‘Célula Selvagem’: RPG de mesa com temática amazônica tem Cuiabá como cenário

No jogo, a cidade mato-grossense sucumbiu a um ecoapocalipse e o sobrevivente precisa lidar com os perigos desta nova realidade.

A siga RPG significa ‘Role Playing Game’, em tradução livre ‘jogo de interpretação de papéis. Ou seja, o RPG é um jogo onde a pessoa interpreta um personagem e, a partir disso, cria uma narrativa ou história. 

Sem dúvidas nenhuma, o RPG mais famoso é ‘Dungeons & Dragons’, de 1974. O game criado por Gary Gygax e Dave Arneson influenciou diversos outros que surgiram durante os anos.

Livro ‘Célular Selvagem’. Foto: Divulgação

Existem RPG’s para todos os gostos, inclusive, com temática amazônica. No Mato Grosso, por exemplo, a equipe da produtora Pahca Games desenvolveu o RPG de mesa ‘Célula Selvagem – Testamento da Terra’, que faz o jogador assumir o papel de um sobrevivente que precisa enfrentar diversos perigos devido a um ecoapocalipse.

A história original foi concebida pelo escritor e fã de RPG, Caio Ribeiro, que orquestrou toda equipe junto a seu parceiro criativo, Pahblo Smorcinski, que assumiu a gerência de programação de ‘Célula Selvagem – Testamento da Terra’.

Confira a sinopse do game: 

Em um futuro (distópico?) em que as atividades humanas aceleraram o aquecimento global, intensificando seus efeitos colaterais, como mudanças nos regimes das chuvas e períodos de seca mais longos e severos, surge uma tecnologia com capacidade de controlar o clima.

Essa é a premissa de ‘Célula Selvagem – Testamento da Terra’, um RPG de mesa desenvolvido pela Pahca Games, em que jogadores assumem o papel de sobreviventes em um ecoapocalipse desencadeado por S.A.R.A.H (Ser Artificial Restrito ao Aprendizado Humano).

No universo fictício, o Estado de Mato Grosso passou a ser o maior produtor de alimentos do mundo e para manter-se no tempo, é o primeiro a investir na tecnologia ‘Célula Selvagem’, para gerenciar ciclos climáticos ao seu bel prazer.

Porém, alguma coisa dá errado e Cuiabá se torna uma cidade em ruína com passagens desertificadas, planíces alagadas e florestas densas habitadas por animais geneticamente modificados, dotados de força e inteligência incomuns. É neste ambiente que seres humanos tentam sobreviver – quantos dias conseguirem-, sob a vigília de S.A.R.A.H.

Um mapa no livro revela a cidade dividida em três cenários onde os biomas a dominaram: Cerrado – porém desertificado -, em alguns pontos vira planície alagada e em outros, a selva amazônica se sobrepõe. Cartões-postais, como a Catedral Bom Jesus de Cuiabá e a Arena Pantanal, ressurgem totalmente alterados com o domínio da natureza.

Descrição do jogo  ‘Célula Selvagem’.

Mapa de ‘Célula Selvagem’. Foto: Divulgação

Pesquisa 

Não pense que criar um RPG é fácil. Para pensar em toda a narrativa, Caio Ribeiro conta que realizou intensa pesquisa, desde a geografia e passando pelos costumes do Mato Grosso que poderiam agregar a história.”Também realizamos um estudo sobre raízes comestíveis, plantas e frutas que podem ser usadas como remédio ou alimento pelos sobreviventes e dizem muito sobre nossa região”, contou.

Já os animais, como sucuris gigantes, a onça-dente-de-sabre e a gangue de macacos que amedrontam sobreviventes na região central de Cuiabá foram materializados pelo ilustrador Kauê Daiprai.

Ele usou software 3D para construir as paisagens da Cidade, para dar ponto de vista de leitura aos jogadores. “Como não conhecia Cuiabá, decidi fazer um mapa tridimensional da cidade e ir construindo os cenários das ilustrações baseados nessa blocagem 3D, para ser o mais fiel possível”, disse o ilustrador.

Mapa visto da pespectiva dos jogadores. Foto: Divulgação

Responsável pela curadoria científica, Pahblo – que também é estudante de biotecnologia – pensou as regras do jogo. “Busquei uma meneira de deixar esse mundo coeso e então, criei as regras. Claro que há soluções mais fantasiosas, afinal, se trata de uma obra de ficção. Mas tentamos, dentro do possível, criar um ambiente crível, extrapolando as tecnologias atuais”, explica.

Ele trabalhou ao lado de Guilherme Tchornei, o programador responsável pelo APP. “Estamos vivendo no futuro e o RPG acompanha este movimento. Antigamente as fichas de personagens eram feitas no papel, editadas a lápis. Pensamos no APP justamente para que seja mais portátil e prático de acessar. Com a ficha no celular ou no computador, não precisa de papel, caneta e nem de dados”, comenta Guilherme.

Personagens 

No jogo, existem cinco funções disponíveis para criação dos personagens. Caçadora-Coletora é paciente e estável, responsável por caçar e coletar itens, enquanto a Rastreadora é silenciosa e furtiva, responsável por rastrear inimigos e informações. Batedora é a aventureira curiosa, responsável por explorar os lugares conhecendo rotas e pontos seguros.

Escambista é o carismático bon vivant que cuida das negociações, trocas e diálogos nem sempre diplomáticos. Neutralizadora lida com ameaças. Sua bravura protege o grupo de qualquer tipo de perigo. Socorristas dedicam suas vidas a ajudar e cuidar de seus companheiros, sendo os guardiões da saúde do grupo.

Foto: Divulgação

Livro e APP 

O livro digital ‘Célula Selvagem – Testamento da Terra’ acompanha todos os manuais e regras, a história do jogo e a primeira campanha oficial. O projeto conta ainda com um aplicativo de gerenciamento de fichas para tornar a criação de personagens e atualização de dados mais eficaz.

A história que desencadeou no ecoapocalipse é contada a partir de fragmentos de jornais diários e relatórios reunidos por Marcus Madureira no chamado “Testamento da Terra”, um personagem da trama que o criou para que as gerações futuras soubessem como tudo começou. Foi o artista visual e designer Maurício Mota que trabalhou nisso, criando os layouts dos arquivos e logomarcas exclusivos.

No site oficial da Pahca Games, os interessados podem adquirir o livro digital por R$ 35. Já o aplicativo funciona tanto em celular, quanto em computadores. 

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