Juntamente com a genitália (que é, como esclarece o Aurélio, o “conjunto do órgão copulador e anexos nos artrópodes”), eles, os mamilos, são o patinho feio do corpo feminino. Assim sendo, não devem ser exibidos em público. Ao contrário, cumpre que sejam mantidos longe dos olhos alheios.
Essa norma é um imperativo da moral e dos costumes vigentes neste país tropical. Se ela resulta igualmente de dispositivo legal ou não, é matéria controversa que não cabe discutir aqui. Suponho que o eventual leitor desta crônica esteja imaginando que este introito vá desembocar numa acusação ou defesa do topless.
Esclareço-o logo: nem uma coisa nem outra. Meu intento é apenas o de divulgar o resultado de um levantamento que fiz à beira-mar, durante o verão que pouco a pouco, e infelizmente, vai se encaminhando para seu encerramento oficial. Trabalho sério, embora realizado na base do “olhômetro” atento e imparcial.
Sua conclusão – a qual de certa forma já antecipei de início – foi esta: ao contrário do que se costuma dizer, ler e ouvir, não são exatamente os seios desnudos que sofrem restrição e até punição no Brasil. Contra a exibição de seu formato, de suas cores, de sua rigidez ou flacidez nenhuma reprovação se faz sentir.
Lembrado isso, volto aos mamilos. É através de sua exibição ou não que se costuma avaliar o maior ou menor grau da pudicícia das mulheres de hoje. Se os mantiver cobertos, ainda que, como hoje se observa no litoral e nas piscinas, com uma simples tirazinha à guisa de sutiã, tudo bem, muito a contemplar, nada a reclamar…
Postas estas considerações, resta-me compor um final que as justifique, livrando-as de qualquer conotação picaresca passível de má interpretação. E o que me ocorre é esta lembrança que põe a descoberto este paradoxo: por incrível que pareça, o mamilo é justamente a primeira parte do corpo feminino com o qual o homem visualiza e toma contato, não sem antes reclamá-lo aos prantos…