Em 2023, o que seria o realismo inteligente?

Até certo ponto, a confiança tem o poder das chamadas “profecias autorrealizáveis”. Se eu acredito que o futuro será melhor, eu vou me mexer neste sentido.

Elias retornava de sua primeira viagem exterior com a família. Não foi uma viagem qualquer. Passou vinte dias na Europa e conheceu vários países, acompanhado da mulher. Vindo de família simples de um subúrbio do Rio de Janeiro, era algo muito significativo. Nunca antes, alguém da sua família ou da vizinhança tinha conseguido tal feito. Elias estudou, ganhou confiança e agora era um dos gerentes de um importante jornal da cidade. Estava conseguindo bons resultados e era reconhecido por isso. A viagem era um prêmio para si mesmo, além de um investimento cultural para a família. Elias sentia-se realizado e com muitos planos na cabeça.

Naquela tarde, porém, algo inesperado. Elias foi demitido. “Como assim, o que aconteceu?”, “não pode ser”, era a reação natural dos colegas quando sabiam do ocorrido. Não houve um fato mais sério que justificasse uma situação tão drástica. A reunião com a superintendência era para ser rápida. Alguma situação ocorrida na sua ausência. Algum esclarecimento deste ou daquele fato. O diálogo, porém, não transcorreu bem e saiu do controle, de parte a parte. Parece que em determinado momento, Elias teria dito: “se você não confia em mim, é melhor eu sair”, ao que o chefe teria respondido “ok, então você está fora”.

Foto: Reprodução/LinkedIn

Os amigos de Elias se preocuparam. O Brasil passava por uma de suas crises econômicas, com alta inflação e desemprego. “Você não poderia ter tido mais jogo de cintura? Quem sabe, deixado para conversar depois, com ânimos mais calmos?”. Elias acabara de gastar as reservas que tinha na viagem internacional. Seria hora então de recuar, conter gastos, buscar um novo emprego.

Mas não foi o que Elias fez. Ao contrário, num ato que os amigos consideraram como irresponsável, Elias, simbolicamente, trocou de carro. Comprou um Monza, modelo de luxo, na época, um dos carros mais caros do Brasil, só para grandes executivos. Elias partiu para o ataque. Assumiu uma narrativa vencedora, fez alguns contatos, aqui e ali, cavou oportunidades, desenhou um projeto, procurou possíveis investidores e, em poucos meses, iniciava uma empresa de telemarketing, o que era ainda uma novidade. Esta empresa existe ainda hoje, tendo passado por várias transformações e superado muitas dificuldades, em quase três décadas.

Conhecendo a história de perto, poderia comentar sobre vários pontos de reflexão, de acertos e erros, mas gostaria de destacar a questão da confiança, do acreditar, no que podemos chamar de otimismo.

Até certo ponto, a confiança tem o poder das chamadas “profecias autorrealizáveis”. Se eu acredito que o futuro será melhor, eu vou me mexer neste sentido. Se for um negócio, vou buscar investimentos, vou dar o meu máximo, vou dedicar meu tempo e inteligência. Dependerá de vários fatores, mas é possível que aconteça. Se não acredito, se tiver uma visão mais pessimista para o futuro, não fará sentido todo este empenho e será mais fácil, posteriormente, confirmar que estava certo nas minhas previsões. O realismo será decorrente, em grande parte, do pessimismo ou do otimismo que eu adotar. No caso do Elias, entre acertos e erros, o que pesou foi a confiança, o seu otimismo no futuro.

É esta confiança que diferencia os empreendedores, os realizadores, os transformadores de sonhos em realidade. Tudo começa a existir no invisível. O otimismo é assim, a maneira mais inteligente do realismo. Vale para todos os anos, vale para 2023. 

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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