Acre decreta emergência por seca dos rios e falta de chuvas

Decreto prevê ações rápidas para conter os danos causados pela seca severa no estado. Rio Acre marcou 1,49 metro nesta quinta (7), em Rio Branco.

Rio Acre com 1,5 metro em agosto de 2025. Foto: Júnior Andrade/Rede Amazônica AC

Em vigor por 180 dias, o governo do Acre sancionou, no dia 6 de julho, o decreto que coloca o estado em situação de emergência por causa da seca nos rios. A publicação foi feita em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE).

Assinado pelo governador Gladson Camelí, o documento destaca que o regime de chuvas no estado no 1º semestre de 2025 foi inferior ao esperado, o que contribuiu para o cenário de seca dos mananciais. Em julho, por exemplo, choveu somente 8 milímetros.

Além disto, em Rio Branco, o Rio Acre marcou 1,49 metro nesta quinta (7), o menor nível do ano até agora. O principal manancial está a apenas 26 centímetros da menor cota da história, alcançada em setembro do ano passado.

Relembre: Seca do Rio Acre em 2024 se torna a maior em mais de 50 anos em Rio Branco

“Uma das consequências mais imediatas e críticas da drástica redução do volume de água em rios fundamentais para a captação é a crise no abastecimento de água, que compromete a operação das estações de tratamento e exige a implementação de medidas de racionamento e a mobilização de caminhões-pipa para atendimento da demanda em áreas urbanas e rurais”, justifica o decreto de nº 11.733, de 6 de agosto.

Por conta desse cenário, é justificado também que o baixo nível de chuvas influencia na navegação de embarcações nos cursos d’água, comprometendo ‘a logística de transporte, isolando comunidades e dificultando o abastecimento de bens essenciais, como alimentos e combustíveis, para os municípios e aldeias indígenas de mais difícil acesso’.

Além disto, o governo apontou também, como consequências da estiagem:

  • as altas temperaturas e baixo percentual de umidade relativa do ar
  • a captação e abastecimento de água que tende a ficar comprometido
  • os prejuízos em plantações e lavouras
  • o consequente aumento de queimadas e incêndios florestais
  • os riscos de prejuízo na alimentação de estudantes de zona rural, já que os insumos para refeições vêm por via fluvial

“Fica a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil [CEPDC] designada como unidade gestora orçamentária, podendo ordenar despesas atinentes a créditos abertos para atender atividades de apoio aos Municípios afetados pela emergência de que trata este Decreto”, ordena.

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Preocupação com a seca em todo o estado

Sobre o decreto, o secretário de Meio Ambiente, Leonardo Carvalho, disse que esta é uma etapa importante para que haja ações de socorro mais rápidas e, consequentemente, que os recursos cheguem de forma mais célere.

“A gente sabe que tem municípios do interior que estão em situação muito delicada, Jordão, Marechal Thaumatugo, enfim, recebemos muitas informações, muitas imagens. É lamentável uma situação que está ficando recorrente. Agora é a união do poder público para se ajudar”, falou.

O gestor disse ainda que há um grupo de gestão de crise desses fenômenos climáticos para definir as ações mais importantes e eficazes diante dessa situação.

“A gente chama de gerenciamento de crise de recursos hídricos, que vai se reunir e assim veremos quais são as ações mais imediatas que têm de ser feitas para dar o socorro, e para prestar o apoio necessário para a população nesses momentos mais difíceis”, complementou.

Rio Branco também decretou emergência

O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, também assinou o decreto que coloca a capital do Acre em situação de emergência por conta da seca do manancial. A sanção ocorreu na manhã de quarta-feira (6), quando o rio marcou 1,51 metro, e foi publicado nesta quinta (7).

O coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou que o decreto assinado pelo prefeito dá liberdade para o pedido de socorro e de resposta.

Leia também: Rio Branco acende alerta para novo recorde de seca do rio Acre

Ele ainda citou que a partir desse momento, a Defesa Civil pode tomar providências como recorrer a outras secretarias e pedir recursos ao governo federal de uma forma mais célere, diminuindo a burocracia.

“Então, é de extrema necessidade a assinatura do decreto, justamente para que a gente possa ter essa liberdade de ação. A Defesa Civil já vem trabalhando há dias, só que já extrapolou o nosso raio de ação e se a gente não agilizar, nós não conseguimos dar a resposta adequada para aquelas pessoas que estão passando por necessidade”, afirmou ele.

Rio Acre está a menos de 30 centímetros da menor cota já registrada. Foto: Divulgação/Arquivo/Defesa Civil de Rio Branco

Em maio deste ano, por conta de problemas estruturais e instabilidade do solo, inclusive com erosão, o governo federal reconheceu a situação de emergência na Estação de Tratamento de Água (ETA) II de Rio Branco.

Durante a coletiva desta quarta, o prefeito disse que apesar dos problemas recorrentes nas estações de tratamentos, não acredita que a capital irá ficar sem água por conta da seca.

“Vamos ter muitos problemas na captação ali do Rio. Mas é possível a gente ir lá e fazer intervenções com máquinas, a drenagem de alguns locais, para as bombas poderem captar”, complementou.

O pensamento também é compartilhado por Enoque Pereira, diretor-presidente do Serviço de Atendimento de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb).

“A gente não tem essa previsão de faltar água. No passado, [o Rio Acre] ficou em 1,23 metros, fizemos todo o controle para que não faltasse. Tivemos até que fazer uma mini barragem, mas não faltou água. Vamos ter que dragar, escavar, fazer uma mini barragem, mas não vai faltar água”, falou.

*Por Renato Menezes, da Rede Amazônica AC 

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