Fazer concurso, trabalhar CLT ou abrir o próprio negócio?

Em busca da estabilidade financeira, existe um leque de caminhos e opções que podem ser exploradas visando conquistar esse objetivo.

Decidir um caminho profissional é um assunto bem complexo que envolve muitos detalhes e análises mais específicas de cenários. Estima-se que mais da metade de nossas vidas se envolve em trabalho ou estudo. Isso nos leva a entender a seriedade que é fazer escolhas para os nossos caminhos de carreira.

A busca pela independência e estabilidade financeira ainda é o maior desafio de muitos brasileiros e brasileiras, que buscam continuamente alternativas que possam levá-los a isso. Alguns buscam a segurança de um concurso público, outros do registro em carteira de trabalho, outros de forma independente. Mas qual o melhor caminho a seguir diante desses três fatores?

Neste artigo, vamos responder perguntas sobre esse assunto, esclarecendo pontos importantes que podem nos levar a uma decisão final.

Foto: Freepik

 Com esse momento de Covid e com os órgãos públicos contendo custos, ainda é interessante pensar em concursos?”

Sim, ainda é interessante. Com o período de Covid-19, muitos anúncios de governantes destacavam a redução de receita devido muitos negócios estarem fechados, o que causou diretamente a diminuição de pagamentos de impostos. Com isso, muitos contratos de fornecimentos foram cancelados, partindo para um contexto de redução de custos nos caixas. Entretanto, isso não define o congelamento geral de concursos públicos por um motivo específico: muito deles são ordenados pela próprio Justiça, considerando a falta de efetivo em órgãos públicos, o que dificulta o funcionamento do Estado. E o que isso significa?

A tendência para os próximos anos é que concursos que seriam realizados para cadastro reserva sejam congelados e apenas os obrigatórios por decisões judiciais sejam efetivados. Essas decisões são sentenciadas pelo motivo de muitos órgãos estarem com o quadro funcional muito abaixo do que é necessário por Lei. Na prática, eles não vão deixar de existir, apenas haverá a redução de ofertas.

A empresa me propôs uma contratação via CNPJ, com um salário um pouco maior do que seria sendo CLT. Será que compensa?”

Depende. Quando uma contratação é feita de forma independente, fora da CLT, temos alguns fatores que precisamos considerar: não teremos 13º salário, nem seguro de vida, nem assistência e odontológica, FGTS, nem outros direitos e benefícios. Porém, isso não significa que não poderemos continuar com todos eles, havendo a contribuição própria.

Para tomar essa decisão, é necessária que façamos alguns cálculos para saber se o valor ofertado via CNPJ poderá compensar esses direitos e benefícios. Vamos para um exemplo para entendermos melhor?

Exemplo: Maria ganha R$ 3.000,00 (três mil reais) como contratada CLT, incluindo assistência médica e odontológica, e seguro de vida. Uma outra empresa lhe fez uma proposta de contratação via CNPJ com o salário de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais). Aparentemente a proposta é melhor, entretanto, com R$ 500,00 (quinhentos reais) a mais não conseguiremos arcar com os valores de assistência médica e odontológica, nem seguro de vida. Além disso, também precisamos considerar que não conseguiremos fazer os depósitos como se fosse um FGTS. Dessa forma, não é viável aceitar a proposta. Se a opção for sair de uma empresa para a outra, ficaremos com um grande prejuízo financeiro.

Foto: Freepik

Quero ter o meu próprio negócio para ser o meu próprio patrão. Estou no caminho certo?”

Pensar que tendo o negócio próprio nos dará a realidade de sermos o nosso patrão não é a melhor forma inicial de idealizar um empreendimento. Como funcionário de uma empresa, nós teremos apenas um(a) chefe(a) direto(a). Ou dois, no máximo. Com um negócio próprio, teremos vários. Cada cliente é um chefe, aumenta a complexidade da atuação profissional. Requer mais paciência, tolerância e sabedoria para lidarmos com todos eles, cada um com o comportamento e gostos diferentes.

Além disso, dificilmente conseguiremos ter o hábito de cumprir o horário comercial de trabalho como, por exemplo, das 08h às 17h. Muitas vezes, trabalharemos até tarde da noite ou até mesmo de madrugada, dependendo da demanda do(a) cliente.

Outro ponto fundamental para pensarmos é que com o negócio próprio nós seremos os pagadores diretos de impostos em compra de produtos para revendas, na industrialização de algum produto ou em serviços prestados. Isso tudo será somado às questões de obrigações trabalhistas a cada funcionário(a) contratado(a).


Sou professora universitária e sempre recebo convites para dar aulas de pós-graduação. Compensa eu conversar com a instituição para ela assinar a minha CLT?”

No caso de convites pontuais, não. Se a opção for para conversar com a instituição para o registro via CLT, os custos para a contratação serão muitos altos, o que provavelmente a empresa fará desistir dos convites. Como a atuação é pontual, é mais viável financeiramente para a empresa contratar como prestador(a) de serviço. Não há ilegalidade trabalhista nisso.

O registro via CLT para a docência é recomendável quando a atuação for contínua, dando aulas todos os dias ou alguns dias por semana, por exemplo.

E então? Vamos colocar em prática?

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Comentarista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.

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