Saiba como o trabalho home office pode prejudicar nossa saúde

A questão é que ficamos tão atolados na rotina de trabalho, que esquecemos alguns detalhes de como estamos fazendo, como nos posicionamos, o tipo de cadeira que usamos, onde nossos braços ficam quando estamos digitando ou fazendo uma ligação.

Ele se tornou febre em tempos de pandemia: o trabalho home office. Por um lado, traz muitos benefícios, como conviver mais tempo com a Família, a tranquilidade de estar em casa e mudança radical da rotina nunca vivida antes. Assim como toda e qualquer mudança traz prós, mas também contras. Entretanto, há formas preventivas de agir para que esses contras não se sobressaiam sobre nós e nos prejudiquem no dia-a-dia.

O conceito home office não se aplica somente para quem está no mercado de trabalho, mas também para quem busca recolocação nesse tempo de crise. Estar desempregado também é trabalhar, porém de outra forma: buscando vagas, captando contatos, fazendo abordagens, enviando currículos. Com essas atividades, milhares de pessoas começaram a sofrer com doenças ou efeitos ocupacionais. Eu sou uma delas.

Foto: Charles Deluvio/Unsplash

Até mesmo antes da pandemia nos fazer reclusos em casa, venho há quase dois anos desempenhando minhas funções profissionais com o tempo maior em home office. De alguns meses para cá, devido a rotina intensa do uso das mãos, fui diagnosticado com um nervo compromisso no túnel do carpo, região do pulso. Na mão esquerda, que é minha mão dominante, está um pouco pior do que a direita, que estava iniciando o mesmo processo da esquerda. No meu caso, não há dor, apenas um incômodo e câimbra em um único dedo.

Como esse tipo de trabalho é relativamente novo para mim, tendo todos os outros anos desempenhado da forma “convencional” de não estar em home office, muitos assuntos eram desconhecidos até esse problema vir à tona. Em um exame terrível de choques e agulhadas em todo o meu braço, para checar o funcionamento dos músculos e nervos, recebi o veredicto final: fazer fisioterapia.

A questão nisso tudo é que ficamos tão atolados na rotina de trabalho, que esquecemos alguns detalhes de como estamos fazendo, como nos posicionamos, o tipo de cadeira que usamos, onde nossos braços ficam quando estamos digitando ou fazendo uma ligação.

Com base na minha experiência nesses últimos meses, abaixo listei alguns fatores importantes para ficarmos atentos ao desempenharmos atividades home office:

Foto: Charles Deluvio/Unsplash

O que não percebemos

Antes do incômodo e das câimbras iniciarem, eu não percebia como minhas mãos ficavam condicionadas na mesa que trabalho. Depois de consultas com profissionais especialistas de saúde, constatei os seguintes erros que ocasionaram isso:

– Parte interna dos braços encostada na borda da mesa: quando você está digitando ou vendo algo no computador, uma de suas mãos fica no mouse, certo? Para ela chegar até lá, a parte interna do seu braço precisará estar apoiada, normalmente estando pressionada nas bordas da mesa. A outra mão, que não é usado para o mouse, também estará apoiada na mesma posição sem que nós percebamos. A questão é que, com o tempo, essas pressões em nossas regiões de nervos causam inflamações, compressões e apertos em toda a nossa estrutura. Como forma de prevenção para não permitir que esses apertos continuem, o ideal é usarmos luvas na estrutura do punho. Dessa forma, independente da pressão que fizer, a estrutura do braço estará protegido das bordas. Se houver incômodo no uso das luvas, a mão pode ser repousada sobre as bordas, deixando a região dos nervos longe do alcance.

– O momento da digitação: se o seu computador for um notebook, note que ao digitar temos a probabilidade de encostar os dois braços na borda dele, normalmente ficando encostado na parte redonda das pontas, o que também pressiona a estrutura do braço e ocasiona os mesmos problemas. Para não permitir isso ocorrer é interessante mantermos os braços elevados no momento da digitação.

A prevenção, segundos especialistas

Em uma conversa com a fisioterapeuta que tem tratado o meu caso, a recomendação que me deu foi que eu, antes do início dos trabalhos, faça alongamento nas estruturas das mãos. Além disso, é interessante que, durante o dia, tenhamos momentos de pausas para que o funcionamento estrutural dos braços não fique com esforços repetitivos de maneira excessiva. O ideal é que haja um tempo continuado de trabalho de 1 hora e 10 minutos de descanso. Mais 1 hora e mais 10 minutos de descanso, e assim por diante.

Além das mãos e braços

Logo após o surgimento desse problema, comecei a analisar outros fatores que podiam gerar novos problemas: as costas, os quadris e pescoço. Esses três também são críticos, pois dependendo do tempo que passamos praticando o trabalho home office, a probabilidade é que fiquem comprometidos.

Para o pescoço, o ideal é que haja um batente embaixo do computador, para que a necessidade de ficar com o pescoço prostrado para baixo reduza.

Sobre as costas e quadris, se estiverem sempre encostadas em uma cadeira com ferro no meio, com o tempo começará a gerar dores contínuas.

Orientações com um/a especialista

Por não ser um especialista na área, claro que não poderia emitir laudos e recomendações técnicas sobre o assunto. Entretanto, discorrer sobre a minha experiência com uma doença ocupacional gerada pelo trabalho home office pode ser importante para que você, que está lendo esse artigo agora, reveja os hábitos do dia-a-dia, e assim, não permita chegar a uma fase que requer tratamento.

De forma direta e real, o ideal é que especialistas sejam procurados, para que assim tenhamos cuidados preventivos contra esses tipos de situações.

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular. 

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