A extinta Torre de Criação – a arte de criar e recriar

Grupo Rede Amazônica a caminho dos 50 anos.

Este departamento aglutinou profissionais de esmerado talento, cujas, produções generosas marcaram do seu brilho, sustentando a multiplicidade de seus dons e a efígie de seus colaboradores. Seus trabalhos ansiosamente esperados para teste e consequentemente ida ao ar marcam tempo de gestação, como os rebentos de uma floração de oásis.

Na verdade, recolhidos ao silêncio do seu ambiente de trabalho, destacaram-se pelo hábito de recolherem-se a meditação, aprimorando-se no silêncio para a produção do cenário. Há desta forma, nesse ar de paternidade, o ritmo da meditação que se oferece em paz, imune, felizmente, à voragem que desqualifica em muito a produção, em qualquer segmento a ser produzido.

A arte de criar em sua volta, desenvolve-se e vai expandindo-se como as águas amazônicas em seu método próprio de plenificar além das remotas cabeceiras.

Torre de Criação, repositório da arte de criar. Foto: Reprodução/História Rede Amazônica (Abrahim Baze)

A Torre de Criação misturou o antigo com o novo, produzindo maravilhosas sementes que marcou os trabalhos da Rádio TV do Amazonas. Ela foi a razão de tantos momentos de produção, não divide o tempo, porém, distribui no espaço com a vocação dos elementos vitais da arte de criar, do abstrato ao real, com faíscas para a iluminação seleta nos vídeos das televisões da Amazônia e do país.

A Torre da Criação abrigou os setores da Rádio TV do Amazonas, responsáveis pela produção de vídeos e material gráfico para todas as emissoras, Fundação Rede Amazônica e demais empresas do grupo.

C. V. A. Central de Vídeo Amazônia

Foi o departamento responsável pela produção de vídeos, que aglutinou produtores, editores, cinegrafistas e assistentes de produção. A carga do produtor, ficou a concepção da ideia do material, pesquisa, roteiro, coordenação da captação de imagens e da edição. Os editores, trabalhavam em equipe com os produtores, realizavam a edição dos vídeos.

A capacitação de imagens era de responsabilidade dos cinegrafistas, sob a orientação dos produtores e com o auxílio dos assistentes de produção, que cuidavam da iluminação, áudio e cenário.

Ilha de criação não-linear – C.V.A. Foto: Reprodução/História Rede Amazônica (Abrahim Baze)

A. V. G. Amazon Vídeo Graphics

Trabalhava em conjunto com a C.V.A., tendo por responsabilidade toda a programação visual da empresa, além de dar suporte ao visual dos vídeos produzidos. Utilizavam-se de modernos recurso de computação gráfica, produzindo vinhetas animadas, prefixos e assinaturas que fazem o visual da Rádio TV do Amazonas à época. Impressos, logomarcas e páginas Web, eram produzidas por dois designers.

O suporte e a produção de vídeos também eram dados pelos designers, em parceria com dois ilustradores em 2D e um especialista em 3D, que completavam a equipe da A.V.G. Eram eles os responsáveis pela pós-produção e finalização dos vídeos da C.V.A. Apesar da divisão da Torre em C.V.A. e A.V.G., esses departamentos trabalhavam em conjunto e sob uma única gerência.

Os materiais são solicitados pelos diversos departamentos da empresa e comercializados por eles. Esses materiais davam suporte às atividades dos Departamento de Marketing, Comercial, Eventos, Feiras e Jornalismo.

Luziene Pinheiro, ilustradora. Foto: Reprodução/História Rede Amazônica (Abrahim Baze)

Além desses, tiveram a responsabilidade de produzir para o Studio 5 Festival Mall Manaus, Studio 5 Centro de Convenções, Portal Amazônia e programas do Amazon Sat.

A cobertura dos serviços prestados incluía a programação visual, cobertura e divulgação de eventos e feiras, vídeos comerciais, campanhas publicitarias e web design. Produzindo, também, documentários regionais exibidos e comercializados em todo país.

