Felicidade é coisa séria!

Neste momento, há muitas empresas que atuam no Brasil e que respiram aliviadas com a notícia de que a nova NR01 só será cobrada em maio de 2026, dando tempo para se adaptarem às novas regras. Algumas saíram do pânico de algumas semanas atrás e voltarão ao pânico semanas antes da cobrança se transformar em multas. Suas crenças as farão adiar as ações e se prender apenas ao que a legislação exige. Elas não enxergam a saúde mental, o bem-estar e a felicidade como oportunidades estratégicas. Atuarão na defesa e não no ataque. A questão é que quem não ataca não faz gol e quem só se defende acaba sofrendo. Promover a felicidade no trabalho, em todos os níveis, é uma questão estratégica, que vai além de promover o bem-estar, que é o básico. Isto se reflete nos sorrisos e nos resultados.

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

O objetivo era aproveitar a convenção anual da empresa para introduzir o tema Felicidade. A alta direção tinha consciência de que promover a felicidade no trabalho, em todos os níveis, é uma questão estratégica, capaz de reforçar ainda mais os resultados positivos que a companhia vem conquistando nos últimos anos.

Trata-se de uma multinacional, presente em 23 países e com ações na bolsa de valores de sua terra natal. Está na sua terceira geração familiar, em mais de cem anos. Além da holding na matriz, sua estrutura é composta por sedes nos diferentes continentes. A do Brasil abrange a América Latina e, nos anos mais recentes, avançou por outros países, dentre eles a Argentina, Colômbia e Chile. Nos últimos três anos, incorporou duas empresas nacionais, atuantes no mesmo segmento, mas com linhas de produtos complementares. Nestes novos negócios, a operação segue com seus fundadores, e a participação da nova controladora se dá, principalmente, a nível de conselho, preservando a sua cultura. A integração ocorre de maneira gradual e cautelosa.

Seu desempenho financeiro, que é um recorde histórico, se destaca dentro do próprio grupo. Nem todas as sedes vão tão bem, e a do Brasil se diferencia, mesmo diante de toda a conjuntura econômica e política, que não favorece o setor. Talvez seja motivo de questionamentos internos. O que acontece na sede do Brasil que não ocorre nas outras, em mercados bem mais promissores?

Olhando de fora, me chamam a atenção duas coisas: o foco na eficácia operacional e resultados financeiros e no olhar para as pessoas. Quanto a este último, não estou me referindo ao chamado bem-estar, que considero básico, mas há algo que vai além, o interesse estratégico no desenvolvimento das pessoas e na sua felicidade.

Neste momento, há muitas empresas que atuam no Brasil e que respiram aliviadas com a notícia de que a nova NR01 só será cobrada em maio de 2026, dando tempo para se adaptarem às novas regras. Algumas saíram do pânico de algumas semanas atrás e voltarão ao pânico semanas antes da cobrança se transformar em multas. Suas crenças as farão adiar as ações e se prender apenas ao que a legislação exige. Elas não enxergam a saúde mental, o bem-estar e a felicidade como oportunidades estratégicas. Atuarão na defesa e não no ataque. A questão é que quem não ataca não faz gol e quem só se defende acaba sofrendo.

Não é o caso da empresa a que me refiro. A agenda da convenção anual demonstra isso. Há momentos de humor e de leveza, incluindo uma festa ao final. Mas há dois momentos em que o assunto é sério: quando são tratados os resultados e as metas para o período anual seguinte e quando é abordado o assunto Felicidade.

Há claramente a mensagem de que não se trata de euforia, de oba-oba e velhos clichês sobre a felicidade. São compartilhados e tratados seriamente os conceitos mais atualizados sobre os estudos da filosofia, da neurociência e da psicologia positiva e como eles se relacionam entre si e com a vida prática. Ou seja, há hoje um forte embasamento científico que, não sendo o mais importante, serve como um forte argumento para os mais céticos. Pessoas e resultados caminham juntos.

Interessante é destacar que a convenção marca também o lançamento de algo mais amplo, que convida os colaboradores, de forma opcional, a participar de um programa que ensina como construir felicidade para si e para outras pessoas. Parece estranho falar em ensinar a construir felicidade, mas é a realidade. Aprendemos muita coisa na escola, mas não a ser felizes, o maior objetivo do ser humano e que é uma responsabilidade do indivíduo, como já dizia Sócrates há mais de 2.000 anos. Como sempre lembro, há modelos mentais e práticas que nos aproximam da felicidade. E isso pode ser ensinado e aprendido.

Não cabe à empresa fazer os seus líderes e colaboradores felizes, mas a ela cabe oferecer o básico, o tal bem-estar. Quando ela vai além e trata a felicidade como coisa séria, todos ganham, e isso se reflete nos sorrisos e nos resultados. Nunca é demais lembrar: fazer o bem é um bom negócio, e a felicidade, como coisa séria, é um excelente investimento.

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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