Para depois do carnaval, antes que a esteira acelere

Não é verdade que no Brasil o ano só começa após o carnaval. Não é verdade, mas que as coisas aceleram mais a partir daí, não há como negar.

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Não é verdade que no Brasil o ano só começa após o carnaval. Não é verdade, mas que as coisas aceleram mais a partir daí, não há como negar. Quando o carnaval acontece em março, como neste ano, parece que o divisor de águas é ainda maior, mesmo quando o ano já tenha começado em ritmo acelerado. Ou seja, se o calendário já estava correndo, vem chumbo grosso por aí.

Não sei se é a sua percepção, mas sinto como se estivesse em uma esteira, destas de academias e que, de repente, a velocidade aumenta bastante, sem eu ter a opção de ficar parado. Ou acompanho a velocidade da esteira ou ela me derruba. Ainda assim, como na academia, posso não sair do lugar.

O excesso de afazeres e a velocidade podem nos gerar a chamada armadilha da atividade, que é quando ficamos tão ocupados que não há tempo para pensar para onde estamos indo, o que estamos fazendo e como estamos fazendo. Mais do que isso: para o quê fazemos o que fazemos?

Um dos vícios de linguagem comuns é o “tenho que fazer” ao invés de “quero ou opto por fazer”. Além de um hábito, a expressão reflete um modelo de pensamento que nos afasta da autorresponsabilidade. Não “temos que” nada ou quase nada. Queremos ou optamos por fazer praticamente tudo o que fazemos e deveríamos nos orgulhar disso. Mas se estamos correndo tanto, cada vez mais acelerados, como refletir sobre questões mais essenciais?

A armadilha da atividade, ao contrário das aparências, nos transforma em seres alienados, que é quando simplesmente agimos, sem a consciência do porquê e para o quê. Um autômato não tem consciência da sua missão e nem desenvolveu um propósito. O que faz é frio e sem espírito. Frequentemente, ele não está presente, apenas o seu corpo.

Investir em autoconhecimento e refletir sobre a Missão, o Propósito e, eu acrescento ainda, o Legado, pode parecer um luxo para quem tem tempo sobrando. Ao contrário, se você tem pouco tempo, ele não deveria ser priorizado naquilo que é mais importante? E importante para quem? Para realizar o quê? Para ir em que direção?

Pessoas de todas as idades, em número significativo, lidam atualmente com o estresse, a fadiga mental, a depressão e a ansiedade. Elas costumam estar associadas à ausência de sentido que Viktor Frankl denominou como o mal do século. A ausência de sentido reflete um desalinhamento entre o que somos, o que desejamos e o que fazemos.

Não buscamos saber quem somos. Desejamos coisas que, muitas vezes, não vêm de nós, mas de demandas externas. Fazemos coisas na frequência do “ter que”, como se fôssemos obrigados a alguma coisa.

Assim, antes que a esteira acelere ainda mais, que tal fazer uma breve respirada e investir um tempo em autoconhecimento e refletir sobre coisas tão essenciais? Qual é a sua missão maior? Qual é o seu propósito hoje? O que você gostaria de deixar como legado?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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