Cidade no Amazonas vive preocupação com lixão em rio de cidade peruana vizinha

Depósito irregular de resíduos na cidade vizinha, que inclui restos de comida, plásticos e até frascos de soro, está localizado próximo a rio que atinge, por exemplo, o município de Benjamin Constant.

Foto: Alexandro Pereira/Rede Amazônica AM

O problema ambiental e de saúde pública causado por um lixão a céu aberto na cidade de Islândia, no Peru, preocupa moradores do município amazonense de Benjamin Constant, na fronteira Brasil-Peru-Colômbia. O depósito irregular de resíduos, que inclui restos de comida, plásticos e até frascos de soro, está localizado próximo ao rio Javarizinho — curso d’água que deságua nos rios Javari e Solimões, atingindo comunidades brasileiras.

Leia também: Islândia peruana: a cidade amazônica que flutua entre Brasil, Colômbia e Peru

Entre os mais afetados estão os moradores do Ramal Diana, comunidade ribeirinha de Benjamin Constant mais próxima ao lixão por via fluvial. Lá, vive Marluce Rodrigues, dona de casa, que depende diretamente do rio para o dia a dia.

“Eu tomo banho nessa água, eu lavo vasilha, lavo roupa, só não faço comida, mas o resto tudo é aí”, conta.

Benjamin Constant vive preocupação com lixão em rio de cidade peruana vizinha. — Foto: Rede Amazônica

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) já identificaram contaminação nas águas da região. Segundo a pesquisadora Alcinei Pereira Lopes, responsável pelo monitoramento, a situação representa risco grave.

“Nós encontramos principalmente um pH baixo, oxigênio dissolvido baixo e presença de coliformes totais e termotolerantes em todos os pontos analisados. É um problema não só ambiental, é um risco à saúde pública”, alertou Alcinei.

Autoridades locais pedem ação urgente. O secretário de Meio Ambiente de Benjamin Constant, Gladson da Silva, afirma que a solução depende de articulação internacional.

“Se a gente não fizer nada, não tiver nenhum tipo de alternativa ou apoio, a problemática só aumenta. Temos que buscar alternativas para melhorar essa situação”, disse.

Imagem colorida mostra área da cidade de Islândia no Peru
Islândia é a cidade peruana mais próxima ao Brasil. Foto: Man77/Wikimedia Commons

O Ministério do Meio Ambiente informou que o governo peruano pediu prazo para apresentar um estudo com soluções e que o Brasil seguirá as negociações diplomáticas. Há também a intenção de captar recursos para construir um aterro sanitário regional em Benjamin Constant, que possa atender as cidades do Alto Solimões.

Leia também: Rio que deságua no Amazonas é contaminado por lixão a céu aberto em cidade peruana

Período de seca expõe cidades aos riscos

Numa região onde predominam água e floresta, o lixão a céu aberto chama a atenção: é o lugar de descarte da cidade de Islândia, departamento de Loreto, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

O vilarejo é conhecido como a Veneza peruana porque, assim como a cidade italiana, fica tomado por água boa parte do ano.

Agora, no período de vazante dos rios, a terra firme aparece e deixa ainda mais evidente tudo que é jogado fora: de restos de comida até o que poderia ser reciclado, como plásticos.

O problema se agrava durante o período da cheia. Há pouco mais de dois meses, a maior parte dos resíduos sólidos estava submersa. Frascos de soro indicavam, inclusive, um possível descarte irregular de lixo hospitalar.

*Com informações de Ruthiene Bindá, da Rede Amazônica

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Comissão de Direitos Humanos aprova criação da Política Nacional de Segurança dos Povos Indígenas

A proposta reafirma competências de vários órgãos de Estado relacionadas ao combate à violência contra os povos indígenas.

Leia também

Publicidade