Motivos que mais desclassificam profissionais em entrevistas

O processo de convencimento gera excelentes resultados quando é aplicado com base no jogo de palavras; entenda.

O momento da entrevista de emprego é crucial, talvez o mais importante de todos, até mesmo do que os testes aplicados de matemática, português, lógica e outros. Se um recrutador ou gestor gostar muito da entrevista que ocorreu, pode até contratar diretamente sem aplicações de testes. Há também empresas que aplicam os testes anteriormente, mas em proporção menor. Sem dúvidas que para o/a profissional alcançar esse patamar, é um grande desafio, entretanto, possível e alcançável.

O processo de convencimento gera excelentes resultados quando é aplicado com base no jogo de palavras. O segredo nada mais é do que falar a mesma coisa, com um formato diferente, de impacto e com expressões que gerem a boa impressão. Os pais, por exemplo, quando dão apenas um não para seus filhos, enfrentam oposição. Claro, ninguém gosta de ser contrariado. Esse é o princípio de qualquer comportamento humano, de qualquer cultura e lugar do mundo. Entretanto, quando o não é embasado em argumentos que mostrem o motivo de haver a proibição, há maior probabilidade da negativa ser aceita. Esse gatilho de diálogo funciona da mesma forma em uma entrevista, porém, com outro contexto.

Nesse artigo, vamos destacar os principais motivos de desclassificações em processos seletivos e também falar sobre alguns jogos de palavras interessantes para serem colocadas em prática com foco na aprovação em um processo seletivo. Vamos à prática?

Foto: Christina/Unsplash

Percepção de falta de vontade

Os profissionais que atuam com recrutamento de equipes são treinados para identificar fatores comportamentais que medem o nível de interesse, iniciativa e vontade de cada candidato/a que está concorrendo a uma vaga. Por isso, algumas perguntas podem ser feitas para fazer essa análise. Vamos a um exemplo prático para entendermos isso?

EXEMPLO 1:

Entrevistador/a: por que você acha que seria o/a profissional ideal para essa vaga?

Profissional candidato/a: porque eu tenho experiência e sei que posso contribuir.

EXEMPLO 2:

Entrevistador/a: por que você acha que seria o/a profissional ideal para essa vaga?

Profissional candidato/a: porque eu tenho experiência e o conhecimento que vocês buscam. Sobre a demanda de conhecimento X, já desempenhei atividades da forma Z, A e Y, e isso gerou muitos bons resultados para a empresa. Tenho certeza que com os meus conhecimentos, poderei contribuir muito com a demanda em aberto. Aí depende de você me dar a oportunidade para mostrar isso na prática ou não.

Qual soou melhor? A segunda, não é verdade? Além de uma resposta assim, se o/a profissional tiver números ou percentuais de resultados alcançados, melhor ainda. Se o exemplo 1 fosse praticado, dificilmente haveria aprovação, pois ao final da afirmação ficariam várias lacunas, deixando o/a avaliador com algumas perguntas a si próprio como ….. “sim, mas e aí? O que mais?”. Essas lacunas são os fatores que mais geram desclassificações no momento da entrevista.

Foto: Christina/Unsplash

Respostas únicas

Outro fator fundamental para observamos são respostas como “Sim”, “Não”, “Eu acho”. Elas, normalmente, geram vazios no diálogo entre pessoas. Podemos manter essas respostas, porém, criando um “puxadinho” para podermos dar continuidade. É como um fio. Se ele for cortado, a costura termina. Se ele for continuado, a costura, no caso a conversa, se expande. Essa expansão gera uma continuidade interessante para gerar interesse do/a avaliador/a que está conversando com o/a profissional. Vamos a dois exemplos?

EXEMPLO 1:

Entrevistador/a: você conseguiria se atualizar nesse sistema que faz tempo que você não usa?

Profissional candidato/a: sim, consigo.

EXEMPLO 2:

Entrevistador/a: você conseguiria se atualizar nesse sistema que faz tempo que você não usa?

Profissional candidato/a: sim, sem dúvida. Eu já tenho a base principal, agora é só atualizar, ver alguns pontos novos que podem ter surgido e depois colocar em prática. É muito tranquilo pra mim.

Qual soou melhor? A segunda resposta também, não é? Se a colocação do/a candidato/a fosse apenas o “sim, consigo”, a pergunta invisível que ficaria para o/a recrutador/a seria…. “mas como? Me conta”. Com o exemplo 2, a resposta foi sim juntamente com a demonstração que seria algo simples de fazer. Isso geraria mais segurança em quem ouvisse. 

Foto: Sales Navigator/Unsplash

Respostas inversas

A linha de corte de avaliação de qualquer recrutador ou gestor é entender como aquela vaga vai ser ocupada pelo/a profissional, se há planos futuros ou se é algo apenas por um tempo. Essa análise é feita através de algumas perguntas em forma de “pegadinhas”, para assim medir a situação real e o objetivo do/a candidato/a em questão. Vamos a alguns exemplos:

EXEMPLO 1:

Entrevistador/a: eu tenho tentado fazer alguns concursos públicos para ter a estabilidade. Você faz também?

Profissional candidato/a: sim, tenho tentado também.

Entendimento: a interpretação gerada é que esse/a profissional não tem objetivo de vida de atuar na iniciativa privada e que na primeira oportunidade de concurso, vai deixar a empresa. Assim, quem está avaliando vai entender que é alguém que não pode ser treinado em médio e longo prazo para assumir funções de médio e alto porte.

EXEMPLO 2:

Entrevistador/a: se eu te disser que tenho uma pessoa que está com a mesma vaga, mas com um salário de 15% a mais do que o nosso aqui, você toparia falar com ele?

Profissional candidato/a: sim, topo na hora.

Entendimento: normalmente essa pergunta é feita quando o/a profissional diz que o sonho é trabalhar na empresa. Para medir até que ponto esse sonho existe de fato, perguntas como essa são feitas. Se a resposta for como essa que descrevi acima, a interpretação será…. “não há sonho de verdade de trabalhar aqui. Na primeira oportunidade de um salário um pouco maior, toparia”.

As entrevistas, assim como qualquer diálogo humano, é bem complexo e envolve muitos detalhes, pontos, gatilhos e estímulos para o convencimento. Por isso, precisamos ter muita cautela e estratégias para alcançarmos o que queremos.

Vamos para a prática?

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular. 

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