Mário Ypiranga Monteiro e a consolidação do Roteiro Histórico de Manaus

Desde o ano de 1932, o historiador vinha dedicando-se ao tema, inspirado pela leitura do livro 'Ruas de Lisboa', comprada em umas de suas viagens à Europa.

Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br 

O historiador Mário Ypriranga Monteiro enriqueceu a época com o lançamento a Historiografia do Amazonas com a obra Roteiro Histórico de Manaus, em dois volumes. Desde o ano de 1932, o pesquisador vinha dedicando-se ao tema. Foi a leitura do livro Ruas de Lisboa, comprada em umas de suas viagens à Europa, que motivou o escritor a debruçar-se ao ofício de investigar a história das ruas, praças e monumentos da nossa cidade.

Já naquela ocasião, residindo à rua Quintino Bocaiúva, entre Dr. Almino e Joaquim Nabuco, deu início ao trabalho somente interrompido quando foi nomeado professor primário em Santo Antônio de Borba. Retornando deu início as suas pesquisas de campo e gabinete.

Em 1945, publicou em fascículos o início do trabalho, com o título História das Ruas de Manaus. Com o lançamento da presente obra à época em dois volumes o autor consolidou seu intenso trabalho de pesquisa e ofereceu a sua cidade uma fonte inesgotável de informações de alamedas, logradouros, avenidas, bairros, becos, bicas, colônias, distritos, esquinas, igarapés, jardins, lagos, monumentos, praças, prédios, rampas, ruas, travessas e vielas. O autor, além de preciosas informações, deixou embalar o seu lado romântico e poético, destacando cada momento, belas poesias, provando desta forma seu eterno amor por Manaus.

A obra fez-se acompanhar de fotos das nomenclaturas e ricas biografias dos referidos patronos, a partir de sua origem até os dias atuais, transformando pequenos arabescos em grandes carpintarias literárias, ao exemplo deste poema:

“[ ] … Chamou-se em vida Eduardo Ribeiro. Mas foi um rio de harto cuadal: palácios, ruas, praças, roteiro. Do pensador que ele foi. Requeiro seu monumento na capital.”

Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

O escritor Mário Ypiranga Monteiro nasceu em Manaus no dia 23 de janeiro de 1909. Membro titular e ex-presidente da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Histórico Geográfico do Amazonas e que também foi presidente. Começou a escrever ainda aluno do então, Ginásio Amazonense Pedro II, hoje Colégio Estadual, em 1927. Escreveu e criou o Jornal O Estudante o qual dirigiu e mais tarde o 12 de Agosto.

Publicou diversos pontos amazônicos e também poesias, na revista O Malho e Fom-fom do Rio de Janeiro. Daí em diante, não mais parou de produzir, em constante colaboração aos jornais de Manaus. Dedicou-se durante toda sua vida, sobretudo, a história e ao folclore de Manaus.

Em 1930, a 12 de agosto foi líder espiritual da Revolução Estudantil que deu margem a transformação no plano politico do Estado. Professor e sociólogo respeitado, publicou mais de 150 obras. Alguns desses trabalhos tiveram repercussão nacional e internacional com tradução para o alemão, inglês, espanhol e italiano em revistas europeias e americanas.

O Colégio Amazonense D. Pedro II é considerado a instituição pública de ensino mais antiga da capital. Foto: Divulgação/SEC AM

Mário Ypiranga pertenceu a inúmeras instituições culturais e foi detentor de várias honrarias. Foi pesquisador em Ciências Sociais do IMPA, professor de Literatura Portuguesa e Brasileira em duas cadeiras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Amazonas.

Com a história marcada pela riqueza das palavras passeou pelo mundo e especialmente entre nós. Não se pode ler ou falar da História do Amazonas sem buscar as obras referenciais do mestre Mário Ypiranga Monteiro.

Historiador, pesquisador, professor e escritor, foi ainda um observador da cidade como ninguém, sempre atento aos seus contrastes e procurou demonstrar e acompanhar o nosso progresso. Viu de forma positivo o aumento das faculdades particulares, o acesso à população à essa educação.

Tornou-se Bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito do Amazonas, em 1946. Lecionou Geografia, Historia, Antropologia e Literatura Portuguesa. Sua participação no IMPA foi fundamental, foi membro do Patrimônio Histórico e Artístico do Amazonas. Foi professor honorário do Institut Humaniste, de Paris, França e da Phylo-Bizantine University, de Madrid, Espanha.

Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

*Matéria publicada no Jornal A Notícia no caderno de Visão. Sexta-feira, 11 de setembro de 1998.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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