Investigações sobre esquema de propina da Odebrecht sacode política na Colômbia

Ex-presidente Álvaro Uribe falou sobre casos de corrupção durante seu mandato. Foto: Reprodução/Twitter

As investigações sobre um suposto esquema de suborno para favorecer a empreiteira brasileira Odebrecht levou mais um político colombiano para a cadeia. No último sábado (14), a Procuradoria-Geral da Colômbia decretou a prisão do ex-senador, Otto Nicolás Bula Bula. Ele é o segundo preso por suspeita de envolvimento em suborno nas obras da rodovia Rota do Sol, que liga Bogotá ao Caribe. O primeiro, foi o ex-vice-ministro dos Transportes, Gabriel García Morales, por facilitação do acesso da empreiteira a um dos lotes da obra.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pediu nesta segunda-feira (16) que os organismos de controle do país resolvam rapidamente os casos de corrupção envolvendo a Odebrecht  e outras duas empresas.

Segundo documento publicado pela Procuradoria-Geral da Colômbia, a Odebrecht pagou US$ 6,5 milhões para que Morales garantisse o resultado positivo na licitação para a construção da Rota do Sol. Outro pagamento, no valor US$ 4,6 milhões, foi feito ao ex-senador. “A filial da empresa Odebrecht na Colômbia contratou no dia 5 de agosto de 2013 o ex-congressista Otto Nicolás Bula Bula, mediante a modalidade de honorários por resultado ou cota de sucesso, com o objetivo de obter o contrato da via Ocaña-Gamarra”, diz a publicação.

A Rota do Sol é um dos projetos de infraestrutura mais ambiciosos  da Colômbia nos últimos anos, com investimento de US$ 2,5 bilhões. O processo de licitação teve início em março de 2009 e foi concluído em dezembro do mesmo ano. A construção abrange mais de mil quilômetros a partir do interior do país no município de Villeta (a 80 quilômetros ao noroeste de Bogotá), com Lodaçal (no departamento de Magdalena), passando por oito departamentos e 39 municípios.

Segundo matéria publicada na época da conclusão da licitação pelo Estadão, a empreiteira brasileira venceu a concorrência em parceria com o consórcio formado pela Odebrecht Investimentos (37,1%) e com Construtora Norberto Odebrecht (25%), além dos sócios colombianos Grupo Aval (33%) e Solarte (4,99%). O plano apresentado pela Odebrecht mostrava que a concessão deveria durar cerca de 15 anos, com receitas estimadas em cerca de US$ 1,5 bilhão.

Álvaro Uribe, que presidiu a Colômbia de 2002 a 2010, comentou nas redes sociais que apoia plenamente as investigações sobre o caso e que Gabriel Morales traiu o ex-ministro dos Transportes, Andrés Uriel Gallego, e toda a sua equipe de governo. Sobre as investigações, Uribe se limitou a afirmar que as obras da Rota do Sol foram “acompanhadas em todo o seu processo pela Agência Financiadora do Banco Mundial, se submeteu a um grupo interdisciplinar do maior nível profissional e se discutiu em audiências públicas o acordo”.

O ex-presidente da Colômbia, de 1998 a 2002, e hoje líder de oposição, Andrés Pastrana, afirmou no Twitter que o atual presidente deve cancelar os contratos vigentes com a Odebrecht. “Presidente Juan Manuel Santos: cancele todos os contratos da Odebrecht. É imoral investigá-los em uns para premiá-los em outros”.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos aponta que a Odebrecht gastou mais de US$ 788 milhões em crimes de fraude e suborno em 15 países da América Latina e África.

Na Colômbia, a empreiteira teria pago mais de US$ 11 milhões entre 2009 e 2014 com o objetivo de assinar contratos para obras públicas. Com os pagamentos, a empresa teria conseguido benefícios superiores a US$ 50 milhões. As informações fazem parte do acordo de leniência firmado pela empresa para continuar atuando no país nas obras em andamento.

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