A viagem aos Estados Unidos da América de Saul Benchimol

Foto de capa: Nason House abriga o Centro de Estudos Latino-Americanos e de Fronteiras da New Mexico State University por quase 40 anos. Fonte: https://newscenter.nmsu.edu/

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

A cidade de nascimento não é apenas um lugar geográfico. É muito mais, também um lugar no passado que se encontra dentro da memória de Saul Benchimol. 

A terra natal guarda um tempo que não permite o esquecimento. É desse tempo que emerge um tropel de imagens retidas e imortalizadas pela memória. Há faces, lágrimas, raízes, jardins e céu azul de nuvens claras de uma Manaus ensolarada.

Dessa feita, a terra natal se encontra em dois lugares, no espaço físico e no espaço interno da memória totalmente peculiar do nosso ser de onde emanam lembranças e saudades.

Era chegada a hora de embarcar para os Estados Unidos da América. Afinal, Saul Benchimol tinha conquistado uma bolsa de estudo pela Fulbright Scholarship, para cursar Mestrado em Economia e Sociologia em Albuquerque no Novo México. 

Manaus daquele período era aquele lugar com profunda raiz para Saul Benchimol, não é exagero comparar a cidade de Manaus com aquele mundo dos Estados Unidos da América. Nossa cidade, nessa época, tinha a simplicidade de moradores que quase sempre se conheciam, acrescida do verde e do silêncio que era quebrado com a passagem do bonde como uma partitura musical desprovida de notas. Mais do que isso, os moradores ainda vinham almoçar em casa pois o comércio fechava suas portas para o almoço, cuja maioria das casas não tinham garagem e a noite sentavam à porta para longas conversas com a vizinhança.

A viagem para os Estados Unidos da América tinha o grande objetivo de construir conhecimento e era muito raro as famílias mandarem seus filhos para estudar no exterior.

Professor universitário Saul Benchimol. Foto: Acervo da família.

Afinal, a formação educacional sempre foi um detalhe importante entre as famílias judias. Mais tarde, transferiu-se para Yale University, concluindo o curso de Economia Internacional.

Saul Benchimol, nesse período, tinha que administrar suas economias, pois viver nos Estados Unidos da América, mesmo com uma bolsa de estudo, não era fácil. Naturalmente, sua família aqui em Manaus procurava ajudar dentro das possibilidades de seus recursos.

O casamento de Saul Benchimol e Rosalie Esther Benchimol nos Estados Unidos da América

O jovem estudante Saul Benchimol encontrou na Universidade a jovem estudante de Paleontologia Rose Esther Kriski e que, mais tarde, passaria a chamar-se Rosalie Esther Benchimol, aquela que seria sua companheira da vida inteira, em um ambiente incomparável de harmonia, compreensão em uma só comunhão de interesses, cuja vida a dois iniciava nos Estados Unidos da América.

Foto: Acervo/Abrahim Baze

Saul Benchimol, advogado formado pela Universidade Federal do Amazonas, era nesta época bolsista da Fulbright Scholarship na mesma University of New México, em Albuquerque no Novo México, em que ele estava cursando o mestrado em Economia e Sociologia.

Após um ano de estudo, transferiu-se para Yale University, onde cursou Economia Internacional. Ela, Rosalie Esther Benchimol, cursava também na University of New México. 

Contraíram matrimônio na Sinagoga Beth Sholam na cidade de New Haven em Connecticutt, no dia 12 de maio de 1959, e receberam as bençãos nupciais do Rabino Bernard Cohen. Outro fato histórico e interessante é que no dia anterior haviam se casado o ator Eddie Fisher com a também atriz Elizabeth Taylor. Naturalmente, os dois encontraram a sinagoga ainda extremamente ornamentada, o que facilitou o enlace do jovem casal, afinal não havia recursos para tal. 

Agora casados, foram viver em. Connecticult na cidade de New Haven. As dificuldades eram grandes. Saul e Rosalie ainda estudantes, mas agora casados, viviam com poucos recursos.

Entretanto, destemidamente, a procurar de seus interesses enfretaram muitos problemas na busca de solidificar o casamento e concluir seus estudos. 

Saul e Rosalie dedicaram-se, nesse período, à conclusão dos cursos, ambos dedicados e de inteligência brilhante, logo concluíram seus objetivos.

Com o passar do tempo, veio a gravidez da primeira filha, ainda nos Estados Unidos da América. Nascia assim a primeira filha do casal: Débora Benchimol, o que de certa forma, além de completar a vida do casal, haveria de trazer felicidades, aumentando, naturalmente, as responsabilidades e consequentemente as dificuldades financeiras. Moravam em um apartamento alugado e muito pequeno, afinal era o que as posses lhes ofereciam.

Sua esposa, por sua vez, foi firmando na mesma linha do exemplo do esposo, tendo como princípio de vida economia e participação nas decisões de administrar seu tempo como esposa, mãe e estudante.

Era assim uma situação inusitada, dois estudantes que se apaixonaram e resolveram constituir uma família. Ela, nascida nos Estados Unidos da América, e ele no Brasil, nascido em uma cidade em plena floresta Amazônica.

De certo modo, o fato de estudarem na mesma Universidade permitiu a aproximação um do outro. Foram muitos os percalços enfrentados, porém tudo era motivo de satisfação para o jovem casal, cheios de amor e planos para o futuro após a formatura. Como bons judeus, caminharam juntos por toda a vida.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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