Colocando propósito na missão

Uma vê o trabalho como chato. Outra inseriu um propósito nele, alinhado à uma missão maior. É o mesmo tipo de trabalho, mas não poderiam ser mais diferentes.

É domingo, um pouco depois das 17h30. O supermercado fecha às 18h. Uma jovem nos atende no caixa. Ela está visivelmente desanimada, como se estivesse arrastando o braço a cada produto que passa no leitor. Pensei que devia ser por causa do final do expediente, principalmente, de um domingo. Pergunto se ela está cansada. “Não estou cansada, não. É que o trabalho é chato mesmo”.

Minha esposa, que está ao meu lado, comenta ao sair. “Recebi um vídeo do cantor Jairzinho, que é exatamente o oposto desta moça. Ele e a mulher Tânia Khalill estavam visivelmente emocionados pelo atendimento que receberam de uma senhora, nos correios de New York. A atendente falava em espalhar amor e fazia isso com cada pessoa”. Vi o vídeo, que também espalha amor, sendo clara a diferença entre as duas situações, a deles e a nossa no supermercado, sendo mesmo opostas.

A jovem e a senhora tinham a mesma missão no cargo que ocupavam: atender as pessoas e receber o pagamento dos clientes. A diferença é que uma delas tinha a consciência de uma missão maior, inserindo um propósito na missão do cargo: espalhar amor. De um trabalho, que pode ser considerado simples, ela transformou em algo superior.

Imagem: Reprodução/LinkedIn

Como vimos em artigos anteriores, a missão é atribuída de alguém para alguém. Já o propósito é desenvolvido interiormente. Ninguém atribui um propósito a ninguém. Ele vem de dentro, é o que toca o nosso coração, o que atribui sentido ao que fazemos. Todos têm uma missão, mas nem todos têm um propósito, que precisa ser desenvolvido. O propósito ganha força descomunal quando alinhado à nossa missão maior. Quando isto acontece, nossa alma vibra e ganhamos um tipo de energia difícil de mensurar.

Assim, como na missão, há níveis de propósito. Podemos falar em um propósito geral, de vida, de um propósito em um papel que exercemos ou um propósito de uma atividade, qualquer que seja ela.

O propósito nos faz colocar espírito no que estivermos fazendo, mesmo que seja algo corriqueiro.

O propósito nos torna cem por cento presentes.

O propósito se aproxima da paixão, mas pode ter uma vida mais longa.

O propósito é uma das dimensões importantes da felicidade, mesmo quando é acompanhado de esforços e sacrifícios.

O propósito, quando alinhado à missão, é fonte de realização, não apenas na chegada, mas na jornada. Há situações em que é difícil distinguir o que é missão e o que é propósito, de tão integrados que estão.

O propósito muda de acordo com o nosso estágio de vida. Uma jovem prestes a ter o seu primeiro filho terá um propósito diferente de quando esta mesma mulher estiver com os filhos crescidos. Neste caso, ela precisará criar um novo propósito.

Não conheço a história das duas mulheres, mas não é difícil imaginar quem é e será mais feliz. Uma vê o trabalho como chato. Outra inseriu um propósito nele, alinhado à uma missão maior. É o mesmo tipo de trabalho, mas não poderiam ser mais diferentes.

E você? Qual o propósito que você pode inserir na sua missão? 

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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