo começa quando a fêmea da espécie abre um buraquinho milimétrico na casca de uma árvore para depositar seus ovos. Ao eclodir, as larvas vão se alimentar de madeira e abrir túneis ainda mais profundos, onde vão se transformar em pupas. Cerca de quatro meses depois, emergem os besouros adultos, que precisam abrir caminho para fora da madeira para dar sequência ao ciclo de reprodução.
Já as pernas longuíssimas são exclusividade dos machos e desempenham um papel importante no jogo da conquista. Além de servir como atrativo, os membros ajudam a “prender” a fêmea no momento do acasalamento.
O corpo do besouro-arlequim também pode hospedar pequenos aracnídeos conhecidos como pseudoescorpiões (Cordylochernes scorpioides). Vivendo na serrapilheira, camada de folhas secas, galhos e restos de frutas, flores e animais que ficam na superfície do solo, esses miniescorpiões pegam carona com o inseto para alcançar novas fontes de alimentos.
Espécie: Acrocinus longimanus, da ordem Coleoptera e família Cerambicídeo.
Onde habita: nas florestas tropicais do sul do México ao norte da Argentina, incluindo todo o Brasil.
Características físicas: carapaça colorida, com desenhos simétricos em preto, vermelho e laranja. Na fase adulta, mede aproximadamente 8 centímetros, enquanto os machos apresentam o primeiro par de pernas bem comprido, podendo superar os 15 centímetros.
Alimentação: na fase larval, se alimenta de cascas e lenho das árvores; quando adulto, de vegetais, madeira e excremento de outros animais.
Curiosidade: um exemplar da espécie estampou a capa do álbum “O Cair da Tarde” (1997), do cantor brasileiro Ney Matogrosso.
*Com informações do Instituto Butantan