MapBiomas utiliza inteligência artificial como alternativa para preservação da Amazônia

O MapBiomas desenvolveu uma plataforma de análise geoespacial capaz de gerar informações sobre as áreas que estão sofrendo desmatamento em todo o país.

Responsável por mapear anualmente a cobertura e uso das terras brasileiras, o projeto MapBiomas monitora as mudanças climáticas e ambientais. O projeto envolve Organizações Não Governamentais (ONG) e empresas de tecnologia. Segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), em fevereiro de 2023 a Amazônia Legal registrou 291 km² de área desmatada.

Se tratando das queimadas o cenário também é preocupante. Em 2022, o Amazonas contabilizou um aumento de quase 43% de focos de calor, totalizando 21.217, quase o dobro que o ano anterior, que foi de 14.848, conforme o Inpe.

Leia também: Registro de queimadas no Amazonas em 2022 é o maior dos últimos 24 anos

Como forma de manter o controle sobre esses acontecimentos, o MapBiomas desenvolveu uma plataforma de análise geoespacial capaz de gerar informações sobre as áreas que estão sofrendo desmatamento em todo o país. Essa inteligência artificial além de monitorar, também auxilia na preservação do meio ambiente. Para entender como ocorre o monitoramento, o Portal Amazônia conversou com o coordenador técnico do MapBiomas, Marcos Rosa.

Imagem: Reprodução/PrevisIA

Em colaboração com empresas, ONGs e universidades, desde 2015 o MapBiomas produz mapas anuais da cobertura e uso de terra, desmatamento, vegetação secundária, cicatriz de queimada, entre outros. Hoje em dia, o MapBiomas é considerado uma das principais plataformas de análise geoespacial, por meio do Earth Engine. Eles também possuem um sistema de checagem de informações, conhecido como Looker. Essa plataforma de business intelligence analisa toda a informação que os órgãos federais e estaduais de meio ambiente geram relacionadas a desmatamento no país.

“O MapBiomas utiliza algoritmos de aprendizagem de máquina e de inteligência artificial na classificação de diversas informações em imagens de satélite. Entre os principais programas está o classificador de aprendizagem de máquina Random Forests, implementado no Google Earth Engine e algoritmo de Inteligência artificial baseado em Redes Neurais Convolucionais (UNET) implantadas em python”, esclareceu Marcos.

Em geral, o MapBiomas Alerta, já refinou mais de 280 mil alertas de desmatamento, gerando relatórios para cada área desmatada com cruzamentos territoriais. Desse total, cerca de 190 mil alertas são referentes à Amazônia.  

“A inteligência artificial, seja por classificadores de aprendizagem de máquina ou deep learning, são essenciais para classificação das imagens e transformar dados em informações organizadas, que podem ser utilizadas no planejamento e em ações de preservação da natureza”,

pontuou o coordenador técnico do MapBiomas.

Para o monitoramento das queimadas é utilizado um modelo de inteligência artificial que mapeia as cicatrizes de queimadas em todo território nacional. Esse modelo é treinado para os padrões de queimadas em cada região e cada bioma brasileiro. O MapBiomas também possui mapeamento de uso e cobertura da terra, irrigação, qualidade da pastagem, mineração, fogo e água.

“A maioria das classes de uso e cobertura são classificadas utilizando Random Forests, mas algumas, por exemplo, citricultura, arroz, aquacultura e mineração são classificadas como Redes Neurais. Também estão sendo desenvolvidas aplicações para monitoramento de áreas embargadas ou em recuperação e de florestas degradadas”, explicou Marcos. 

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