Coronel José Cardoso Ramalho Júnior. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br
Sereníssimo Grão-mestre com grande experiência na Administração da GLOMAM, tendo como Eminente Grão mestre Adjunto o irmão Nicolau Tolentino. O Coronel José Cardoso Ramalho Júnior foi iniciado maçonicamente no dia 9 de agosto de 1890 na Grande Benemérita Loja Simbólica Esperança e Porvir n.° 1, tendo sido por vários anos seu Venerável Mestre e dando dignidade ao primeiro malhete da loja.
Sua vida maçônica fora de grande importância no Amazonas. No dia 5 de março de 1899, a Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana, pelos bons serviços prestados conferiu-lhe o titulo de membro honorário. Admitindo como filiado livre na Grande Benemérita Loja Simbólica Amazonas n.°2 no dia 11 de março de 1899, foi agraciado no dia 1 de maio de 1899, como título de membro honorário do Grande Oriente do Supremo Conselho do Brasil. No dia 30 de agosto de 1900, toma posse como membro fundador do Consistório de Príncipes do Real Segredo do Estado do Amazonas.
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Foi admitido como filiado livre da Grande Benemérita Loja Simbólica Aurora Lusitana no dia 11 de novembro de 1901. Foi agraciado com a patente de Grande Inspetor Geral da Ordem do Grau 33 no dia 5 de maio de 1911, foi investido no Grau 32 pelo Supremo Conselho da Maçonaria Portuguesa, no dia 7 de outubro de 1901. Foi lhe concedido o título de Benemérito da Grande Benemérita Loja Simbólica Esperança e Porvir n.° 1. No dia 25 de junho de 1906, foi admitido como filiado livre da Grande Benemérita Loja Simbólica Fraternidade Amazonense no dia 14 de junho de 1910, tendo exercido nesta Loja por sucessivas administração o autocargo de Venerável Mestre.
No dia 4 de fevereiro de 1933, por ato do Sereníssimo Grão-mestre da Grande Loja do Estado de Pernambuco é nomeado seu Grande Representante daquela Grande Loja como também garante de amizade junto ao Grande Oriente do Estado do Amazonas e Acre. Eleito Grande Comendador do Consistório do Sublimes Príncipes do Real Segredo do Estado do Amazonas. No dia 15 de agosto de 1936, tornou-se Membro Benemérito da Grande Benemérita Loja Simbólica União e Perseverança, foi também membro honorário do Grande Oriente do Amazonas e Acre.
No dia 9 de setembro de 1910 o Presidente da República do Brasil fez publicar no Diário Oficial da República, na coluna do Ministério dos Negócios Estrangeiros na Concessão do Honroso Titulo de Comendador da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo em reconhecimento aos inestimáveis serviços prestados ao país.
O Coronel teve participação efetiva de seus esforços para que o Brasil mantivesse a soberania do território do Acre. Foi um maçom dedicadíssimo, tendo como marca de sua administração o coração generoso, sempre voltado para ajudar os irmãos.

“[…] O Coronel José Cardoso Ramalho Júnior do Amazonas nasceu a 7 de abril de 1866, falecendo no Rio de Janeiro a 18 de setembro de 1952. Foram seus pais José Cardoso Ramalho e Maria Francisca da Conceição, ele português, ela brasileira.
Ramalho Júnior fez seus estudos primários em Manaus e os preparatórios em Portugal.
Regressando a sua terra, empregou-se no comércio, ao mesmo tempo ajudando o seu genitor nas labutas da correspondência e prestação de contas de mestre de obras. Dinâmico e inteligente, não lhe foi difícil abrir caminho nos arraiais da politica, contando com as influências dos próceres da época situando-se ao Partido Democrata. Foi eleito Deputado a Assembleia Legislativa. Seu nome foi indicado para vice-governador do estado, na chapa do capitão Fileto Pires Ferreira para governador no quatriênio de 1896-1900.
Entra na função do cargo. Acontece, porém, que o governador Fileto Pires, em 1896 transmite o poder ao seu substituto legal, viajando para a França, com a devida permissão do congresso Legislativo e por motivo de moléstia. Em Manaus tudo ficará em paz e em plena confiança. Uma vez chegando a Paris, o congresso, o mesmo Congresso Foguetão, aceita um pedido de renúncia de Fileto Pires Ferreira, pedido escandalosamente falso.
O Coronel Ramalho, substituto passa a ser o efetivo, até o fim do mandato. A renúncia foi uma das maiores farsas praticadas em nome da lei e do regime republicano. Campos Salles era Presidente da República.
Outros grandes acontecimentos de âmbito nacional atinentes ao Amazonas, se passaram no interregno da administração do Coronel Ramalho Júnior. Sem dúvidas o maior foi a Revolução do Acre, na qual o Brasil ganhou a partida, mas, o Amazonas perdeu grande parte do seu território, essa área que constituiu o território do Acre e há pouco, o estado do Acre, tudo contra o estatuto em nossa Carta Magna de então.
O Governo Federal parecia ter o propósito de entregar o Acre à Bolívia, outra coisa não significando a ordem de se permitir a instalação de uma alfândega mista em zona que disputávamos.
Mas Ramalho Júnior não concordava com esse esbulho. Levantou-se, mandou recurso para que a luta continuasse, o que sucedeu, dando lugar ao Tratado de Petrópolis. O manifesto que no auge da camonha, o governador amazonense mandou ao povo acreano, desconhecido, foi há pouco descoberto e estampado no jornal estado do Acre, da cidade do Rio Branco, de 12.12.1963.
Ramalho Júnior casou-se três vezes. O terceiro casamento foi com sta. Leonarda Antônia Malcher, filha de Leonardo Malcher. Deixou três filhas, Judith Ramalho Viana, viúva do sr. Manoel Esperança Viana. Magnólia casada com o dr. Júlio Nery, ex-integrante Federal no Amazonas, Myosotis, casada com o sr José Victor Sobrinho.
O Coronel José Cardoso Ramalho Júnior morreu pobre e tranquilo, pondo a larga durante a vida o seu grande coração e seu patriotismo dentro daquela boemia espiritual que sempre foi digno do seu temperamento”.
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Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista
