Prensa de extração de óleo de pracaxi fortalece bioeconomia amazônica

Iniciativa liderada pela Embrapa Amapá busca otimizar tecnologia de prensagem e estabelecer parcerias estratégicas para impulsionar desenvolvimento regional.

A extração do óleo de pracaxi é uma prática tradicional nas comunidades amazônicas. Essas comunidades extraem e vendem o óleo de pracaxi, impulsionando a renda familiar e o desenvolvimento local. No entanto, poucas conseguem acessar o mercado empresarial devido a desafios na garantia de qualidade e regularidade na oferta do produto. A maneira artesanal como é extraído esse óleo gera baixo rendimento e encontra dificuldades na comercialização em larga escala. 

Para otimizar a extração do óleo e facilitar a comercialização para grandes empresas, surgiu o Negócio Nova Prensa para Extração de Óleos de Sementes de Pracaxi. Apoiado pelo Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), este projeto visa fortalecer a bioeconomia das comunidades locais. A Prensa Artesanal, é uma tecnologia social desenvolvida pela Embrapa, validada e aperfeiçoada pela Startup Inova Manejo. Um dos grandes diferenciais é que ela foi planejada para ser construída de acordo com as condições e realidades da região amazônica, uma vez que não necessita de uma fonte de energia para funcionar, como no caso das prensas industriais.  

“É uma tecnologia de baixo custo, até 90% mais barata do que as prensas industriais. A prensa artesanal é de fácil manutenção, pode ser construída com matéria prima local, e com as boas práticas na extração, garante excelente qualidade do óleo. O rendimento médio é de 10%, mas pode chegar a 16% em um processo otimizado, valor similar ao da prensa industrial”, explica Ediglei Gomes, engenheiro florestal e responsável técnico do projeto. 

Além de aprimorar a extração do óleo, o projeto também quer fortalecer a estrutura social da comunidade, oferecendo orientações e capacitações técnicas. Esses treinamentos buscam ajudar na venda dos produtos, na gestão e na formalização legal das organizações sociais.

“As dificuldades de gestão e atos aparentemente simples como a emissão de uma nota fiscal, se tornam verdadeiros entraves à comercialização para as comunidades. Esse problema é uma realidade comum em toda a Amazônia, e contribui para o não desenvolvimento socioeconômico das famílias”, destaca Ediglei. 

O pracaxizeiro, uma árvore de tamanho médio, comum nas florestas de várzea da Amazônia, produz vagens com 4 a 16 sementes, das quais se extrai um óleo valioso. Utilizado pelas comunidades locais para tratamento de feridas e hidratação capilar, devido às suas propriedades benéficas, este óleo é também aproveitado pela indústria de produtos naturais, sendo rico em ácido oleico e ácido beênico, utilizado em cosméticos, incluindo maquiagem e produtos para cabelo. O modelo de negócio de impacto socioambiental proposto no projeto, busca criar uma parceria verdadeira, visando benefícios mútuos tanto para as comunidades quanto para as organizações parceiras.  

Paulo Simonetti, líder da Iniciativa de Inovação em Bioeconomia do Idesam, OSCIP que coordena o PPBio, ressalta a importância do projeto.

“O óleo de pracaxi é considerado um dos melhores da Amazônia para condicionamento capilar. Desenvolveram uma prensa hidráulica para extrair óleos de alto valor agregado, o que é estratégico para a região. Além do pracaxi, descobriram que a prensa também serve para andiroba e outras sementes oleaginosas nativas. Estamos aprimorando essa tecnologia e oferecendo assistência técnica e capacitação”. 

A Inova Manejo, criada por pós-graduandos e pesquisadores do Amapá, aplica inovação na área florestal e socioambiental voltada ao mercado de forma sustentável. Ao fortalecer as comunidades extratoras e criar oportunidades de negócios sustentáveis, essa iniciativa busca contribuir para o desenvolvimento econômico da região amazônica.  

*Com informações do Idesam

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