Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br
Querida Belém!
Nos últimos dias tenho pensado na ultima viagem que aí estive a convite da poetiza Sarah Rodrigues, era um momento especial, acontecia a feira Pan Amazônica do livro. Tive oportunidade de participar da feira, rever amigos e fazer outros amigos, muito especial os imortais da Academia Paraense de Letras, revendo e vivenciando a Belle Époque dos teus casarões, que a modernidade dos teus sonhos não apagou, os teus desenganos e, porque não, o teu amanhã de uma Amazônia iluminada
O meu sonho de te encontrar em traje de soirée o dernier cri do Paris n’América, te vejo a assistir La Bohéme, no esplendor do teu Teatro da Paz. Em êxtase, a bailar nos saraus do Palacete Pinho, onde impecáveis acepipes foram encomendados à Casa Carvalhaes. Soberbamente cocotte, a mostrar sua arquitetura construída no período do látex. Tardes alegres na matinée do Cinema Olympio e, necessariamente depois, saborear o charlotine, na terrasse do Grande Hotel, às 17h a espera da tradicional chuva da tarde.
Ah! Belém, quanta saudade! E perdoe-me a pretensão de querer ver-te na sedução do teu passado.
Também te vejo e nem por isso menos querida em estamparia de chita, a seduzir a sonolência da cidade velha com a frivolidade do teu comercio pujante. A luz das lamparinas e lampiões perdendo seus brilhos para o sol que acabara de nascer reluzindo frenesi de suor na pele morena de tuas meninas moças, nos batuques, dos arrabaldes da grã-finagem.
Ah! Belém, quanta saudade da hora do ângelus e o quanto das cigarras, cúmplice da missa das 18h da Matriz, com a participação da população simples e dos acadêmicos membros de tua intelectualidade.
Belém querida, me afogo em nostalgia do teu passado glorioso e desperto para o teu amanha venturoso. Preservar os teus retratos, guardar tuas memórias e principalmente recolher tuas ruínas transformando-os os teus pedaços e a partir deles reinventar os teus sonhos.
Permaneço na minha Manaus, a continuar sentindo saudades, com fortes lembranças do tempo que te conheci, lembrando a sombra das mangueiras frondosas da Avenida Nazaré, do Sírio de Nazaré, do carimbó, da tua culinária, que é só tua.
Quero te fotografar na minha mente e apropriar-me de retratos múltiplos e variados na beleza dos tempos de antanho. Teus imortais da Academia Paraense de Letras com seus discursos inflamados promovem as realizações do espírito para cultivar o saber e as artes, que se reveste de uma importância ainda maior. Isso evidencia o compromisso e as responsabilidades dos membros desta casa consagrada ao saber, que trabalham incansavelmente os valores, os bens espirituais e a construção de uma sociedade esclarecida e cidadã.
Academia Paraense de Letras
“[…] Fundada em 3 de maio de 1900, por um grupo de escritores e teve como primeiro presidente Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará. A mais importante entidade literária do Estado do Pará, é a terceira mais antiga do Brasil, depois da Academia Cearense e da Academia Brasileira de Letras.
Os principais objetivos da Academia Paraense de Letras são fomentar o desenvolvimento da literatura e da produção cultural regional, estimular a pesquisa em linguística e literatura e homenagear as realizações de ilustres escritores e estudiosos paraenses. Promove eventos literários, conferências e palestras, além de conceder prêmios literários de prestígio para reconhecer obras de destaque em diferentes gêneros.
A Academia Paraense de Letras (APL) é uma instituição cultural que tem como objetivo promover e preservar a literatura e a cultura paraense, além de reconhecer e homenagear os escritores e intelectuais do estado.
A instituição realiza diversas atividades, como sessões solenes, lançamentos de livros, conferências, debates e premiações literárias. Além disso, a Academia Paraense de Letras mantém uma biblioteca com um acervo significativo de obras literárias paraenses e brasileiras.
A Academia Paraense de Letras desempenha um papel importante na preservação e valorização da cultura e literatura do Pará, promovendo a produção literária local e incentivando o estudo e a divulgação das obras dos escritores paraenses”.
Ivanildo Ferreira Alves – Jurista, atual presidente da Academia Paraense de Letras, tem uma trajetória de conquistas de vários prêmios em seus trabalhos literários. Nasceu na cidade de Maracanã, em 1961, no Estado do Pará.
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista