Crenças que nos libertam ou nos aprisionam

Que crenças o libertam? Que crenças o aprisionam?

Autor: Julio Sampaio

Rodolfo é hoje um empreendedor que pode ser considerado de sucesso, mesmo diante dos desafios que enfrenta, comuns aos empresários de pequeno e médio porte. Conseguiu sobrevier à pandemia, está reequilibrando as contas e tem planos de crescimento. A grande força de sua empresa vem dele mesmo, pela capacidade de trabalho, credibilidade e facilidade de lidar com pessoas, sejam clientes, fornecedores e a própria equipe. Estando na faixa dos seus cinquenta e cinco anos, Rodolfo transmite ser uma pessoa feliz, mesmo que com um estilo mais sério. Este é o Rodolfo de hoje, mas que nem sempre foi assim.

Sério ele sempre foi, mas, anteriormente, ele era uma pessoa fechada e até um pouco agressiva, que vivia na defensiva. Não cultivava relacionamentos e buscava manter distância das pessoas.

Na parte profissional, Rodolfo não se fixava em um emprego, pois não havia vínculos, de parte a parte. Sua relação com o trabalho era puramente transacional, em troca de um salário, baixo ou mediano. Nos relacionamentos, Rodolfo tinha dificuldades em ter um namoro mais sério, desconfiando sempre das intenções das mulheres que se aproximavam. Ou seja, na vida profissional e na vida pessoal, Rodolfo não confiava nas pessoas, e as pessoas não confiavam em Rodolfo.

A reviravolta se deu com a junção de uma crise e a chegada da idade, um momento em que Rodolfo estava desempregado e sozinho. Se aproximava do que, na teoria dos septênios de Rudolf Steiner, é chamada de fase imaginativa (dos 42 aos 49 anos), onde começam a nos incomodar questões mais existenciais e a fazer falta um grau maior de autoconhecimento. Apoiado por um profissional, Rodolfo pôde então identificar algo que era tão forte dentro dele que se confundia com a sua própria personalidade: um forte sentimento de que o mundo é um lugar hostil, onde as pessoas são egoístas e que cuidam apenas de seus próprios interesses. Com esta crença era preciso criar um escudo de proteção.

Demorou um pouco para que Rodolfo tivesse consciência de que este sentimento ou pensamento nada mais era do que uma crença e não a realidade. Só que era uma crença que acabava por formar uma realidade dentro do próprio Rodolfo. Era assim que ele via o mundo e foi nisso que o mundo se transformou. Era preciso mudar esta crença se Rodolfo queria modificar a sua realidade. Não foi tão rápido, não foi tão fácil, mas Rodolfo conseguiu o que podemos chamar de ressignificar a crença. Ela fora herdada de acontecimentos da infância e de experiências que foram se acumulando, e cada vez mais se confirmando. Romper o ciclo possibilitou que Rodolfo entrasse em uma nova realidade, verdadeiramente um novo mundo.

Ressignificar um acontecimento é olhar de uma maneira diferente para ele e contar uma nova história para si mesmo, identificando, por exemplo, aprendizados e ganhos tidos com uma situação, a princípio, negativa. Mas não temos crenças apenas sobre determinados fatos. Carregamos crenças sobre o dinheiro, sobre a família, sobre o amor, sobre o trabalho, sobre a fartura ou escassez, sobre a saúde ou a doença e por muito mais coisas.

Há crenças que nos fortalecem e que nos fazem avançar em relação aos nossos objetivos e à felicidade. Há crenças que nos limitam e que nos afastam deles. Somos em grande parte fruto de nossas crenças, e elas podem nos engrandecer ou nos diminuir, fazendo com que vivamos muito abaixo de nosso potencial.

Passados pouco mais de dez anos, Rodolfo é hoje uma outra pessoa. Tem esposa, filhos, amigos e é admirado profissionalmente. Ter superado uma crença, em um movimento consciente, o libertou de um escudo que não o protegia, mas que o massacrava. Não foram os acontecimentos que mudaram as crenças de Rodolfo. Foram as crenças de Rodolfo que transformaram os acontecimentos.

E no seu caso? Que crenças o libertam? Que crenças o aprisionam?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC, ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livroFelicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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