Para fazermos isso, precisamos avaliar alguns pontos sobre o nosso perfil, conhecimentos e experiências.
A busca por recolocação em áreas mais populares – com muitos profissionais ofertados no momento
Considerando o cenário de uma área com muitos profissionais disponíveis no mercado, a recomendação técnica é que baixemos a pretensão salarial em torno de 20 a 30% relacionado ao último salário que tivemos. Vamos aos exemplos de algumas dessas áreas?
– Administrativa: funções como Assistente Administrativo, por exemplo, possuem muitos profissionais formados e que já atuaram na função. Isso significa que as empresas terão muitas opções de profissionais para escolherem. Nessa condição, existe a Lei de Oferta X Demanda, havendo a tendência da empresa escolher os profissionais com menores pretensões salariais. Se estimarmos uma média salarial Antes X Depois – da crise, um Assistente que ganhava 1.700, hoje está sendo oferecido em torno de 1.200 ou um pouco mais.
– Produção: funções como Operador de Produção foram as que tiveram maiores níveis de baixas com uma alta quantidade de demissões. Isso também gera o mesmo cenário que a área Administrativa. Se estimarmos uma média salarial Antes X Depois – da crise, um Operador que ganhava 1.800, hoje está sendo oferecido em torno de 1.300.
– Vendas: funções como Vendedores tiveram muitas baixas com o período da quarentena, desde o interno até o PAP – porta a porta, popularmente conhecido como vendedor externo. Com essa baixa, também entrarmos em mais uma linha para a redução de pretensão salarial. Se estimarmos uma média salarial de Antes X Depois – da crise, um Vendedor que antes ganhava auxílio de custo + salário fixo, hoje está sendo oferecido apenas o salário fixo + comissão.
– Professores Universitários: a docência universitária é mais uma das áreas que está sofrendo com baixas salariais, tanto para professores especialistas, com mestrados ou doutorados. A média atual de hora-aula para o ensino de graduação é de 30 reais, muito diferente do período anterior à pandemia, que era de 40 a 48, havendo até maiores valores, dependendo da formação do/a professor/a.
Temos algum conhecimento ou experiência específica que poucos têm?
Nesse item podemos criar um novo cenário, diferente das vagas mais populares. Considerando algum conhecimento ou formação específica, podemos barganhar o valor salarial e, em alguns casos, até propor a pretensão maior do que é oferecida pela empresa.
Dentro de cada área sempre há algum conhecimento específico que poucos profissionais possuem, seja o segundo idioma, ou alguma técnica rara, ou algum curso, ou alguma experiência, enfim. Esse diferencial faz com que a empresa fique “dependente” de um/a profissional que possui determinada habilidade, criando a possibilidade desse mesmo profissional impor o seu preço e condições.
As funções na área de Tecnologia que estão fora do contexto de baixas salariais
Poucas funções conseguiram manter salários altos, mesmo diante da crise ou do achatamento salarial que o momento tem provocado. Por ser um segmento de mercado com poucos profissionais capacitados para algumas atividades específicas, muitos deles criam condições salariais para poderem ficar nas empresas. Algumas dessas funções são:
– Desenvolvedor/a: é o/a profissional especialista na elaboração e condução de projetos para soluções tecnológicas em geral. Ele monitora o cronograma de execução, processos e padrões de qualidade técnica e operacional.
– Programador/a: é o/a profissional que cria todas as etapas para o fluxo de informações do software ou aplicativo. Todo o passo a passo é programado por quem ocupa essa função.
– Ciência de Dados: é o/a profissional que faz a gestão de todas as informações em um sistema inteligente de tecnologia, criando estratégias comerciais e de processos organizacionais. Normalmente são profissionais que conhecem também de Marketing e Inteligência de Mercado.
– E-Commerce: é o/a profissional especialista em vendas e formas de pagamentos digitais. Além do conhecimento tecnológico, também sabe criar peças para divulgações de produtos ou serviços.
Essas áreas possuem características diferentes de outras. Algumas empresas estão contratando profissionais com esses conhecimentos para atuarem de forma remota. Ou seja, não necessariamente precisam estar no Estado que a empresa opera.
Como se livrar dos baixos salários
A migração de profissionais de uma área para a outra tem sido um fator importante nesse momento de baixas salariais. Muitos profissionais que atuavam na Indústria, por exemplo, estão buscando capacitações na área de tecnologia, como uma forma de continuar no setor, porém, com outro tipo de atividade, sem que a sua média de salário baixa como em outras funções mais convencionais.
O operador de produção agora começa a buscar conhecimentos na área de automação e soluções industriais. O caixa agora começa a buscar conhecimentos e desenvolvimento de sistemas tecnológicos de pagamentos sem a necessidade de mão-de-obra humana. O contador agora começa a buscar conhecimentos em gestão de sistemas tecnológicos. E assim por diante.
Essas mudanças podem ser um pouco dolorosas pelo fato de levarem um tempo, entretanto, é a realidade dos novos tempos.
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.