Fadiga política

Teve fim nesta capital [Manaus], no último domingo dia 28 de outubro, vitimado por falência múltipla dos órgãos, após prolongada agonia e pertinaz resistência, a agremiação política conhecida pelo nome de amazonismo.

Quem derrotou Amazonino não foi seu adversário, foi o próprio Amazonino que na busca pelo poder tentou mais uma vez ser governador. Poderia ter saído, após colocar o Estado em condições de governabilidade como prometeu nesses quatorze meses. Alguns incautos e muitos hipócritas divulgam a versão de que o amazonismo não morreu; pelo contrário, saiu mais forte depois da derrota.

De fato, alguns analistas apressados e superficiais, impressionados com os 40,41% de votos do PDT no segundo turno, estão vendendo a ideia de que Amazonino entrou perdendo e saiu ganhando na disputa estadual, e que tem futuro garantido para concorrer em 2020, para Prefeito. Semelhante visão das coisas é muito parada. Projeta no futuro a situação presente, como se o cenário político fosse estático.

Os incautos e os hipócritas não querem se dar conta de que, para começo de conversa, o desempenho vitorioso do PSL em âmbito nacional deve provocar alterações marcantes no quadro político do País. E isso não porque o PSL possa crescer em ritmo continuado e progressivo, vindo a dominar o cenário nacional nos próximos anos.

Esta doce ilusão que embala os sonhos de um Bolsonaro talvez não se concretize. Em compensação, uma coisa é certa – o sucesso do PSL em tão larga escala deve produzir reações na vida política e no seio da sociedade, atuando como um choque salutar que desperte o governo e nossa própria coletividade do marasmo e do imobilismo em que estamos mergulhados até o pescoço, incluindo aí os Estados como o nosso por exemplo.

O impacto eleitoral decadente do PT assusta (assusta até os próprios petistas) e o susto veio em hora certa, para gerar reações que possam neutralizar os ganhos da oposição e reequilibrar o jogo de forças até 2020.

Amazonino Mendes ocupará o posto que já tem reservado ao lado dos bons companheiros Cabral e Garotinho, representantes de uma ideologia anacrônica e de uma prática política caduca e pouco idônea. Amazonino Mendes foi um ganhador, que até em seu derradeiro suspiro encontra forças para agradecer a boa fé doa amazonenses.

O certo é que os que buscam o poder são extremamente vaidosos. Para alcançarem o poder, valem-se de qualquer método: corrompem e são corrompidos, ameaçam, criam intrigas, unem-se a antigos desafetos e açoitam companheiros que ousem contrariar os seus interesses.

Não possuem meias-medidas e perto deles, Maquiavel nem era tão maquiavélico assim. São os gananciosos pelo poder. Sua personalidade ilustra bem a tese de Octavio Paz que vale para toda a América Latina: “Movimentamo-nos dentro da mentira com naturalidade.”

O maior inimigo de Amazonino não é o PT, nem o PSDB, nem os homens de bem deste Estado. O maior inimigo dele é o tempo. Como é sabido, os aviões têm idade-limite para voar pelo desgaste natural dos metais de que se compõe sua fuselagem. É o que se chama de fadiga dos metais. Tanto tempo na vida pública, que chega a ter inapetência, e carência de aptidão nas relações da administração do quotidiano da vida política, que não é exagero afirmar que também ele está a padecer do mesmo mal.  

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