Anta com cegueira irreversível é resgatada e levada para conhecer o futuro ‘namorado’

‘Pitanga’, que foi resgatada ainda filhote no Mato Grosso, ficará em companhia de Tião, animal silvestre da mesma espécie. 

Resgatada ainda filhote pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), a anta ‘Pitanga’, agora com dois anos, foi transportada ao Sesc Pantanal, em Poconé (MT), em julho e está se adaptando bem ao ambiente. ‘Pitanga’ ficará em companhia de Tião, animal silvestre da mesma espécie, que foi resgatado durante as queimadas do Pantanal em 2020.

Ela foi resgatada com uma lesão traumática e a perda de visão no olho esquerdo. Após o resgate, a anta ficou sob os cuidados do Centro de Triagem de Animal Silvestre (Cetas) de Lucas do Rio Verde até ser levada ao Sesc Pantanal.
‘Pitanga’ foi resgatada ainda filhote. Foto: Sema/MT

“O Sesc Pantanal, por ter muito espaço e boa estrutura, é ótimo para acomodar a Pitanga, que tem pouca chance de voltar à natureza. Além disso, ela terá a companhia de Tião, o que será muito benéfico”, afirmou o gerente de Fauna da Sema, Waldo Troy, responsável pelo transporte.

Tião, a anta que está no mesmo recinto que Pitanga, foi resgatado ainda filhote e levado ao Sesc, em Poconé, após sofrer queimaduras graves nos cascos causadas por um incêndio florestal em 2020, no Pantanal. O animal foi encontrado durante as ações desenvolvidas no Posto de ação emergencial de animais silvestres (PAEAS), no qual a Sema coordenou o atendimento aos animais silvestres que foram resgatados.

De acordo com o veterinário da Ampara Silvestre, Jorge Salomão, as antas têm hábitos solitários, mas Tião teve a companhia de outros animais resgatados desde então. Com a destinação dos outros animais para soltura, ele ficou sozinho e teve alteração comportamental, ficando mais apático. Por isso, a Ampara acionou a Sema para encontrar outra anta, que também vivesse em cativeiro, com o objetivo de juntar os animais.

“Foi então que encontramos a Pitanga, que estava em Lucas do Rio Verde e é a companhia perfeita para o Tião. Durante esses dois primeiros dias, deixamos o Tião dentro do recinto fechado e a Pitanga solta. Esse processo de adaptação não pode ser abrupto, principalmente pelo estresse natural da viagem dela, que durou cerca de seis horas. Com ela ambientada e alimentada, seguimos para a próxima etapa, de contato direto dos dois, que acontecerá naturalmente”, explica o veterinário.

Jorge Salomão já acompanhou esse mesmo processo com outras antas, que se adaptaram à companhia uma da outra: “O Tião é pacífico e a Pitanga também. Eles estão numa área grande, com lago, e a nossa esperança é que eles possam conviver bem”.

O ecólogo e gestor do Parque Sesc Baía das Pedras, Alexandre Enout, destaca a importância do recinto, inserido dentro da área de conservação, para o bem-estar dos animais que não podem mais voltar à natureza. “No parque, o Tião e a Pitanga têm um amplo ambiente, muito próximo do habitat natural deles. Eles podem nadar, correr, brincar, refrescar no lago e treinar habilidades aquáticas. Agora, a expectativa é que eles possam se aproximar e serem companhia um do outro”, explica Alexandre.

O Sesc Pantanal tem a guarda dos dois animais e é responsável pelo manejo diário das antas. Com 4.200 hectares de extensão e localizado em Poconé, o Parque Sesc Baía das Pedras é uma área de conservação destinada à educação, lazer, pesquisas científicas sobre o bioma e turismo de natureza.

*Com informações da assessoria do Sesc Pantanal e da Ampara Silvestre 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Saneamento é inclusão: indígenas contam como acesso à água em Manaus muda o conceito de cidadania

Universalização do saneamento básico no maior bairro indígena de Manaus, o Parque das Tribos, é meta para 2030, segundo concessionária.

Leia também

Publicidade