Nesse artigo, vamos falar sobre os tipos de trabalhos, tributações, como começar e como manter o negócio.
Com o tempo de recessão, muitos profissionais foram desligados de suas empresas e começaram a buscar alternativas de ganhos financeiros. Com o baixo índice de vagas ainda sendo ofertadas no mercado, principalmente devido a crise que a Covid causou, os trabalhos autônomos ou liberais são as grandes tendências do novo formato de renda que estamos vivenciado nesse momento.
A questão é que empreender, de qualquer forma, requer que tenhamos muita paciência, tolerância e equilíbrio para atender clientes, que muitas vezes, podem ser difíceis de lidar. Em um trabalho CLT, normalmente temos um chefe. No trabalho autônomo ou liberal, a tendência é que tenhamos vários. Ou seja, os clientes. Já pensou 05, 10, 15 chefes lhe cobrando a tempo todo? Uau, realmente é algo a se pensar, não?
Para mergulharmos nesse mundo, que para muitos é desconhecido, temos que saber de alguns fatores cruciais que darão embasamento para a decisão final de seguir com a ideia ou não.
Nesse artigo, vamos falar sobre os tipos de trabalhos, tributações, como começar e como manter o negócio.
Qual a diferença de autônomo para liberal?
Muitos profissionais se confundem quando vão definir suas atividades como liberais ou autônomos. Entretanto, não há diferença efetiva entre um e outro, a não ser o conceito teórico de que profissional autônomo é alguém que não tem ensino superior e o liberal como alguém que tem o superior completo. Em termos legais e técnicos, essa é a única diferença.
Outro detalhe que podemos observar é que, dependendo do tipo de trabalho a ser executado, há tributações diferentes, umas mais, outras menos.
Impostos
Quando trabalhamos via CLT, há o desconto convencional de tributos que pagamos ao Governo, mais os impostos trabalhistas pagos pela empresa contratante. Dependendo do valor do salário, há descontos altos para poder alimentar os caixas dos Governos.
No contexto de trabalhos autônomos ou liberais, os impostos podem ser o dobro ou até mesmo o triplo, se comparado ao que pagamos como funcionários de alguém. É muito sufocante e, para sobrevivermos, devemos ter um planejamento financeiro muito apurado para que o negócio não quebre e tenhamos o mínimo de lucro.
Considerando esses pontos que falamos, um dos primeiros passos é sabermos qual a taxação que o nosso tipo de atividade tem. Assim, poderemos criar uma projeção de quanto precisaremos faturar para podermos continuar com a atuação independente.
Muitos chefes. Ops, clientes
Como profissional independente, sem CLT, é fato que podemos faturar muito mais do que ganharíamos sendo funcionários. Entretanto, dificilmente teremos apenas um/a chefe/a, mas sim vários. Se atendermos 05 clientes, teremos 05 chefes. Se tínhamos um grande estresse com algum chefe em alguma empresa que trabalhávamos como CLT, podemos imaginar esse estresse multiplicado por cinco. Pode ser que seja assim. Ou não.
Esse ponto é crucial para decidirmos se vamos migrar mesmo ou não para o trabalho independente. Se não conseguirmos ter paciência para 05 pessoas nos cobrando, ao mesmo tempo, nem devemos começar. Claro que a quantidade de cinco é fictícia, mas pode ser muito mais.
Como começar
Muitos profissionais em potencial para trabalhos independentes idealizam grandes clientes que pagarão muito bem por um contrato de serviço. Entretanto, qualquer começo é saudável quando é feito devagar, de forma pausada e continuada. Não se trata da questão de não conseguir atender um grande cliente, mas sim de atender trabalhos menores e ir amadurecendo, criando procedimentos, métodos e padrões de atuação.
Os primeiros clientes são importantes, pois nos darão uma ideia de como será o negócio, caso ele cresça. Com o tempo, conforme houver crescimento, os ajustes são pontuais, com a organização de processos e aprimoramento de controle do negócio.
Planejamento financeiro
Boa parte dos profissionais que migram para o trabalho autônomo ou liberal não consegue dar continuidade à atuação pela falta do planejamento orçamentário. Muitos dos casos quando se começa a ganhar mais dinheiro do que era acostumada, a pessoa começa a gastar mais e esquece de manter caixa para eventuais ocorridos.
Vamos a um exemplo para entendermos isso na prática?
José, como CLT, ganhava um salário de 1,700,00 – mil e setecentos reais mensais. Na sua saída da empresa, começou a fazer serviços autônomos em várias empresas e residências. Com isso, começou a faturar 4,000,00 – quatro mil reais mensais.
Assim que começou a ganhar mais dinheiro, começou a gastar mais, comprando carro novo e fazendo reformas em casa. Com o tempo, os serviços começaram a baixar e se viu com um grande montante de parcelas para pagar e o seus recursos começaram a não ser mais suficientes para isso. Para tentar criar algo inovador para a atuação, começou a pensar em adquirir algum equipamento ou tecnologia para migrar para outros tipos de serviços. Entretanto, não tinha reservas financeiras para isso.
Os meses se passaram e os serviços diminuíram mais ainda. Estando em uma situação insustentável, José parou de fazer os serviços e começou fazer empréstimos. Não conseguiu pagar e teve que fechar o negócio. Ou seja, a sua atuação autônoma.
O ponto mais importante no planejamento financeiro para uma atuação independente é sempre reservar um valor do que foi faturado para eventuais ocorridos. Exemplo: uma nova tecnologia que surgiu no mercado e que pode diferenciar de outros concorrentes. Ou uma reserva financeira para conseguir suportar algum período de crise que pode surgir. Ou uma reserva para compras de materiais e insumos para os serviços realizados. E assim por diante.
E então? Vamos para a prática?
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.