Foto: Divulgação/Projeto Gaia
No norte de Mato Grosso a agricultura familiar e a agroecologia movem o trabalho de professores alunos que atuam no Projeto Gaia que é iniciativa de vários órgãos públicos e privados. O projeto iniciou no ano de 2019 com o propósito de realizar ações para o consumo, produção e comercialização de alimentos orgânicos e agroecológicos voltados para a agricultura familiar em locais urbanos e periféricos da cidade de Sinop no Mato Grosso.
O Gaia é um projeto de extensão no Instituto de Ciências Naturais, Humanas e Sociais (ICHS), que além do desenvolvimento do projeto pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tem a Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-MT). A Escola Técnica Estadual de Sinop (ETE) apoia o desenvolvimento do projeto, coordenado pela professora, Rafaella Teles Arantes Felipe, do ICNHS.
É premissa do projeto levar comida saudável para as pessoas, deste modo o Gaia busca oferecer a produção de alimentos de forma sustentável e assim criando uma rede de cooperação para a produção dos alimentos e principalmente a melhoria da alimentação no campo e na cidade. “Um dos seus objetivos é colaborar na disseminação das práticas agroecológicas junto à comunidade interna e externa da UFMT, como alternativa para a redução das desigualdades sociais, para produção de alimentos saudáveis e melhoria da saúde e da qualidade de vida no campo e na cidade”, enfatizou a professora.
Dentro do campus da UFMT em Sinop, o projeto está presente na grade acadêmica o Gaia é vinculado ao ensino na disciplina optativa de Agroecologia. No que se refere às outras áreas que o projeto atua, se destaca a Unidade de Aprendizagem em Sistema Agroflorestal e Agroecológico. “Essa área visa atuar com acadêmicos e a comunidade externa, com atividades práticas de manejo, de plantio e produção de bio-insumos”, explica Rafaella Felipe.
Projeto atua no apoio a agroflorestas com planejamento participativo
Existe outra área de atuação do projeto que é Unidade de Referências Tecnológica em Sistema Agroflorestal. “Nessa unidade é desenvolvido o projeto de pesquisa, um projeto multidisciplinar com vários professores que estão envolvidos com atividades de análises de solo, irrigação e também parte de pós-colheita, essa é a parte que trabalhamos com os três critérios com ensino, pesquisa e extensão”, ressalta a professora .Atualmente são atendidas 13 famílias pelo projeto. Os agricultores são atendidos fora da UFMT.
“Todas elas possuem a declaração de produtores orgânicos, então nós implantamos unidades sistema de agrofloresta nessas locais e cadastramos eles no Ministério da Agricultura, como produtores orgânicos”, explicou a professora.
Além das famílias assistidas em Sinop existe um assentamento em Cláudia-MT, na cidade de Cláudia são atendidas 6 famílias.
Para a preparação dos plantios primeiramente é realizado um planejamento participativo. De acordo com a coordenadora do projeto “a partir desse planejamento é feito um levantamento e ver como é a cultura da família, a rotina e o que ela gostaria de produzir, então é feito um modelo de sistema agroflorestal para aquela família e depois realizamos a análise de solo, se necessário fazemos a correção com calagem (atividade para diminuir a acidez do solo e melhorar o desenvolvimento da planta) e os insumos usados nos plantios são apenas os liberados para agricultura orgânica”.
Os agricultores além de produzir para o sustento, também vendem uma parte da produção. A professora explica que “a agroecologia não vive sem a parte financeira e que é necessário desmitificar isso, a produção é comercializada em feiras e para a merenda escolar, através da política pública do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”.
Ela ainda enfatizou que “o esforço do Gaia foi de sempre fortalecer a comercialização desses produtos para que as famílias tenham uma renda digna”.
O projeto tinha apoio do Programa REM-MT, como ação do governo da Alemanha e do Reino Unido, com intermédio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), para o estado do Mato Grosso devido à redução de desmatamento no estado. Segundo Rafaella Felipe, “o apoio financeiro do REM-MT iniciou em novembro de 2020 e encerrou em novembro de 2023 e o aporte financeiro ao Gaia foi de R$1,5 milhões”. “Atualmente o projeto tem apoio de uma emenda federal da ex-deputada federal, Rosa Neide (PT), explicou a professora”.
Algumas atividades realizadas pelo Projeto Gaia desde 2019
O portfólio do projeto Gaia de 2019, 2020 e 2021 aponta atividades do projeto como o atendimento a agricultores familiares, urbanos e periurbanos; fortalecimento da Rede de Cooperação para a produção, comercialização e consumo de alimentos saudáveis através de novas parcerias de âmbito regional. O projeto também atua no auxílio na implantação e manutenção de hortas escolares; atividades educacionais com foco na sensibilização de crianças, jovens e adultos sobre a importância da alimentação saudável; formação de acadêmicos como multiplicadores das práticas sustentáveis de produção de alimentos.
Também está no rol de atividades do projeto a implantação de um Sistema Agroflorestal na UFMT, Campus de Sinop, para capacitação de acadêmicos, agricultores e da comunidade em geral; Atendimentos na área de agricultura de base agroecológica junto às famílias agricultoras (rurais, periurbanas e urbanas) e a sensibilização dos consumidores sobre a importância da alimentação saudável e de produção local. O Gaia atua ainda no fortalecimento da Rede de Cooperação para a produção, comercialização e consumo de alimentos saudáveis através de novas parcerias de âmbito regional; auxílio na implantação e manutenção de hortas escolares e da primeira Horta Comunitária de Sinop; entre outras atividades.
Sobre a mudança de vida das pessoas com relação ao projeto, a professora indicou o vídeo, Projeto Gaia – Pela perspectiva dos camponeses e das camponesas. Para ela, essa perspectiva mostra o quanto o Gaia pode ter mudado a vida com a agroecologia.
Projeto Gaia – Pela perspectiva dos camponeses e das camponesas:
*Com informações da UFMT