Estudo identifica cerca de 190 organizações e empresas atuando com restauração florestal na Amazônia

O relatório fez estudo em quatro frentes de restauração na Amazônia: informações, insumos e materiais, monitoramento e financiamento

Projeto Dinâmica de Fragmentos Florestais. Foto: Joao Gabriel de Almeida

O estudo, conduzido pelo WRI Brasil, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), e Aliança, revela a estrutura de governança da restauração de paisagens e florestas na região. O estudo mapeou 187 atores e 348 conexões entre instituições que atuam direta ou indiretamente com restauração florestal na Amazônia.

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Estudo na Amazônia
IA, inventário Florestal. Foto: Caio Santos

A publicação “Atores da Restauração na Amazônia: desafios e oportunidades da governança da Restauração de Paisagens e Florestas”revela que, para além das técnicas e da disponibilidade de recursos, a restauração em larga escala na Amazônia depende de como os diferentes atores se conectam, compartilham saberes, recursos e tomam decisões coletivas em uma estrutura de governança inovadora.

“Para que a restauração florestal alcance escala e gere benefícios reais, é essencial compreender como os atores se articulam, compartilham saberes e acessam recursos. Este estudo mostra que redes bem estruturadas ampliam a efetividade das ações, mas também evidencia lacunas críticas na inclusão territorial e social”, afirma Marcelo Ferronato, da Aliança pela Restauração da Amazônia.

O relatório analisou quatro redes de governança na restauração: informações técnicas, insumos e materiais, monitoramento e financiamento. Elas formam uma teia complexa de relações entre organizações da sociedade civil, instituições públicas, empresas privadas, fundo, programas e comunidades locais.

Agentes agroflorestais indigenas. Foto: Acervo/Secom

“O mapeamento mostra que a governança da restauração na Amazônia é robusta, mas também expôs gargalos”, explica Camila Franco, analista de projetos e pesquisa do WRI Brasil e uma das autoras do estudo. “Entre os gargalos, estão a baixa representação de povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores/as familiares, que aparecem nas redes enquanto atores relevantes, mas não participaram efetivamente dos espaços de escuta e articulação usados para desenhar a rede”, afirma.

O estudo identificou que a limitação de acesso à infraestrutura digital é um dos principais fatores que compromete a participação plena desses grupos em processos colaborativos, sendo fundamental a implantação de metodologias mais inclusivas para garantir a representatividade desses atores.

A análise das redes revelou ainda que instituições privadas sem fins lucrativos (como ONGs nacionais e internacionais; e centros de pesquisa) ocupam posições centrais nas trocas de informações técnicas, recursos financeiros e monitoramento. Essa centralidade reflete o histórico de atuação dessas instituições na restauração amazônica, seja pelo acúmulo de conhecimento técnico, seja pela capacidade de mobilizar recursos internacionais. No entanto, essa mesma concentração é também um ponto de atenção: mudanças políticas ou cortes de financiamento podem fragilizar essas conexões e comprometer o avanço das iniciativas.

Reflorestamento em comunidade de Manaus. Foto: Tiago Correa

Com base nos dados, o estudo propõe recomendações práticas para aprimorar a governança da restauração, como: ampliar a presença de atores locais nas redes e nas decisões; fortalecer o financiamento de longo prazo e as capacidades institucionais nos territórios; articular políticas públicas estaduais e federais com a atuação de iniciativas comunitárias e produtivas e integrar saberes técnicos e tradicionais para restaurar com base na realidade amazônica.

O estudo é uma contribuição para fortalecer não apenas os membros da Aliança pela Restauração na Amazônia e outras iniciativas voltadas à restauração, mas também pode influenciar os tomadores de decisão na alocação de recursos de modo a sanar os gargalos apontados pelos especialistas.

Leia também: Pesquisadores identificam alta concentração de terras raras no interior de Roraima

Sobre o WRI Brasil

O WRI Brasil é um instituto de pesquisa que trabalha em parceria para gerar transformação. Atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções para que as pessoas tenham o essencial para viver, para proteger e restaurar a natureza, pelo equilíbrio do clima e por comunidades resilientes. Alia excelência técnica à articulação política e trabalha com governos, empresas, academia e sociedade civil.

O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI). Fundado em 1982, o WRI conta com cerca de 1,7 mil profissionais pelo mundo, com escritórios em Brasil, China, Colômbia, Índia, Indonésia, México e Estados Unidos, além de escritórios regionais na África e na Europa.

*Com informações da WRIBrasil

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