“Primeiro registro na Amazônia”: cachalote-pigmeu é encontrado encalhado no Amapá

Animal foi encontrado por morador no dia 25 de fevereiro na praia do Goiabalinho, em Calçoene.

Foto: José Eduardo Lima/PCMC-AP

O Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) confirmou no dia 27 de fevereiro que o encalhe do cachalote-pigmeu na praia do Goiabalinho, em Calçoene, foi o primeiro registro de encalhe dessa espécie na costa Amazônica. O mamífero, que apareceu morto, pertence à família dos golfinhos, mas geralmente é confundido como baleia, por conta do tamanho.

Leia também: Carcaças de 4 animais marinhos são encontradas em praia no Amapá

O animal media 3 metros de comprimento e já estava em estado avançado de decomposição quando foi encontrado por um morador da região.

Claudia Funi, coordenadora do Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC), explicou que os cachalotes-pigmeus vivem em águas profundas e o encalhe na costa amapaense fornecerá ao projeto mais detalhes sobre a espécie, que é considerada rara.

“Para a ciência, a importância é gigante. É um animal raro, que é difícil até em outros locais do mundo terem acesso a um espécime desse encalhado. Ele vive em águas profundas e é o primeiro para a região Amazônica. A gente vai pegar o material osteológico dele, material genético, que pode ajudar a gente a entender melhor essa espécie, inclusive a distribuição dela”, informou a pesquisadora.

Corpo de cachalote-pigmeu na praia do Goiabalinho, em Calçoene — Foto: José Eduardo Lima/PCMC-AP
Foto: José Eduardo Lima/PCMC-AP

De acordo com relatório do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), até 2023, o Brasil havia registrado apenas 5 encalhes de cachalote-pigmeu.

Para a coordenadora do projeto, que monitora encalhes de animais como baleias, botos e golfinhos, as características do encalhe indicam que o animal já chegou morto ao litoral.

Pesquisadores coletam amostras de cachalote-pigmeu — Foto: José Eduardo Lima/PCMC-AP
Foto: José Eduardo Lima/PCMC-AP

“Ele, possivelmente, já chegou morto aqui, pois vive em águas profundas. Ele já está sob o impacto da maré e do sol há pelo menos três dias. Então, identificar a causa morte dele é algo que a gente não vai conseguir. Por exemplo, retirar a bula timpânica, a gente não consegue ver escoriações e o que a gente vai tentar é ver conteúdo estomacal também, porque pode trazer informações pra gente”, descreveu Funi.

O cahalote-pigmeu vai passar por vários processos no Iepa para limpeza e retirada de materiais para integrar a coleção científica do Amapá.

Diferença dos cachalotes

O cientista ambiental Roginey Silva destacou que umas das maiores diferenças entre os cachalotes-pigmeus e cachalotes comuns são o tamanho e a expectativa de vida.

“Quando adultos, os cachalotes comuns podem chegar até 20 metros de comprimento e viverem até cerca de 40 anos. Já os pigmeus podem ter até 4 metros e vivem por volta de 23 a 25 anos”, disse.

Cachalote-pigmeu

Segundo o ICMBio, a espécie Cachalote-pigmeu pertence à ordem dos cetáceos (baleias, botos e golfinhos) e possui características como presença dentes e apenas um orifício respiratório. Os animais habitam águas costeiras e oceânicas.

A espécie ocorre preferencialmente ao largo da plataforma continental em águas tropicais e temperadas, podendo ser avistada solitária ou em pequenos grupos de até 6 indivíduos. Existem muito poucas informações sobre a espécie, fazendo com que ela seja classificada como contendo dados insuficientes (DD) para categorização de seu status de conservação.

Sobre o projeto PCMC

Filhote de cachalote morto encalha na praia do Goiabal, em Calçoene. Realizado deste o ano passado, o projeto foi uma exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estabelecida no processo de licenciamento ambiental da pesquisa marítima para levantamento de dados geológicos da TGS nas bacias do Pará-Maranhão e Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.

As atividades incluem o monitoramento de praias – para atuar e analisar encalhes de baleias, botos e golfinhos – e ações de educação ambiental em comunidades locais.

O projeto disponibiliza números para acionamento em casos de encalhe de animais marinhos: (96) 99206-3344 e (96) 99116-3712.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

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