Como os defeitos podem contribuir de forma positiva para a carreira

Nesse artigo vou falar sobre os principais pontos negativos que podemos transformar em positivos com argumentações e estratégias de convencimento em quem estiver nos selecionando ou entrevistando.

Você já participou de alguma entrevista que lhe perguntaram três pontos positivos e três negativos sobre o seu perfil? É bem clichê que isso ocorra em processos seletivos. Na resposta, normalmente a maior facilidade que temos é de listar as qualidades. Quando nos deparamos no cenário de ter que listar os defeitos, o sensor de perigo é ativado e logo imaginamos que eles podem nos desclassificar, não é verdade? E se eu lhe disser que fazer essa exposição pode ser um fator muito positivo e que pode nos levar à contratação, você acredita?

Reprodução: Internet

Quando um(a) profissional está na posição de recrutador(a) ou gestor(a), a programação mental de interpretação é um pouco diferente se comparada à nossa, que estamos de fora, com outro formato e padrão de entendimento. Normalmente, quem expõe os seus defeitos na entrevista gera a leitura de que é uma pessoa que se conhece. Isso significa que, se conhecendo, a pessoa consegue agir para não permitir que os defeitos influenciem de forma negativa no dia-a-dia do trabalho. Quem normalmente não consegue fazer essa exposição pode gerar pensamentos como “Se não sabe os próprios defeitos, é sinal que algum deles podem lhe atrapalhar no trabalho sem que ele(a) mesmo perceba”. A tendência é que essa pessoa fique em desvantagem em relação à outra.

Nesse artigo vou falar sobre os principais pontos negativos que podemos transformar em positivos com argumentações e estratégias de convencimento em quem estiver nos selecionando ou entrevistando.

ANSIEDADE PODE GERAR CONTRATAÇÃO

Sim, é exatamente isso que leu. Você, que é ansioso(a), pode estar na frente de muitos profissionais em processos seletivos. Para entendermos isso e levarmos esse conceito para a prática temos que compreender o que é ansiedade na sua essência, que corresponde a um sentimento que nos faz querer tudo para ontem, falta de paciência e um sufoco surreal para que tudo aconteça logo. Sabe como podemos usar isso a nosso favor? Vamos a uma simulação que nos mostra isso?

– Entrevistador K: me cite um defeito seu.

– Candidato L: eu tenho um defeito muito complicado, sou ansioso. Sei que isso pode me desclassificar no processo aqui, mas consigo transformar isso em algo positivo para mim no dia-a-dia de trabalho. Quem é muito ansioso, normalmente quer tudo resolvido para ontem. Então, eu canalizo esse defeito dessa forma, não deixando para resolver amanhã, não fazendo retrabalhos e resolvendo tudo na hora, como tem que ser feito.

Percebeu como invertemos o defeito do Candidato L? Uma resposta dessa gera um grande impacto para quem ouve. Primeiro, por ser diferente da maioria das respostas. Segundo, por mostrar um lado que pode ser extremamente positivo para a função que a pessoa vai exercer.

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 INTROVERSÃO/TIMIDEZ COMO FATOR DECISIVO PARA A CONTRATAÇÃO

Até mesmo quem é tímido(a) pode transformar o comportamento em uma visão positiva e que pode ser decisiva para o SIM final. Entretanto, nesse quesito específico há algumas áreas que não veem isso com bons olhos, e outras sim, como setores de Auditoria, Financeiro, Consultorias, Inspeções e similares.

Para quem recruta e contrata profissionais para esses setores, a timidez é decisiva na contratação por um motivo ímpar: normalmente quem é tímido/introvertido não é muito de fazer amigos, estar em rodas de colegas ou de conversar. Para quem vai atuar com auditoria, por exemplo, isso é excelente. A interpretação que o contratante tem é que será uma pessoa que não poupará alguém por coleguismo ou corporativismo, afinal não terá muitos amigos na empresa justamente por ter esse comportamento. Sendo assim, a tendência é que essa pessoa tenha um perfil maior de imparcialidade.

Mesmo assim, devemos observar que nem todos os recrutadores(as) podem ter essa visão na sua interpretação, o que demanda que nós mesmos façamos a exposição da questão. 

IMPACIÊNCIA COM TRABALHOS FEITOS DE FORMA ERRADA

Muitos profissionais possuem esse fator comportamental, o de não tolerar erros. Em alguns dos casos, esse ponto é visto como positivo por recrutadores(as) e gestores(as). Isso ocorre pelo fato de que quem tem esse tipo de perfil normalmente tende a querer fazer tudo da forma correta, completa e com eficiência. 

Considerando que esse é um fator que não dá para sabermos exatamente quem vê como positivo e quem vê como negativo, nós temos o desafio de fazer a exposição falada sobre como isso pode ser bom para a empresa. Vamos a outra simulação?

Entrevistadora P: me cite um defeito seu.

Candidata Q: eu não tenho muita paciência com trabalhos mal feitos. Sei que posso até ser um pouco grossa quando isso acontece, mas tento canalizar esse meu defeito para que as atividades sejam feitas de forma eficiente e correta, sem que haja a necessidade futura de retrabalhos. Vejo que dessa forma consigo manter tudo de forma enxuta e com o resultado esperado.

PERFECCIONISMO TAMBÉM APROVA

Exatamente assim, entretanto, temos que analisar a vaga em questão. Quem é perfeccionista normalmente tende a ser metódico, tradicional e cheio de manias com etapas e processos. Se o processo seletivo for para a área de vendas, por exemplo, que requer uma dinâmica maior, o comportamento pode ser decisivo para a desclassificação. Para vagas como Engenharia, Produção e similares, é um fator muito positivo, pois requer processos enxutos, sem erros mínimos, seguindo um padrão estabelecido para o cumprimento do dever.

E então? Vamos para a prática?


Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Comentarista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular. 

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