Para nós brasileiros, durante muito tempo, foi reconfortante ser o “país do futuro”, ou o “futebol arte”, a “nação do carnaval”, um país alegre, cheio de ginga e de jeitinho. Não nos iludimos mais com isso.
Passado este tempo, o último Relatório da Felicidade (World Happiness Report) de 2022, publicado pela ONU desde 2012, traz a Finlândia pela sexta vez consecutiva como o país mais feliz do mundo, seguido da Dinamarca e Islândia, outros dois países nórdicos. Mas como? Lá não é frio e as pessoas não são sérias?
O relatório considera pesquisas realizadas pela Associação Gallup Internacional e utiliza dados como: PIB per capita, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade, apoio social e percepção de corrupção. O Brasil, caindo 11 posições em um único ano, ocupa a 49ª posição, atrás de países como o Chile e o Uruguai e de vários países europeus.
Trata-se de um relatório sério. Ele aborda a felicidade e é sério. Seguramente possui um bom orçamento de investimentos e trata simplesmente do que, para o ser humano é a coisa mais séria, o objetivo maior de seus esforços em tudo o que faz, o de ser feliz. Isto já era destacado há 2.000 anos, por Sócrates, por Platão e por Aristóteles, para ficar apenas nos maiores clássicos da filosofia. De lá para cá, o tema Felicidade esteve presente em todas as religiões e em todas as disciplinas humanas, inclusive na economia e na medicina, algumas vezes disfarçada, como se fosse uma outra coisa o mais importante. Dinheiro, poder, fama e a cura trazem embutidos uma promessa, a de felicidade. Como diriam nossos irmãos portugueses: “mas isto é óbvio, pá” (quase posso ouvi-los dizendo isto na hipótese de lerem este artigo).
Esta verdade tão óbvia não se traduz em realidade para os indicadores de nossa performance como pessoas, empresas, países ou humanidade. Simplesmente tratamos a Felicidade como se não fosse um assunto sério, como se fosse um supérfluo, coisa de pessoas sonhadoras, hipersensíveis ou desocupadas. Tanto é assim que pouco destaque se deu a este relatório, assim como ocorreu com a pesquisa de Cantril em 1960. Tanto na época quanto agora isto não parece tão sério quanto outros indicadores tido como essenciais.
Para nós brasileiros, durante muito tempo, foi reconfortante ser o “país do futuro”, ou o “futebol arte”, a “nação do carnaval”, um país alegre, cheio de ginga e de jeitinho. Não nos iludimos mais com isso, mas, como nação, ainda não entendemos que Felicidade não é sinônimo de uma alegria superficial. Queremos ser felizes. E a Felicidade, dentre as suas importantes dimensões, uma delas é a seriedade.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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