A redução de casos de Covid significa crescimento para a região norte?

Com essa expectativa, o mercado começa a estudar formas de voltar as suas operações, que estavam travadas por conta dos decretos e baixa circulação de clientes.

Nas últimas semanas temos presenciado a redução de casos de Covid em grande parte da região norte do país, e isso é ótimo. Chegamos a um patamar que alguns Estados estão recebendo pessoas de outras regiões para poderem ajudá-las em seus tratamentos. Com essa expectativa, o mercado começa a se atiçar e estudar formas de voltar as suas operações, que até então estavam travadas pelos decretos e baixa circulação de clientes.

Considerando esse cenário atual, a pergunta que fica no ar é… “Então significa que vamos crescer muito com a volta das empresas e na geração de novos empregos?”. Sobre isso, a resposta é não, ainda. Evidentemente, haverá um certo aumento de ofertas de vagas, entretanto, não de forma aquecida. Mesmo que seja dessa forma, já é um excelente sinal. Esse formato tímido de crescimento se dá pelo fator da incerteza do futuro. O ponto crucial disso tudo é que, com a indisciplina de boa parte da população em continuar realizando aglomerações, festas e atividades como se nada estivesse acontecendo, não sabemos se teremos uma nova onda de infecções na região. Com essa incerteza, muitas empresas continuam esperando para ver o que vai acontecer.

O intuito desse artigo não é promover o Apocalipse, mas sim criar um alerta sobre a situação real, para que possamos continuar lutando com as estratégias preventivas contra esse vírus, que assolou e ainda assola toda a humanidade. 

Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

SETORES COM ESTABILIDADE, MESMO SE CASOS AUMENTAREM

Diante de uma crise, seja ela econômica ou pandêmica, sempre há alguns setores que se mantém estáveis ou com crescimento intenso. Entre eles, podemos destacar alguns deles que podem se tornar alternativas para a busca por recolocação:

– Supermercados e bens de consumo: esse é um segmento que dificilmente terá baixa na proporção que teve muitas indústrias, restaurantes e similares. Isso ocorre porque é uma necessidade básica social. Alimentos, produtos de higiene e outros afins são itens que dificilmente deixarão de ser comprados. Em maior ou menor proporção, é um fator básico para os seres humanos.

– Indústria farmacêutica: com o período de quarentena e as notícias de tantas mortes, surgiram alguns fatores que até então não eram vistos na sociedade de uma forma geral. O primeiro é o aumento de casos de depressão, principalmente de idosos, gerada pelo isolamento e privação de estar com familiares. Isso aumentará o nível de produção para remédios de controle. O segundo é a tendência das pessoas pensarem mais em imunidade, o que cria uma grande demanda para a compra de suplementos, medicamentos e outros produtos. Esses dois fatores já estão gerando mais demanda para esse setor. Logo, a tendência de hoje para frente é que haja estabilidade e até mesmo expansão.

– Serviços em geral: a demanda por serviços, principalmente os menores, tende a crescer. As contratações informais, seja por empresas ou pessoas, teve um aumento significativo nesse período de distanciamento social e decretos. O que antes era firmado via contrato ou por contratação direta CLT, agora é contratado de forma pontual, como prestação de serviços. Alguns poucos segmentos de serviços tiveram queda, como a área de eventos, por exemplo, que depende diretamente da circulação de pessoas. Em uma visão geral, qualquer outro tipo de profissão pode ter algum tipo de serviço contratado.

– Vendas online: quanto mais o caos se instala, proporcionalmente a presença física de clientes em lojas tende a diminuir, o que vai converter muitas compras para o mercado e-commerce. Mesmo que ainda haja o risco de infecção, pois alguém vai entregar o produto em casa e essa pessoa pode estar infectada, a tendência é menor do que se a pessoa estiver em um local com muitas outras ao seu redor. Logo, esse é um setor que tende a manter estabilidade.

TENDÊNCIA DE MAIS QUEDAS, SE CASOS AUMENTAREM

Com todos esses meses em declínio, o cenário de empregos tende a piorar muito, caso tenhamos uma nova onda. A área do Comércio, que é a mais afetada desde o início da pandemia, terá mais baixas com empresas fechando e mais desemprego na região. A área da Indústria tende a sofrer com mais intensidade do que no período das duas primeiras ondas. Com a dificuldade de estímulo ao consumo devido a baixa de circulação social de clientes, esse setor não terá novas demandas e tende a ter empresas fechadas também.

A área de Educação também tende a reduzir em empregos, principalmente a universitária e cursos técnicos. Com a diminuição de atividades presenciais, o EAD – Ensino a Distância terá crescimento, entretanto, com valores menores de mensalidade, o que vai reduzir o nível de faturamento da empresa e impossibilitar de manter os profissionais que ainda estão contratados.

O Terceiro Setor também será mais um segmento que tende a ter mais queda. Com o aumento da redução de vendas das empresas, o Governo fatura menos impostos, o que vai reduzir a capacidade da máquina pública em financiar atividades de ONGs, institutos, fundações e associações com atividades sociais. É certo que muitas delas são patrocinadas por empresas privadas, entretanto, com a baixa que temos vivido, a tendência é que o orçamento privado fique mais enxuto, impossibilitando a disponibilidade de recursos. 

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O QUE PRECISAMOS FAZER

De forma direta ou indireta, nós podemos ser afetados, caso tenhamos uma nova onda de infecções na região. Mesmo que não sejamos infectados, podemos perder o nosso emprego, o nosso negócio e as oportunidades que poderiam surgir fora desse cenário caótico. Esses são os efeitos indiretos que esse vírus tem causado na sociedade e economia.

Se não tivermos a consciência de que, inclusive, podemos ser responsáveis por mortes de pessoas que amamos, continuaremos vivendo nesse cenário de caos. Não haverá eficiência se nossos pais ou avós ficarem reclusos em casa, se nós estivermos indo para festas clandestinas. Nós pegaremos e passaremos para eles. Seremos responsáveis diretos por isso. Além disso, também seremos responsáveis por mais desempregos que podem ocorrer num futuro próximo. Então, precisamos ter muita responsabilidade, não só por nós, mas também de conscientizar as pessoas ao nosso redor que ainda não entenderam que o que estamos vivendo é algo muito sério.

Flávio Guimarães 

É diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Comentarista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular. 

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