É possível impedir a escalada da violência?

O que é capaz de neutralizar a ira é a consciência. Temos uma natureza boa, mas possuímos dentro de nós, forças contrárias.

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Vivemos momentos de escalada de violência. Há um risco imensurável no Oriente Médio, de consequências imprevisíveis. Já não vivemos a paz armada, mas a guerra armada por alta tecnologia nuclear, restando apenas que os tais botões sejam apertados. Isto poderá acontecer num ataque de fúria de um dos lados, e a irracionalidade ocorreria como uma faísca de fogo que destrói uma floresta milenar em poucos minutos. Neste caso, perderíamos muito mais do que florestas e, talvez, não houvesse alguém para contar a história.

Mas a violência não se limita aí. Na série ‘Os Outros’, em exibição na Globoplay, tudo começa com a briga de dois garotos em um jogo de futebol em um condomínio de classe média no Rio. O conflito se estende à família, aos vizinhos e ganha proporções de tragédia, numa veloz escalada que prende a audiência. É tudo ficção, mas o pior, é que é verossímil.

Indo para o aeroporto de Vila Velha para Vitoria, há um acidente na Terceira Ponte, que repercute por quilômetros. Estou mais de uma hora adiantado do meu horário de embarque. A princípio, mantenho-me calmo. Tenho muito tempo. Mas o trânsito não está devagar, está praticamente parado. Muito raramente avançamos. Começo a me impacientar. Os minutos vão se aproximando e começa a haver risco de eu perder o voo, o que não pode acontecer. É uma reunião importante. Há ainda uma conexão e não há muitos voos para o meu destino.

Em mais de uma vez, uma fila de motoristas “espertos” fura a fila do carro que está imediatamente na minha frente. Por pretensa gentileza, por lentidão ou simplesmente por desatenção, ele permite que “tomadores” se deem bem, atrasando a mim e a todos que estavam atrás.

Sou tomado por um sentimento ruim (raiva, irritação?), não sei se maior pelos que furavam a fila ou por quem cedia passivamente ao abuso. Esbravejo para mim mesmo, com o vidro fechado. Quem reage é minha mulher, zangada, pedindo calma. Respondo no mesmo tom, tentando me justificar. Pronto. A violência escalou. Um silêncio, após isso, amortizou os ânimos. Cheguei a tempo no aeroporto, nos despedimos em paz, mas o clima já não era o mesmo.

De positivo, o episódio me traz o tema do artigo da semana. É possível deter a nossa escalada de violência? Se sim, como fazer isto? E, como escalar a paz, a ponto de transformar o mundo perto e o mundo longe?

A ira está para o ódio assim como o prazer está para a felicidade. Raiva e prazer são emoções de curto prazo, momentâneas. Ódio e Felicidade possuem um caráter duradouro, que ultrapassam a emoção do momento. O ódio e a ira são emoções negativas. A felicidade é positiva, mas o prazer nem sempre. Ele é negativo quando desconsidera as consequências ou quando, como no vício, perdemos o domínio sobre ele.

No vicio ou na ira, podemos perder o controle e somos capazes de atos dos quais seríamos incapazes em nosso estado normal. Quem se manifesta é o nosso lado sombra. É preciso impedir que eles se instalem, pois a partir daí, estamos sujeitos a emoções com grande poder de destruição. Além disso, assim como a felicidade, a ira e o vício têm um forte poder de propagação.

O que é capaz de neutralizar a ira e o vício é a consciência. No Método MCI de Felicidade é apresentado O Exercício da Segunda Pessoa, momento em que observamos a nós mesmos a uma certa distância, o que nos permite enxergar melhor os fatos.

Temos uma natureza boa, mas possuímos dentro de nós, forças contrárias. Se estivermos em estado de consciência, poderemos escolher que lado queremos fortalecer. Às vezes o silêncio, o respirar fundo e um outro olhar poderão evitar que pequenos aborrecimentos se transformem em uma verdadeira guerra, seja em casa, com os vizinhos ou em algo capaz de destruir o mundo.

E você? Tem conseguido evitar escaladas de violência?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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