Com mais de 700 espécies catalogadas, conheça os bodós mais comuns na Amazônia

A característica mais marcante dos bodós é justamente sua carapaça extremamente rígida, formada por placas ósseas.

Foto: Reprodução/Peixepedia

Os bodós, também conhecidos na região amazônica como acaris ou cascudos, pertencem ao grupo dos bagres (Ordem Siluriformes). Uma de suas principais características é a ausência de escamas, sendo substituídas por placas ósseas que formam uma carapaça protetora. Além disso, esses peixes possuem barbilhões (ou bigodes), estruturas sensoriais que ajudam na localização de alimentos e na navegação em ambientes de pouca luminosidade.

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E a característica mais marcante dos bodós é justamente sua carapaça extremamente rígida, formada por placas ósseas. Esse tipo de ‘esqueleto externo’ desempenha um papel essencial na proteção dos órgãos internos, garantindo maior resistência aos predadores e adaptação ao habitat.

A equipe do Portal Amazônia conversou com o biólogo Jhomaxon Gonçalves, que destacou a importância desses peixes e algumas de suas curiosidades. Segundo ele, atualmente existem mais de 700 espécies catalogadas, com tamanhos que variam entre 2 centímetros até aproximadamente 1 metro. Além disso, apresentam um comportamento territorialista e práticas de cuidado parental, em que os pais protegem os filhotes.

Enquanto as espécies de grande porte vivem no fundo de rios e lagos, os bodós menores costumam ser encontrados em áreas de corredeiras moderadas ou fortes. Sua distribuição geográfica se estende desde a América Central até a Argentina.

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5 curiosidades sobre o bodó:

  • Na maioria das espécies de bodós a boca pode funcionar como uma “ventosa” que os auxiliam na fixação em troncos, pedras e diversos outros tipos de substratos presentes nos ambientes.
  • Grande parte do grupo dos bodós se alimenta de detritos orgânicos e de algas, porém há comprovação de que algumas espécies são carnívoras. Isso mesmo! Podem consumir larvas de insetos e até mesmo restos de animais mortos, o que talvez possa explicar o fato de muitas pessoas observarem algum bodó fixado em outro peixe.
  • Espécies do gênero Panaque e Hypostomos podem se alimentar de madeira morta.
  • Algumas espécies possuem uma cavidade estomacal muito vascularizada internamente, o que pode auxiliar na respiração, ou seja, podem capturar o ar atmosférico do meio externo (fora d’água) em lugares com baixa ou nenhuma concentração de oxigênio, conseguindo suprir a necessidade de oxigênio no seu organismo.
  • Suas nadadeiras peitorais são muito rígidas (principalmente nos machos), facilitando a exploração em ambientes de alta dureza como charcos de lama.

Quais espécies são mais conhecidas?

Acari bodó, talvez o mais conhecido na região por ser utilizado na cultura gastronômica da região amazônica. Foto: Jhomaxon Gonçalves/Acervo pessoal
Um dos mais lindos exemplares é o cascudo zebra. É endêmico da bacia do rio Xingu, bastante apreciado como peixe ornamental. Atualmente encontra-se ameaçado de extinção. Foto: Jhomaxon Gonçalves/Acervo pessoal
Este é conhecido como bodó seda e é bastante apreciado como peixe ornamental. Foto: Reprodução/Kauar
O cascudo panaque é considerado um bodó de médio/grande porte, podendo alcançar até 60 cm de comprimento. É um peixe apreciado por aquariofilistas da modalidade jumbo, que são criadores de peixes de grande porte. Foto: Reprodução/RS Discus
Conhecido como Acari Limpa Vidro por permanecer por tempos longos fixos as paredes dos aquários, esse peixe ganhou fama de exterminar algas que se formam e se prendem nas paredes dos aquários. Foto: Reprodução/Blog Peixe Ornamental
Acari chicote ou acari caximbo (depende da região) é conhecido por fazer parte das crenças ribeirinhas, onde as parteiras ou mamães batem a barriga deste peixe no abdômen da criança para que este não tenha o “bucho quebrado”. Foto: Reprodução

Risco de extinção

Apesar da grande diversidade de espécies, muitas estão ameaçadas de extinção. As principais causas dessa situação preocupante estão diretamente ligadas às ações humanas. A fragmentação do habitat, a poluição dos rios, o assoreamento e a pesca predatória são apenas alguns dos fatores que colocam em risco a sobrevivência desses peixes.

Jhomaxon Gonçalves alerta que algumas espécies podem desaparecer antes mesmo de serem descobertas e catalogadas pela ciência.

“A preservação dos corpos d’água e a conscientização ambiental são fundamentais para evitar que os bodós sejam apenas parte da história natural”, destaca o biólogo.

Preservação

Assim, para minimizar os impactos negativos e garantir a sobrevivência dos bodós, o biólogo alerta que é necessário investir em políticas públicas de preservação ambiental, criar áreas protegidas e conscientizar a população sobre a importância da conservação dos ecossistemas aquáticos.

“Dessa forma, o futuro dos bodós depende diretamente da nossa capacidade de proteger seu habitat e respeitar o equilíbrio da biodiversidade aquática da Amazônia e de toda a América do Sul”, afirma.

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