Ampliação dos negócios da TV Lar: uma visão de futuro percebida nos detalhes

Amor ao semelhante, no entanto, não pode ser comprado em lojas bonitas e determinadas camadas sociais da comunidade se retraem pelo seu estado de saúde, porém, ela permanece contribuindo com o desenvolvimento social.

A TV Lar Aleixo, dentro da Colônia Antônio Aleixo, em Manaus. Da esquerda para a direita: Pirulito, José Lindoso e Onias Bento. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br 

No decorrer dos dez primeiros anos, apesar de todas as dificuldades do início da empresa, as vendas da TV Lar, em Manaus, mostravam-se bastante favoráveis, com parcimônia e dedicação sendo que tudo levava a crer que o futuro seria promissor.

A bem da verdade, podemos afirmar que todo esse progresso veio com a criação da Zona Franca de Manaus. Também é verdadeiro afirmar que novos estabelecimentos comerciais começaram a surgir e que um grande número de imigrantes passou a investir na área comercial. Nesse momento, as empresas que já vinham atuando no mercado começaram a assumir nova postura empresarial, adequando-se ao momento.

Embora o comércio de Manaus ainda mantivesse o vínculo e as raízes no interior do estado, com empresas aviadoras, a cidade começava a mudar sua estrutura física, quando o grande centro comercial passou a ter suas casas residenciais transformadas em comércio.

Também é relevante afirmar que a chegada desse progresso comercial, e consequentemente financeiro, acabou por nos trazer um grande prejuízo para o patrimônio arquitetônico, pois não havia por parte dos governos estadual e municipal uma politica de preservação, o que provocou a descaracterização dos velhos casarões e sobrados das principais ruas de centro, em nome da modernidade comercial.

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No decorrer do ano de 1977, exatamente no mês de agosto, a Importadora TV Lar amplia sua estrutura física e comercial e abre o Shopping Boulevard. O centro urbano de outrora, voltando para a hinterlândia, já não existia mais, sendo apenas um passado não muito distante que ficara para trás.

Esse vínculo foi perdido porque o interior se tornara decadente e sua economia era extremamente deficitária, tornando-se inviável, e a cidade começava a absorver a modernidade, principalmente na área de eletrônica e o Distrito Industrial, por sua vez, oferecia empregos e provocava o êxodo rural.

Manaus avançava no processo da globalização que passou a refletir a cara do caboclo do Amazonas, provando ser este capaz de montar os mais minúsculos e sofisticados objetos eletrônicos que eram oferecidos no parque industrial e no mundo, tendo recebido as influências e os estilos dos grandes nacionais e internacionais, com os produtos a entrar de formar avassaladora.

Apesar de todos os percalços do interior do estado, a filha da Joaquim Nabuco atendia uma clientela expressiva dessa demanda, muito especialmente do município de Manacapuru. A empresa chegou a ter um funcionário sediado naquela cidade, que efetuava as vendas e trazia os pedidos para Manaus e a empresa promovia o faturamento e a posterior entrega do produto.

Com o passar do tempo, comprovou-se ser viável abrir uma filial na cidade de Manacapuru, tendo isso ocorrido no mês de abril de 1979 e tendo como primeiro funcionário o próprio vendedor de outrora, senhor Francisco Silva. Dessa forma expandia-se a vida comercial na hinterlândia.

Procurando um caminho para ser útil

É extremamente verdadeiro afirmar que ética é a ciência da conduta humana e que toda conduta humana tem um objetivo, como por exemplo a paz e o bem-estar social de uma comunidade, progresso material e espiritual, promovendo a felicidade terrena aos seus semelhantes.

O destino da sociedade e em especial de grupos menores, inclusive empresarial é procurar destacar a felicidade individual de cada pessoa e os valores que lhes modela o caráter, tornando essa sociedade igualitária, modelando algo que traga benefício e um projeto de vida perseguindo pelos indivíduos e principalmente pela sociedade como um todo.

TV Lar Aleixo. Na foto: Onias Bento e José Lindoso. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

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O projeto de vida pessoal de cada um não acontece de forma isolada. Ele definitivamente vai se afirmando a partir de um emaranhado de elementos morais, culturais e principalmente religioso. Portanto, fazer seu semelhante feliz, pouco a pouco vai modelando o caráter dos indivíduos.

O êxodo rural rompeu as antigas formas de viver em pequenas comunidades, culturalmente enraizadas, muitas vezes criando o individualismo sistemático no anonimato das grandes cidades.

O homem José Azevedo rompeu a tradição de isolamento de uma comunidade que, pela sua condição social e infectocontagiosa, viveu por muitos anos alienada da possibilidade de obter bens materiais, por falta de crédito no comércio, por falta de transporte coletivo regular e pela própria condição do portador de hanseníase. A partir disso, passou a oferecer de bem e de felicidade o que se compra nos bons e ornamentados salões dos shoppings center e grandes magazines.

Amor ao semelhante, no entanto, não pode ser comprado em lojas bonitas e determinadas camadas sociais da comunidade se retraem pelo seu estado de saúde, porém, ela permanece contribuindo com o desenvolvimento social.

Em Manaus tínhamos a Colonia Antônio Aleixo, que era habitada pelos nossos irmãos portadores de hanseníase, muitos deles clientes assíduos da Importadora TV Lar. O contato direto de José Azevedo com essas pessoas e a sensibilidade de oferecer mais oportunidade a eles, inclusive dando emprego, levou a empresa a instalar-se na Colônia Antônio Aleixo, dentro da própria comunidade, na Rua Getúlio Vargas, s. n°. No mês de outubro de 1980, a loja foi inaugurada, tendo funcionado durante quatorze anos.

Mais tarde, com a desativação do Hospital Colônia, com a invasão de moradores de outras áreas, tornou-se um bairro, hoje já ligado ao Zumbi e a partir daí a diretoria achou-se por bem transferir a loja para a Cidade Nova, na Avenida Max Teixeira, n.° 3200, Cidade Nova I.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras (AAL) e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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