Quatro anos depois do início da construção, em 1942, o clube saia do Palacete dos Epaminondas, situado na Rua Barroso, onde hoje é a Casa do Estudante, pertencente à Universidade Federal do Amazonas, e passou a ocupar, definitivamente, sua sede própria, o Palácio dos Espelhos, localizado na Av. Epaminondas.
Não foi difícil constituir-se em nossa cidade times de futebol. O apogeu da borracha facilitava com a presença de firmas exportadoras aqui instaladas, cujos escritórios havia grande número de jovens que já praticavam o esporte em seus países de origem. Decerta forma, a economia da época permitia a prática desse esporte, dentre eles, alguns se destacaram o Satélite Club, Naval Foot-Ball Club, Manáos Sporting Club, Manáos Atlétic Club.
“… Na presidência do Dr. Lauro Cavalcante, O Rio Negro foi levado para a residência do seu Vice-presidente Themistocles Soeiro, na Avenida Joaquim Nabuco, 233. Foi nessa sede que se comemorou a grande vitória “Barriga Preta” em 1917 sobre o Nacional Futebol Clube. Nessa sede que foi a segunda, pois a primeira na Rua Henrique Martins 149, residência da família Nascimento. O Dr. Basílio Torreão Franco de Sá transferiu para um prédio maior na Rua Guilherme Moreira 31, canto com a Rua Marques de Santa Cruz, realizando-se ali o segundo baile de aniversário e o Porto de Honra, permanecendo até 1918. A sede entretanto foi ficando acanhada. Na presidência de Francisco de Assis de Souza Guimarães de novo houve mudança de casa. Alugou seu Guimarães do Dr. Argemiro R. Germano o seu palacete à Praça da Constituição n. 10. O Palacete Germano era conhecido também por Chalet da Adelaide, casa de mulheres solteiras. A verve rionegrina foi testada ao máximo, especialmente quando o Nacional Futebol Clube conseguiu alugar para sede a velha “Pension Floreaux” na Rua Epaminondas n 569 um viveiro de polacas. Não queriam saber quantas interpretações saíram das letras significativas N. F. C. e quantos ditados arranjaram os outros para as A.R.N.C.. Não foi longa a permanência do clube no Palacete Germano sua quarta sede. Era sempre a procura de espaço que exigia novos prédios, isto em virtude do sempre crescente número de novos associados. Francisco de Assis Souza Guimarães alugou então o Palacete da Baronesa de Vila Gião, na Rua Marcilio Dias n. 46/48 hoje n. 259, onde posteriormente se localizaria” Casa do Trabalhador”.
Isso ocorreu em 22 de fevereiro de 1919. Aqui, sim, nesta sua quinta sede já havia pano para mangas, por isto que para muitos seria a sede definitiva do clube de Schinda. Foi, sem dúvida, nessa sede que a expansão rionegrina vicejou até não mais poder. Posteriormente, a necessidade por maior espaço físico surgiu novamente, em 16 de novembro de 1924, o presidente Mário do Rego Monteiro, alugou o prédio chamado Palacete dos Epaminondas, na Rua Barroso n. 25, a sexta e última sede alugada do Athlético Rio Negro Clube. O Palacete Epaminondas foi locado do co-proprietário Coronel Albertino Dias de Souza, funcionário estadual.
O simpático clube “Barriga Preta” com apenas cinco anos de existência comprovou, por eleição direta, que já havia penetrado na sociedade manauara. O Coronel Aggeo da Costa Ramos fundou um jornal de fronte ao antigo Banco Meridional, onde mais tarde foi instalada a loja Queive Magazine Ltda., na Avenida Sete de Setembro, n. 860. “A Gazeta da Tarde” assim se intitulava o referido jornal que à época se ombreava com o “Jornal do Comércio”, “A Imprensa”, “Folha do Povo” e “O Tempo”.
De certa forma, foi na sede da Rua Marcílio Dias, n. 4648, hoje, n. 259, o “PalaceteVila Gião” que o clube cresceu de vez e saiu para suas grandes vitórias esportivas e sociais. Isso ocorreu em agosto de 1919, o Presidente do Atlético Rio Negro Clube, o maranhense,Francisco de Assis de Souza Guimarães promoveu o baile da segunda-feira gorda, o baile infantil e o baile de sábado de aleluia e, por consequência, a obrigatoriedade de ornamentar a sede. Foi nesse momento, que nasceu o celebre “Tanguinho” do Maestro João Donizette Gondim.
No caminho para a construção da sede própria, liderada por Flávio de Castro, o clube vinha sempre à frente das realizações sócio-esportivas. Por mais ousados que fossem os adversários, estes jamais poderiam pôr emdúvida as decisões de construir sua sede definitiva.Preparava-se a diretoria para um salto bem mais alto que os que tinha enfrentado até agora, era chegado o momento de construir sua sede própria, muitos foram aqueles que se aliaram a esse momento, como por exemplo, Américo Lages Rebelo, Manuel Rodrigues Lira, respectivamente, tio e pai do professor Manoel Bastos Lira, Raimundo York Storry, Joaquim Azpilicueta, João Huascar de Figueiredo, Aristophano Antony, Romualdo Seixas, Genésino Braga, Jorge de Aguiar Andrade, Oscar Guimaraes Maia e Álvaro Sinfrônio de Melo, todos diretores do clube.
Por iniciativa do Presidente Flávio Augusto de Menezes Castro, que era médico e consultava na “Farmácia Studart”, em uma segunda-feira, dia de reunião do clube, foi lançada a ideia de comercializar o título de proprietário do clube, no valor de um conto de reis. Os diretores Ruy Araújo e Joaquim Azpilicueta foram os responsáveis pela difícil missão de vendados títulos.
