Ele foi o último sobrevivente de etnia desconhecida em Rondônia.
Os ossos estão na sede da PF em Vilhena desde setembro, quando que vieram de Brasília, onde permaneceram durante quase um mês. O corpo foi submetido a exames periciais da PF e do Instituto Médico Legal. Segundo a polícia, ficou constatado que o indígena morreu de causas naturais.
Mesmo alegando em juízo “não ter a obrigação de fazer o sepultamento”, a Funai chegou a cogitar fazê-lo longe da terra em que o indígena viveu e morreu. Houve especulação de que o enterro seria feito no espaço da Casa de Rondon, museu que fica a seis quilômetros do centro de Vilhena.
O MPF manifestou sobre o caso, pontuando que o sepultamento tardio desrespeita não apenas a dignidade e a memória do indivíduo, mas de todo os povos indígenas de Rondônia e do Brasil. O “índio do buraco” ficou conhecido ao redor do mundo a partir da década de 1990 por conta de sua resistência em aceitar contatos com a civilização dominante.
Suspeita
O indigenista aposentado Marcelo Santos foi quem tentou contato com o “índio do buraco” pela primeira vez. Na época, ele trabalhava na Funai na Frente de Contatos com Índios Isolados. Hoje morando no estado de Goiás, Marcelo faz um questionamento acerca da atitude oficial da Funai. “Será que o presidente do órgão quer transferir o sepultamento para outro local e assim liberar a terra [demarcada como indígena] para os fazendeiros?”.
Situada entre grandes fazendas de gado, a terra indígena sofre muita pressão de pecuaristas e de políticos influentes, que tentam ocupá-la.
Repercussão
A morte do único habitante da Terra Indígena Tanaru causou repercussão em alguns dos principais jornais do mundo. O “New York Post”, dos Estados Unidos, por exemplo, noticiou com destaque: “Man of the hole: last known member of uncontacted amazon trib dies” (Homem do buraco: último membro conhecido da tribo isolada da Amazônia morre).
Na BBC de Londres, foi dito que os ancestrais do indígena devem ter morrido no começo dos anos 1970 em assassinatos cometidos por donos de terras da região. Em 1995, diz o texto, seis dos últimos membros foram assassinados e foi assim que “o homem do buraco” se tornou o último da tribo.
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