Foto: Reprodução/Rudimar Narciso Cipriani
O arapaçu é uma denominação comum para diversas aves passeriformes da família dos dendrocolaptídeos, encontradas em todas as regiões da América Latina. No Brasil, são conhecidas como arapaçus um grupo diverso com mais de 60 espécies distribuídas por todo o território nacional. Apesar de frequentemente confundidos com os pica-paus devido ao seu hábito de escalar árvores, os arapaçus pertencem a ordens diferentes e possuem comportamentos distintos.
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A equipe do Portal Amazônia conversou com Pedro Meloni Nassar, biólogo, mestre em gestão de áreas protegidas e analista de pesquisa e desenvolvimento do Instituto de Desenvolvimento Mamirauá, para saber mais sobre a ave.
Nassar explicou que os arapaçus estão presentes em todos os biomas brasileiros, mas sua presença é mais marcante em regiões florestais. “A maioria das espécies são de dentro da floresta mesmo. E, apesar de lembrarem os pica-paus na forma como sobem nas árvores, eles são biologicamente distintos”, reforçou o especialista.
Segundo o biólogo, os pica-paus pertencem à ordem piciformes, enquanto os arapaçus fazem parte dos passeriformes, a maior ordem de aves, que compreende quase 6.000 espécies. “A grosso modo, podemos dizer que os arapaçus são passarinhos. Eles pertencem a famílias e ordens distintas dos pica-paus. A semelhança entre eles está apenas na maneira de subir nas árvores”, explicou Nassar.
Outra diferença notável é a forma como se alimentam. Os arapaçus são insetívoros e se alimentam de artrópodes, incluindo insetos e aranhas. Eles reviram folhas e cavidades em galhos em busca de alimento, mas não possuem a força para bicar e perfurar troncos, como fazem os pica-paus.
“Eles buscam comida nos buracos já existentes nas árvores, mas não criam novos buracos como os pica-paus”, complementou o biólogo.
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Estrategista
Uma das curiosidades sobre os arapaçus é sua relação com as formigas de correição. Algumas espécies seguem essas formigas agressivas, que ao atravessarem o solo da mata espantam pequenos insetos e outros invertebrados.
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“Os arapaçus observam esses movimentos e se aproveitam dos bichinhos que fogem das formigas. Quando os insetos saem correndo ou voando, os arapaçus rapidamente os capturam”, revelou Nassar.
Outra espécie especializada é o arapaçu-da-taoca, que vive em áreas onde há uma alta presença de taocas, um tipo de formiga com hábitos semelhantes às formigas de correição.
Diversidade de espécies
Os arapaçus apresentam grande diversidade morfológica, embora algumas espécies sejam visualmente muito semelhantes.
O arapaçu-de-bico-comprido (Nasica longirostris), por exemplo, é característico das várzeas da Amazônia e possui um bico alongado e curvado.

Já o arapaçu-verde (Sittasomus griseicapillus) é menor e possui coloração diferenciada. Para identificar algumas espécies, a melhor estratégia é reconhecer seus cantos e chamados, que variam entre si.
Essas aves são fundamentais para o ecossistema florestal, desempenhando um papel importante no controle populacional de insetos. Sua presença indica a saúde ambiental das matas e é um atrativo para observadores de aves e pesquisadores da biodiversidade.
Com sua vasta distribuição e comportamento singular, os arapaçus são um exemplo da riqueza da fauna brasileira, desafiando estereótipos e mostrando a diversidade das aves tropicais.