Em 1938, começou a concretização da ideia do Presidente Flávio Augusto deMenezes Castro. Na oportunidade, o seu companheiro de diretoria João Huascar deFigueiredo, jurista e orador do clube, escreveu um pedido à Prefeitura Municipal, para a obtenção de um terreno onde se edificaria o Palácio Rionegrino. Não foi uma tarefa fácil, pois Huascar começou a juntar documentos para anexar à petição que buscava provar que o terreno da antiga Praça 5 de setembro, hoje, Praça da Saudade, foi doado ao Schinda Uchoa, em 1913, por Basílio Torreão Franco de Sá, então Prefeito, contudo, à época, não houve a oficialização da doação por parte da municipalidade. Na petição, ainda, Huascar de Figueiredo tentava provar que a faixa do terreno que o Prefeito Ayres de Almeida havia cedido ao clube, no antigo Bosque Municipal, por um mecanismo regular, também foi doado ao 27º Batalhão de Caçadores.
Nessa senda, o então Prefeito, o agrônomo, Antônio Botelho Maia, irmão do sócioBenemérito Álvaro Botelho Maia, Interventor do Estado, encaminhou a documentação para aProcuradoria Jurídica. O Procurador Municipal Dr. José Francisco Monteiro Júnior atendeu ao pedido e encaminhou a solicitação ao Prefeito, sugerindo que atendesse a solicitação do clube. Dessa forma, oPrefeito Antônio Maia, acompanhado do urbanista professorOlímpio de Menezes, propôs ao Dr. Huscar de Figueiredo a doação do terreno onde havia sido o antigo Cemitério São José, diante da Praça da Saudade, pois com o passar dos anos aPrefeitura construiu, no terreno pleiteado, a praça. Nessa permuta, o Atlético Rio Negro Clube, perderia apenas 20 metros se comparado à área solicitada. A solução proposta foi aceita e oPrefeito marcou, no dia 22 de maio de 1938, no seu gabinete, a data para recepção de entregada doação do terreno para construção da sede própria do clube.
Apesar disso, foi apenas em 18 de agosto de 1949, através do Decreto LeiMunicipal n. 164, que o então Prefeito Raimundo Chaves Ribeiro, ratificou a posse definitiva da área. Em 08 de março de 1959, dez anos depois, foi lavrada a escritura pública no Cartório do primeiro tabelião, Dr. Manuel da Rocha Barros. Em 1938, na cerimônia pública de lançamento da Pedra fundamental, a Diretoria convidou Dom Basílio Pereira, Bispo Diocesano, que foi acompanhado pelo seu chanceler R. P.Pierre Mottais, para promover a benção. Foi convidado também Ariolino Azevedo que produziu o croqui da sede que, por intermédio de Manoel Antônio Gomes, foi entregue ao arquitetoAluísio Araújo, no Rio de Janeiro.
Foi escolhido para construir o Palácio Rionegrino a empresa J. Lopes & Cia.,dirigida pelo Sr. Gaspar, conforme indicação feita pelo arquiteto Aluízio Araújo, sobrinho doComendador J. G. Araújo, que concluiu o curso de Arquitetura na Escola Politécnica de Zurich, na Suíça e, posteriormente, regressou a Manaus trazendo consigo o desenhista suíçoAlexandre Deneriaz que, mais tarde, desenhou a planta da Fábrica de Borracha e Vulcanização de Saltos e passou a trabalhar na Manaus Tramways. Antes da inauguração oficial do Palácio Rionegrino, a diretoria promoveu o primeiro Porto de Honra, em 1941, com um almoço da diretoria e convidados.
Quatro anos depois do início da construção, em 1942, o clube saia do Palacete dos Epaminondas, situado na Rua Barroso, onde hoje é a Casa do Estudante, pertencente à Universidade Federal do Amazonas, e passou a ocupar, definitivamente, sua sede própria, oPalácio dos Espelhos, localizado na Av. Epaminondas.
“…Compareceram a este momento festivo o Interventor Federal Álvaro Maia, o Comandante do 27º BC, Coronel Gontram Pinheiro Cruz, o Presidente do Departamento Administrativo do Estado Dr. Leopoldo Peres, o Capitão dos Portos Oswaldo Mesquita Braga, o Secretário-Geral do Estado Dr. Ruy Araújo, o Prefeito Municipal de Manaus Dr. Antóvila Vieira, o Diretor da Fazenda Pública Dr. Leopoldo Amorim da Silva Neves, o Inspetor da Alfandega Dr. Rui Macêdo, o Comandante da Força Pública Policial do Estado Coronel Gentil João Barbato, o Chefe de Polícia do Estado Dr. Oliveira Lima, o Delegado Fiscal Dr. Amadeu de Souza Melo, o Diretor do Departamento de Saúde Pública o Dr. Aristide Lima Verde, o Inspetor Fiscal do Consumo Dr. Antônio Botelho Maia, representantes de todos os clubes, o Presidente da Embaixada Paraense de Futebol, o Jornalista Thomaz Nunes representante da C. B. D. e o Dr. Oscar de Lima Rayol”.
Na ocasião, também estiveram presentes os sócios-fundadores do clube Antônio Rebelo, João Falcão, Leopoldo Amorim da Silva Neves e Ascendino Bastos.
* Lira,Manoel Bastos. Sete Décadas de Barriga Preta. Manaus 1987. Editora Calderaro.
* Ata de inauguração do clube 1942.