Ilha de edição linear – C.V.A. Foto: Reprodução/História Rede Amazônica (Abrahim Baze)

A característica fundamental dos serviços prestados pela C.V.A./A.V.G. era a integração com as atividades da Rádio TV do Amazonas, o que proporcionava uma reposta quase imediata às demandas dos setores envolvidos, além do padrão de qualidade que se estabelece como marca dos materiais produzidos.

A Rádio TV do Amazonas cresceu. O número de eventos, feiras e produtos oferecidos aumentou, assim, como a sua magnitude. A C.V.A./A.V.G. tem sido solicitada de maneira intensa a atender as necessidades da empresa, dando o suporte ideal a todos os demais setores.

A.V.G e o Grafismo Televisual

Você não precisava ir ao Moma Iorque, ou a Documenta de Kassel, ou ainda à Bienal de Veneza para conhecer algumas das últimas tendências das artes visuais. Uma das mais avançadas galerias de artes do mundo fica bem aí, na sua sala de estar. Bastava ligar a televisão nos intervalos de apresentação dos programas ou os spots de “identidade” da empresa televisual e logo você entrava em sintonia com algumas criações da mais alta qualidade. O alcance de tal informação chegava a todos os níveis culturais, do executivo a dona de casa, todos indistintamente, poderiam alcançar a mensagem do comercial televisivo.

Na televisão, com a sua natureza eletrônica por si só já aproximou de certas tendências mais avançadas na arte de criar e recriar, com a estrutura da sintetização da imagem e com o grafismo eletrônico gerado pelas mãos de importantes profissionais com a op/pop/vídeo/computer art foi inevitável e dele nasceu esse rebento sedutor que é o grafismo televisual ou, como gostam os profissionais de pronunciar na língua inglesa: television graphics. 

Augusto Lopes, designer. Foto: Reprodução/História Rede Amazônica (Abrahim Baze)

Em televisão, denomina-se Graphics todos os recursos visuais Design Gráfico Lettering, Logotipos), em gerais dinâmicos e tridimensionais, destinados a construir a identidade visual da Rede, do programa ou dos produtos anunciados bem como as apresentações de créditos, as chamadas e toda sorte de elementos visuais que se sobrepõem as imagens figurativas captadas pelas câmeras.

O que chamamos de Graphics agora já não está apenas na abertura. Ele por si só contamina todo o fluxo televisual até integrar-se à estrutura exigida pelo Departamento como um todo, naturalmente sempre observando o bem-estar e o alcance da proposta.

A qualquer momento na tela da televisão, letras tridimensionais e figuras geométricas ricamente reproduzidas, com muitas cores e texturas, aparecem sobrevoando o espaço sem gravidade, num movimento vertiginoso. Em geral, sincronizadas a uma trilha musical passam em seguida pelas mais rigorosas transformações geométricas, formando textos e figuras de alta sugestão e condensação, até finalmente, se fundirem no título de um programa ou num logotipo empresarial. 

Foto: Reprodução/História Rede Amazônica (Abrahim Baze)

Na verdade, com o surgimento da computação gráfica a partir de 1962, graças ao desenvolvimento, por Ivan Sutherland, de um complexo sistema de desenho interativo por computador, um campo enorme de possibilidades gráficas se abriu para a imagem eletrônica e, a televisão soube desde o início tirar delas o melhor aproveitamento.

O termo Graphics compreende, em televisão um conjunto bastante amplo de recursos, no qual se incluem títulos e créditos, toda a gama de textos e gráficos necessários dentro de um determinado programa (num telejornal, por exemplo, pode-se necessitar de mapas, reconstituições de esquemas, identificações de fontes, etc.).

A Rádio TV do Amazonas, com o seu Departamento de Criação, tem procurado otimizar suas ações com maciços investimentos neste setor, com máquinas de ponta e profissionais altamente qualificados, de tal sorte que este departamento passou a ser um referencial com suas produções, oferecendo suporte estratégico para produzir-se uma televisão moderna e perfeitamente integrada aos mais atuais referenciais desse setor.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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