Criação do Mosaico Gurupi garante proteção da sociobiodiversidade na Amazônia Oriental

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima reconheceu a criação do Mosaico localizadas entre os estados do Pará e Maranhão.

O Mosaico Gurupi é formado por uma UC e seis Terras Indígenas. – Foto: Mapa: Magda V. C. Miranda

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima reconheceu a criação do Mosaico Gurupi, um conjunto de unidades de conservação (UC) e Terras Indígenas (TI) localizadas na região amazônica, entre os estados do Pará e Maranhão.

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De acordo com a Lei nº 9.985/2000 que instituiu o SNUC, um mosaíco pode ser constituído quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas. No caso do Mosaico Gurupi, a área é de aproximadamente 46 mil km², abrangendo a Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi, as TI’s Araribóia, Caru, Rio Pindaré, Alto Turiaçu, Awá, no Maranhão; e Alto Rio Guamá, no Pará. 

A articulação para a criação de um mosaico de áreas protegidas começou em 2014, mas já era um sonho antigo das comunidades locais visando fortalecer a gestão participativa dos territórios, a conservação da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e conter o avanço do desmatamento. No território encontra-se o maior remanescente de floresta da Amazônia, espécies endêmicas e ecossistemas ameaçados, além de diversos povos indígenas, incluindo os Awá-Guajá, que vivem em isolamento voluntário. 

Luta indígena ajuda a preservar remanescentes da floresta amazônica. Foto: Guel Bernucci Acervo Pessoal

“Só com essa união de nós todos vamos conseguir salvar as florestas ainda existentes no estado do Maranhão”, disse Wilson Guajajara, escolhido para representar as populações indígenas do Mosaico Gurupi. “Esse reconhecimento é algo que vamos levar para sempre porque ninguém acreditava que íamos chegar nesse momento, Vale a pena lutar e acreditar”, comemorou. 

“Todas essas áreas protegidas e essa aliança entre povos indígenas e as comunidades tradicionais nada mais é do que a gente sonhar em ter um futuro”, declarou a ministra, salientando a importância da reconhecimento do Mosaico como marco do fortalecimento da política ambiental no Brasil em diálogo com a sociedade. 

Governança

O Museu Goeldi pesquisa o Gurupi há décadas e desde os estudos desenvolvidos nos anos 80 por David Oren (1953-2023) defende a criação da proteção ambiental do Vale do Gurupi. As pesquisas de Oren sobre a fauna ornitológica foram essenciais para a criação da Rebio em 1988. A meta de conservar o Gurupi foi abraçada por gerações de cientistas do Museu Goeldi além de Oren, como os antropólogos Louis Forline e Cláudia López, o primatólogo José de Souza da Silva Júnior (Cazuza), o biogeógrafo Jose Maria Cardoso da Silva, a etnobotânica Márlia Coelho-Ferreira e a ecóloga Marlúcia Martins.

Mosaico Gurupi
O Mosaico Gurupi é formado por uma UC e seis Terras Indígenas. – Foto: Mapa: Magda V. C. Miranda

Novas pesquisas são continuamente realizadas no território, sobretudo nas áreas de antropologia, conservação e ecologia, razão pela qual o Museu Goeldi integra o conselho gestor do Mosaico desde o início. 

“Publicamos um artigo sobre a situação da Amazônia maranhense, mostrando essa questão territorial e fomos avançando tanto no aspecto de entendimento da importância dessa gestão territorial desses últimos blocos de floresta que existem ainda nessa região entre o nordeste paraense e o Maranhão, mas também agregamos a isso essa luta cultural e de proteção territorial que era um anseio dos grupos indígenas”, comenta a pesquisadora Marlúcia Martins, representante do Museu Goeldi no conselho do Mosaico Gurupi. 

Organizações de povos indígenas, da sociedade civil, órgãos dos governos estaduais e federal, organizações não-governamentais, empresas e instituições de ensino e pesquisa compõem o conselho gestor responsável por garantir a governança territorial e a participação ativa dos diferentes grupos sociais da região. 

“O Mosaico tem sido muito profícuo em termos de demonstrar a importância de se formar uma rede de proteção territorial com o objetivo de preservar a biodiversidade, mas também de manter e dar condições de vida e de respeitabilidade às populações indígenas da região”, afirma Marlúcia Martins.

*Com informações do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima

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