Com potencial para baratear e simplificar edificações sustentáveis, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão testando um protótipo de habitação feita com peças modulares de madeira em formato ogival, inspirado nas ocas indígenas. Uma apresentação do modelo foi realizada no dia 8 de julho, em frente ao Centro Olímpico de Treinamento.
O formato ogival foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa ‘Tecnoindia’, a partir de estudos sobre habitações tradicionais indígenas. Este desenho foi utilizado de forma comercial em concreto e aço, como no caso do Centro Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá, mas a sua construção a partir de módulos de madeira “pré moldados” representa uma nova etapa da pesquisa.
“São módulos feitos em tábuas de 2,5m por 30cm, cortadas já para criar o formato de ogiva e com os furos feitos para instalação de parafusos e travamentos necessários, permitindo construir com facilidade. Já fizemos a prova de carga, então agora vamos trabalhar com os tipos de cobertura e fechamento, mas o principal, que é a estrutura, já está funcionando”, explica um dos responsáveis pelo projeto, professor José Afonso Portocarrero.
Para o pesquisador, além da possibilidade de uma construção sustentável de fácil utilização, incluindo a possibilidade de ser utilizada como habitações de emergência, a tecnologia representa uma valorização do conhecimento indígena. “Estamos avaliando os custos ainda, mas a princípio está ficando em um valor bem acessível”, completou.
O reitor da UFMT, professor Evandro Soares da Silva, que acompanhou a demonstração, parabenizou a conquista dos responsáveis, incluindo o professor Roberto Dalmázio.
“Essa é mais uma pesquisa da UFMT que atende diretamente uma demanda social, buscando uma solução para que a universidade possa cumprir seu papel como catalisadora do desenvolvimento social”, afirmou.
Sobre os próximos passos para que a tecnologia se torne acessível fora da Academia, o diretor do Escritório de Inovação Tecnológica (EIT), professor Raoni Teixeira, explica que ainda são necessários testes e interesse do setor produtivo.
“O trabalho do EIT é fazer a ponte entre os pesquisadores e o setor produtivo, dando o suporte necessário para a transferência de tecnologia. Neste caso, ainda precisamos entender qual será o melhor material, resolver as características de engenharia, e em seguida avançar na questão de custos, para demonstrar como isso pode ser valioso para a população”, concluiu.
A pesquisa tem apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), que, para o protótipo, forneceu a madeira e o corte de precisão das tábuas.
*Com informações da UFMT