Um levantamento inédito do MapBiomas mostra que 6,9% das áreas urbanas no Brasil são cobertas por vegetação. Isso corresponde a 283,7 mil hectares. Desse total, 61,5%, ou 174.599 hectares, estão na Mata Atlântica. Aproximadamente um em cada cinco hectares (22%) estão no Cerrado, onde foram identificados 62.533 hectares de vegetação. Os 16,5% restantes estão divididos entre a Amazônia (18.605 hectares, ou 6,6% do total), Caatinga (16.139 hectares – 5,7%), Pampa (11.228 hectares – 4%) e Pantanal (587 hectares – 0,2%).
Na Mata Atlântica, o município com maior área de vegetação é o Rio de Janeiro, com 12.378 hectares – mais que o dobro de Brasília, a cidade com maior área urbana de vegetação no bioma Cerrado (6.125 hectares). Na Amazônia, a liderança fica com Manaus (2.818 hectares). Com 1.940 hectares de vegetação, Canoas é a cidade com maior área urbana de vegetação no Pampa. Na Caatinga, esse título fica com Fortaleza (1.063 hectares) e, no Pantanal, com Corumbá (253 hectares).
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“Os dados sobre vegetação urbana têm potencial de contribuir com o planejamento e gestão urbana sustentável, permitindo a integração eficaz da vegetação como parte essencial do tecido urbano”, destaca Julio Pedrassoli, da equipe de mapeamento de áreas urbanas do MapBiomas.
Para chegar a estes resultados, os pesquisadores utilizaram dados da Coleção Beta MapBiomas 10m, com imagens dos satélites Sentinel de resolução espacial de 10m, que foram complementados com informações detalhadas de praças e outros espaços verdes urbanos mapeados disponíveis no Open Street Map. Desta forma, foi possível quantificar a vegetação urbana por município, estado e por bioma, identificando não apenas praças e grandes maciços de vegetação dentro das áreas urbanizadas, mas também a vegetação peri-urbana, ao redor das cidades. Esta última é 10 vezes maior que a vegetação urbana: 2.632.779 hectares em todo o Brasil. Mais uma vez, a liderança é da Mata Atlântica, com 1.083.427 hectares, seguida pelo Cerrado (528.688 hectares), Amazônia (456.844 hectares), Caatinga (376.983 hectares), Pampa (177.472 hectares) e Pantanal (9.366 hectares).
Como todos os municípios brasileiros possuem ao menos uma praça mapeada, os pesquisadores também mensuraram a extensão que elas ocupam nos perímetros urbanos. Mais da metade (55,7%) das áreas de praças no Brasil ficam em cidades localizadas no bioma da Mata Atlântica. Quase um quarto (23%) fica no Cerrado. Os demais biomas respondem por menos de 10% cada um: 8,5%, no caso da Amazônia, 7,6%, na Caatinga, 5,1% no Pampa e 0,1% no Pantanal. Ainda que os dados mapeados no Open Street Maps sejam incompletos, pois a plataforma vai recebendo novas colaborações ao longo do tempo, ela é capaz de nos dar um retrato amplo de como as praças são distribuídas nas diferentes regiões do país.
Os espaços verdes urbanos e periurbanos têm recebido um interesse crescente porque são oficialmente reconhecidos como provedores de serviços ecossistêmicos que podem ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – especialmente o ODS 11, que visa tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. A importância desses serviços foi reconhecida em recente lei que institui o Programa Cidades Verdes e Resilientes do Governo federal: no item I do artigo 2, o texto cita o papel das áreas verdes urbanas nos serviços ecossistêmicos e adaptação à mudança do clima.
Na nota técnica, os pesquisadores do MapBiomas explicam que a vegetação urbana regula o microclima, contribui para os sistemas de drenagem e fornece habitat para a fauna urbana. Além disso, a vegetação também é um importante fator no bem-estar humano, proporcionando espaços verdes para lazer e prática de atividades físicas.
A vegetação urbana abrange espécies de vegetação herbácea, arbustiva e de árvores de pequeno, médio e grande porte, as quais podem estar localizadas em parques e praças, Unidades de Conservação como Áreas de Preservação Permanente (APP), cemitérios, campos esportivos, além de áreas abandonadas. Porém, em todo o país, prevalece a vegetação herbácea ou de pequeno porte, que varia entre 51% e 67% do total.
Veja a Nota Técnica Vegetação urbana no Brasil, publicado pelo MAP Biomas.