O Palácio da Presidência, hoje Museu da Cidade de Manaus

Inúmeras e infrutíferas tentativas foram feitas no sentido de construir um palácio, no Estado do Amazonas, mas esse prédio localizado na praça Dom Pedro II continuou servindo de Palácio do Governo até 1917.

Foto: Álbum ‘The City of Manáos and the Country of Rubber Tree: Souvenir Of The Columbian Exposition, Chicago, 1893’

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

Segundo o autor Otoni Mesquita, o primeiro palácio erguido em Manaus foi construído na administração do governador Lobo D’Almada, quando este transferiu para a Barra a sede da Capitania de São José do Rio Negro entre 1791 a 1798. No entanto, em 1823, este período já estava bastante maltratado, pois o vigário José Maria Coelho dizia na época que o chamado Palácio do Governo, assim como outros prédios públicos, estavam cobertos de palha, em ruínas e sujeitos a incêndio.

Ao assumir a presidência da Província do Amazonas em 1852, João Baptista Tenreiro Aranha teve que alugar um sobrado para instalar a presidência, até porque era o único prédio nacional em condições de atender aquela jurisdição. Comunicou o fato à Corte, solicitando a verba para a construção de um palácio com as devidas acomodações. Posteriormente, outros administradores mantiveram a solicitação e não pouparam críticas quanto as péssimas condições de conservação do prédio onde funcionava o palácio.

Em 20 de outubro de 1873, o diretor da Repartição de Obras Públicas, Leovegildo Coelho, decidiu projetar um palácio para o governo e, em 22 de novembro do mesmo ano, apresentou o projeto para a construção do prédio, junto ao cálculo das despesas a serem feitas com a obra, mas afirmava que até o dia 10 de fevereiro de 1874 nada tinha resolvido a respeito por depender de aprovação do governo imperial.

Por sua vez, segundo o pesquisador Antônio Loureiro afirma, a pedra fundamental desse prédio foi lançada em 1° de janeiro de 1874 e deveria abrigar o Paço Câmara, mas, por ordem do presidente José Clarindo de Queiroz, em 1880, sofreu algumas reformas para servir de Palácio da Presidência. No exercício de 1881 a 1882, foi alugado pela província por quatro contos de reis anuais e em 1884 o prédio estava concluído.

antigo palácio agora é museu de manaus
Hoje o prédio abriga o Museu da Cidade de Manaus. Foto: Alex Pazuello/Semcom Manaus

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Em 1885, o presidente interino da Câmara Municipal, Sebastião Mello Bacury, afirmou que esse edifício continuaria servindo de Palácio da Presidência e já pago recebendo o contrato de última prestação no exercício corrente no valor de 41.000$000 reis.

Então a presidência da Província do Amazonas ocuparia este prédio neoclássico, na Praça Dom Pedro II. São muito os dados sobre sua construção nos relatórios presidenciais. A construção deste Palácio do Governo pareceu esquecida por muito tempo, pois em seus relatórios deixaram de mencionar o assunto, entretanto, eram muitas as datas sobre a sua construção.

A situação não foi solucionada e prolongou-se até mesmo após a Proclamação da República, sendo a questão retomada pelo governador Eduardo Ribeiro em sua mensagem de primeiro de junho de 1892, na qual criticava o pagamento de 600$000.00 (seiscentos mil reis) mensais pelo aluguel do prédio onde se mantinha instalada a Presidência do Estado. Em seguida Eduardo Ribeiro ordenaria a Repartição de Obras Públicas, terra e colonização que organizasse a planta e o orçamento para a construção de um palácio.

Inúmeras e infrutíferas tentativas foram feitas no sentido de construir um palácio, no Estado do Amazonas, mas, esse prédio localizado na praça Dom Pedro II continuou servindo de Palácio do Governo até 1917, quando o governador Pedro de Alcântara Bacelar adquiriu com recursos do estado um palacete de propriedade particular e nele instalou o Palácio Rio Negro e atual Centro Cultural.

Doutor Pedro de Alcântara Bacelar. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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