Pesquisadores realizando monitoramento florestal, para posterior catalogação das espécies. Foto: Samuel de Pádua Chaves e Carvalho/Acervo pessoal
Um projeto desenvolvido em cooperação entre três instituições científicas de ensino e pesquisa, está investigando os estoques de madeira em florestas da Amazônia brasileira, submetidas a um segundo ciclo de colheita. A iniciativa envolve áreas exploradas anteriormente por dois métodos distintos: a Exploração de Impacto Reduzido (EIR) e a Exploração Convencional (EC).
O objetivo é entender melhor como estão os estoques de madeira em florestas que já foram exploradas no passado e que agora passam por uma nova colheita, chamada de segundo ciclo. Essa prática ainda é pouco estudada, por isso pesquisadores querem produzir informações que ajudem a orientar como essa nova etapa de exploração pode ser feita de forma planejada, considerando os limites, bem como o potencial de recuperação de florestas.
A colheita de segundo ciclo é a retirada da madeira em uma floresta que já foi explorada anteriormente, ou seja, é a segunda vez que se corta árvores comerciais naquela mesma área. E só pode acontecer depois de um período de recuperação da floresta, quando novas árvores cresceram ou ficaram na primeira colheita e já atingiram tamanho comercial.
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De acordo com o coordenador da pesquisa, o Engenheiro Florestal e doutor em Recursos Florestais Samuel de Pádua Chaves e Carvalho, “os resultados promoverão uma atualização das regulamentações às diretrizes para a colheita de madeira de segundo ciclo na Amazônia brasileira, possibilitando identificar espécies sensíveis e potenciais de uso comercial”.
“Além dos avanços esperados na ciência florestal, este projeto promoverá a capacitação e treinamento dos principais stakenholders desta importante cadeia produtiva do setor florestal brasileiro. Os principais grupos afetados com os resultados do projeto, nos aspectos sociais, econômicos ou ambientais, são as comunidades locais próximas as florestas, trabalhadores do setor madeireiro, empresas de madeira e construção civil, órgãos públicos de meio ambiente e fiscalização, pesquisadores e universidades, ONGS ambientais e consumidores finais dos produtos de madeira”.

Os trabalhos iniciais incluíram a realização de colheitas experimentais, além do monitoramento de manejo florestal em escala empresarial. As áreas de estudos estão distribuídas nos municípios de Belterra e Paragominas, no Pará; Itacoatiara, no Amazonas; e Tabaporã, em Mato Grosso.
Esses locais foram manejados pela primeira vez em 1979 e meados da década de 1990. O objetivo nessa etapa é coletar dados comparativos antes, durante e depois do segundo ciclo de exploração.
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Além das colheitas experimentais, está previsto o inventário florestal em mais três ou quatro áreas, que passaram pelo primeiro corte no início dos anos de 1990. Os pesquisadores esperam que os dados obtidos sirvam de base para atualizar diretrizes técnicas e regulamentação relativas à prática do segundo ciclo de corte florestal na região amazônica.

Na fase seguinte do projeto, os dados serão compartilhados com instituições de ensino e pesquisa, profissionais da área florestal e representantes da indústria madeireira. Parte das informações será destinada à identificação de espécies mais comuns nesse tipo de floresta e suas possíveis aplicações na construção civil e em outros segmentos do mercado interno.
O projeto faz parte da inicativa Amazônia+10, que é um programa de desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Inovação, construído em parceria com as Fundações de Amparo à Pesquisa signatárias e organizada no âmbito do Conselho Nacional de Fundações de Amparo à Pesquisa Estaduais (CONFAP), representada no estado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT), e tem como intuito promover ações de CT&I que sejam úteis e convergentes para o fortalecimento de ações concretas regionalizadas de replicação.
A pesquisa intitulada “Indo além do primeiro ciclo de colheita nas florestas tropicais da Amazônia Brasileira”, é coordenado pelo Eng. Florestal e doutor em Recursos Florestais, o pesquisador Samuel de Pádua Chaves e Carvalho, tendo como instituição executora a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e, instituições parceiras, a EMBRAPA, a ESALQ/USP e a UFRRJ.
*Com informações da Fapemat
