O Conselho Indígena de Roraima (CIR) implantou em Boa Vista a primeira sala de situação para monitorar focos de calor e intensidade das chuvas no Estado gerida por indígenas no Brasil. O trabalho une a tecnologia moderna e os conhecimentos ancestrais dos povos como ferramenta de acompanhar os eventos climáticos.
A sala de situação implementada pelo CIR une tecnologia com conhecimentos ancestrais dos povos indígenas e se tornou uma ferramenta de combate às queimadas que causaram destruição nas terras indígenas.
Na estrutura, que funciona no segundo piso do departamento, é onde acontece a gestão de informação em apoio às brigadas que lidam com incêndios florestais. Todo equipamento utilizado foi doado pelo Instituto Terra Brasilis.
Para a coordenadora do departamento de gestão territorial e ambiental, Sineia do Vale, esta nova ferramenta “vem para somar” no monitoramento em tempo real das queimadas.
“Foi possível a gente atuar onde estava acontecendo o maior foco de calor nas terras indígenas onde montamos bases para atuar diretamente no problema”, explicou a coordenadora.
Por meio de um telão é possível detectar em tempo real os focos de incêndio e as precipitação nas terras indígenas. De acordo com Genisvan André, técnico em sistema de informações geográficas do CIR, os eventos naturais do período seco foram o que motivaram a instalação da sala.
“Os incêndios que aconteceram nas terras indígenas [motivaram a instalação] e agora estamos focados também na questão do período chuvoso. A gente usa essa plataforma chamada Pandera onde vamos monitorar 24 horas por dia em tempo real para poder prevenir e ajudar as comunidades pra evitar grandes cheias e grandes queimadas”, disse Genisvan André.
Comunidades que ficam em volta de igarapés serão beneficiadas com o monitoramento da precipitação. As regiões de lavrado também vão receber atenção por serem consideradas áreas que “sofrem com enchentes que geram a perda de produções”.
Com este apoio tecnológico, as ações de combate e prevenção — até mesmo para o próximo ano — já começaram a ser estudadas. Uma preparação para a chegada do período seco em 2025.
“No verão, tem os focos de calor que geralmente aqui na região de savana fica propício a fogo então para o próximo ano a gente já tá prevendo isso e focando na prevenção nas comunidades”, ressaltou Genisvan.
As informações coletadas por meio de imagens de satélites pode gerar relatório, que serão compartilhados com os parceiros do CIR e órgãos do poder publico como Prevfogo e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
*Por Carlos Barroco, da Rede Amazônica RR