Para que serve a confiança?

O exercício da confiança é uma conquista diária. Seu valor será ainda maior em momentos de dificuldades, quando precisaremos contar com a confiança de terceiros e de nós mesmos.

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

– Quando estivermos no futuro e você olhar para trás, o que a sua empresa terá construído de mais importante?

– Não tenho dúvidas que é o conceito de nossa marca. As pessoas confiam nela e isto é dito espontaneamente.

Elas não entendem bem o processo e nem o porquê, mas sabem que existe uma preocupação com a qualidade do alimento, com a saúde do consumidor e de todos os envolvidos na produção, incluindo o solo e o próprio produtor. Nossa marca transmite a nossa filosofia e os nossos valores. É isto o que vai ficar para o futuro e posso dizer que é o legado que estamos construindo.

A pergunta é feita para o CEO de uma empresa de alimentos que é reconhecida como uma referência no impacto social e ambiental que provoca. Para este CEO, o maior patrimônio desta empresa é a confiança conquistada em 30 anos de existência.

Vem da Finlândia, apontado como o país mais feliz do mundo, uma notícia que também se refere à confiança. A flexibilidade é apontada como o benefício que mais mantém as pessoas felizes no trabalho. Esta flexibilidade é possível, graças à confiança presente nas relações entre empresas e colaboradores. Pelos depoimentos de quem vive esta cultura, não passa pela cabeça dos empregadores que o colaborador tirará algum tipo de vantagem pessoal e, com a flexibilidade de horários, trabalhar menos e prejudicar a empresa. Em contrapartida, o colaborador sabe que a empresa não se aproveitará do benefício da flexibilidade para estabelecer “missões impossíveis” na sua carga horária ou em horários que invadam a sua privacidade. Como toda confiança deve ser, ela é recíproca.

Confiar e ser confiável é uma das necessidades básicas do ser humano, sendo um componente importante da felicidade. Faz bem ser confiável e faz bem confiar. Como nos ensina Mokiti Okada: “A confiança é um verdadeiro tesouro e talvez nem se possa imaginar o quanto influi no destino de uma pessoa o fato de confiarem nela, ou se acautelarem contra ela, por ter má reputação”. Podemos entender que isto se aplica a pessoas e a empresas.

Sabemos que a confiança é forte e é fraca ao mesmo tempo. Forte por tudo que traz quando a possuímos e fraca, porque bastam pequenos deslizes para ser destruída. Há pessoas em quem confiamos e, em outras, não. Há marcas e empresas que confiamos e, em outras, não. Confiamos em nós mesmos para certas coisas e, não, para outras.

Já há muito as marcas vivem de suas reputações. Algumas valem mais do que as próprias empresas, como talvez seja o caso da citada acima. Outras tentam se esconder de seu passado, como é o caso, por exemplo, de construtoras tradicionais, que mudam de nome após escândalos de corrupção. Para o seu desconforto, porém, elas são sempre citadas como: empresa X que é a antiga empresa Y. O disfarce não vai muito longe. Marcas sempre carregam muito mais do que simplesmente o nome. Está lá a confiança ou a carência dela.

E quanto a nós? Podemos confiar em nossa própria palavra ou não darmos tanto valor a ela. Será que podemos confiar quando marcamos um horário com alguém? Ao fazermos o relato de algum acontecimento, é comum exagerarmos um pouco? Somos coerentes entre discurso e prática e nos policiamos quanto a isso?

O exercício da confiança é uma conquista diária. Seu valor será ainda maior em momentos de dificuldades, quando precisaremos contar com a confiança de terceiros e de nós mesmos. A confiança pode ser considerada um elemento fundamental para a construção de felicidade. Vale na Finlândia e vale no Brasil. Vale para as empresas e vale para as pessoas. E você? Como está o seu patrimônio chamado confiança?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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