Bloco homenageia dama da cultura e educação de Rondônia

'Us Dy Phora' lembram trajetória de Maria Nazaré, professora e ativista.

Maria Nazaré em momento festivo na avenida. Foto: Divulgação

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

O bloco ‘Us Dy Phora’, de Porto Velho, homenageia a veterana professora Maria Nazaré Figueiredo da Silva no Carnaval de 2025. O samba apresentado destacou o amor e a dedicação da educadora às causas da educação e cultura ao longo de 53 anos.

O sambista Edgley Queiroz cantou: “Este ano, o Carnaval é na Pinheiro. Mas ‘Us Dy Phora’ vem mantendo a tradição. Vem sacudindo esta avenida, com Nazaré, rainha da educação”, diz parte da letra do samba, cujo lema é: “Nazaré, Nazaré, o nosso bloco homenageia esta guerreira”.

Com espírito festeiro, aos 75 anos, Nazaré não perdeu a oportunidade de subir no trio elétrico e cair no samba na avenida Pinheiro Machado durante a homenagem. “Eu me sinto muito emocionada e agradecida pela lembrança”, destacou ela no sábado.

Conhecida como a dama da cultura rondoniense, Nazaré nasceu em 1949 na Ilha de Marajó (PA). Sua história está intimamente ligada a Rondônia, onde atua como educadora, ativista cultural e memorialista, desempenhando papéis fundamentais na construção da identidade local.

Após uma temporada em Belém, onde estudou e se formou em magistério no Instituto Estadual de Educação do Pará, Nazaré casou-se em 1968 com Miguel e mudou-se para Porto Velho em 1972. Ela lecionou língua portuguesa na Escola Murilo Braga, onde também foi diretora, e na Escola Araújo Lima.

Foto: Divulgação

Posteriormente, contribuiu em várias frentes: foi gerente de educação infantil na antiga Divisão de Educação e Cultura do Território de Rondônia, ajudou a implantar escolas no interior e ministrou treinamentos para professores na época do Território Federal de Rondônia, quando ainda não havia curso superior no estado.

Por volta de 1974, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul desenvolveu um projeto de formação em Rondônia. Nazaré aproveitou e cursou Letras; depois, fez Pedagogia pela Universidade do Pará, que também manteve uma extensão em Porto Velho.

Além de sua atuação exemplar na educação, Nazaré ajudou a fundar o Arraial Flor do Maracujá, o maior evento folclórico do estado. “Desde antes do Flor do Maracujá, que começou em 1982, fazíamos os arraiais e festas do folclore, os bois-bumbás, as quadrilhas, nas escolas Barão de Solimões, Carmela Dutra e Rio Branco. Sempre apreciei o folclore e depois começou o Arraial Flor do Maracujá, incorporado oficialmente à cultura rondoniense desde a década de 1980”, conta.

Ela também atuou no Centro de Documentação Histórica de Rondônia (CDH-RO), na Biblioteca Pontes Pinto e em todas as atividades para as quais foi chamada a contribuir ao longo de décadas de trabalho e dedicação, ao lado de colegas devotados à causa da preservação e da difusão da literatura, cultura popular, conhecimento científico, memória e história de Rondônia.

Dona Maria Nazaré articulou e coordenou diversos projetos voltados a bibliotecas e museologia, ministrando cursos e oficinas patrocinadas pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) e pela Biblioteca Nacional. Garantiu a doação de milhares de livros, além de móveis e kits multimídia para bibliotecas do estado, que ela pleiteava das instâncias de governo para ampliar a rede bibliotecária estadual.

Apesar do extenso conhecimento, disciplina, assertividade, empreendedorismo e honestidade que sempre a caracterizaram, a dama da memória, educação e cultura nem sempre ocupou posições de destaque na gestão pública. Trabalhou com muito esforço e foi movida pelo idealismo e boa vontade. O reconhecimento veio de seus alunos, colegas de trabalho e da sociedade que admiram a professora e a consideram uma personalidade notável e incontestável; uma dama a serviço das áreas mais importantes da administração pública: educação e cultura.

Foto: Divulgação

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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