Nesse artigo vou falar sobre o que o mercado quer no atual contexto que vivemos, com todas as características de setores e empresas.
O momento pós-pandemia nos trouxe muitas surpresas no mercado de trabalho. Algumas boas, outras nem tanto. Para o dia-a-dia das empresas, as mudanças foram muito significativas, trazendo novas demandas de recrutamento/seleção de profissionais e uma nova configuração no formato de contratações, o que podemos destacar como o home office e pejotização sendo os principais pontos.
Diferentes de algumas décadas atrás, o momento que vivemos cria condições para mudanças mercadológicas em todos os segmentos, incluindo a iniciativa pública, que também demandas de contratações sem a necessidade de concursos. A cada semestre, presenciamos novas tendências e demandas de contratações.
Nesse artigo vou falar sobre o que o mercado quer no atual contexto que vivemos, com todas as características de setores e empresas.
Capacidade de gerir qualquer tipo de pessoa
Esse é um fator profissional muito crítico. O que o mercado nos mostra, no dia-a-dia, é que temos muitos bons profissionais técnicos, mas com perfis sem muita sensibilidade humana, observação e senso de julgamento imparcial. Com isso, a tendência é que o(a) profissional não tenha a habilidade de lidar com pessoas diversas, assim, tendo mais facilidade com pessoas que gosta afetivamente ou se afeiçoa. Isso afeta diretamente o seu de equilíbrio e imparcialidade que um cargo de gestão requer.
Com o aumento contínuo da complexidade do comportamento humano, saber gerir pessoas com quaisquer tipos de comportamento e natureza é um item que não pode faltar no perfil de um(a) profissional. Por isso, em muitos processos seletivos, na etapa de aplicação de testes psicológicos, esse é um ponto logo procurado. Quando não há a identificação dele, a tendência é de desclassificação e a não continuidade para as próximas etapas. Por mais que seja um(a) excelente profissional, a necessidade de trato com pessoas é fator mandatório.
Conhecimentos de exatas e humanas e os perfis improváveis
Perfis profissionais com o cruzamento improvável de conhecimentos também é muito buscado pelo mercado. Improvável porque quando alguém, por exemplo, gosta de Engenharia Mecânica, dificilmente gosta de Vendas, por ser um conhecimento completamente diferente da parte técnica de cálculos, estruturas, montagens estruturais, peças, componentes e similares. Por isso, muitas vagas são preenchidas por profissionais que possuem um ou outro conhecimento, deixando um vácuo de atividade quando há a demanda do conhecimento duplo. A cada 10 vagas anunciadas com esse tipo de demanda, apenas 02 são preenchidas.
Outro perfil improvável é a demanda de profissionais da área de Saúde que possuam conhecimento em Gestão Administrativa para vagas de gestão hospitalar. É difícil um(a) médico(a), enfermeiro(a) ou outro profissional do setor se interessar por administração e finanças, não é verdade? Mas isso é normal. Assim como um(a) administrador(a) dificilmente se interessaria em atividades de um(a) médico(a). Entretanto, há demanda de mercado para isso, principalmente quando são vagas de coordenação, gerência e direção de hospitais, clínicas e laboratórios. Assim como o exemplo citado acima, a pessoa em questão sabe muito de um ou de outro, havendo raridade do conhecimento das duas áreas. A cada 10 vagas anunciadas com esse tipo de demanda, apenas 01 é preenchida.
Conhecimentos duplos no mesmo segmento de atuação
Ainda a área de Engenharia, há muitas outras com a mesma escassez de profissionais. No ramo de petróleo e gás, a área de manutenção de tanques de combustíveis é outro exemplo, que normalmente anda de certa forma distante de quem conhece de projeto da construção dos mesmos tanques. O que presenciamos, na maioria das vezes, é que o profissional sabe de uma área ou outra. Os que possuem os dois conhecimentos são raros e disputados pelas empresas.
Outro profissional disputado pelas empresas é quem conhece de Vendas e Marketing, ao mesmo tempo. Isso também porque normalmente a pessoa conhece muito de um ou de outro. Quem tem a atuação com a inteligência de mercado e a venda em si do dia-a-dia tende a ficar na frente em relação a outros concorrentes em processos seletivos.
Mais uma área que tem demandado profissionais com conhecimentos duplos na mesma linha de atuação é a de RH/DP. Isso ocorre porque quando se trabalha com o RH em si, normalmente a atuação é focada em recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, cargos e salários, e outros. E o DP normalmente é com cálculos trabalhistas, folhas de pagamentos, obrigações acessórias e afins. Quem tiver os dois conhecimentos, ao mesmo tempo, também ficará a frente em processos seletivos.
Inteligência emocional ampliada
O equilíbrio emocional diante de situações adversas do dia-a-dia, popularmente conhecida como inteligência emocional, é um item precioso que muitas empresas buscam em processos seletivos. Isso ocorre pelo fato de que muitas profissionais são demitidos por desentendimentos gerados no dia-a-dia de trabalho. Normalmente, desentendimentos que poderiam ser resolvidos através do diálogo. Em muitos casos, que vão às vias de fato, há demissões por justa causa.
Estima-se que a cada 10 demissões, 08 são geradas por comportamento e desentendimentos que seriam facilmente resolvido com o uso da inteligência emocional. Esse número vem aumentando ao longo dos anos. Na década de 2000, levantamentos realizados por empresas de consultoria mostravam que o percentual era de 62%. Em 2008, aumentou para 71%. Hoje chegamos a 82%.
Considerando esse contexto, é fundamental termos o aprimoramento não somente para nós, que todos temos defeitos, mas também para sabermos lidar com as outras pessoas no dia-a-dia.
Sobre o autor
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Comentarista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.
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